Mais do que investir em novos veículos e capacitação de motoristas, é preciso saber tirar o máximo de proveito das frotas conectadas

   Por Mauro Cassane  

Fotos, Divulgação

A Internet das Coisas, conhecida pela sigla (IoT, do inglês “Internet of Things”), deixou de ser fantasia futurista para se tornar realidade nesta década de 20, especialmente agora, com o mundo respirando um pouco mais aliviado diante da diminuição de intensidade de propagação da maior e mais terrível pandemia deste Século 21, a Covid-19.

No setor de transporte rodoviário de carga, os avanços neste seara são significativos em todo o planeta. Montadoras como Volvo, Iveco, Scania e Mercedes-Benz bem como sistemistas globais de porte como ZF e Bosch trabalham, há mais de dez anos, no desenvolvimento de sistemas cada vez mais avançados e inteligentes de telemetria.

O marco mais impressionante deste movimento frenético de monitorar à distância, em tempo real, e de qualquer parte do mundo, cada movimento de cada caminhão, aconteceu em março de 2016, em uma estrada de Düsseldorf, na Alemanha.

Neste dia a Daimler Trucks reuniu jornalistas, autoridades e clientes para demonstrar três caminhões autônomos integralmente conectados circulando em comboio. Rodaram algumas dezenas de quilômetros. Teve autorização especial para isso. A ideia: provar as inúmeras possibilidades, para um futuro muito breve, de utilização de caminhões conectados por Wifi, inclusive sem motoristas.

No mesmo ano, na maior feira do planeta para caminhões e ônibus, o IAA, que acontece em Hannover, essa tecnologia causou furor. Todas as montadoras e sistemistas apresentaram, orgulhosamente, suas soluções de conectividade. O transporte de carga, definitivamente, entrou em nova fase, na era da Internet das Coisas. De lá para cá, milhões de caminhões, de todas as marcas, estão circulando pelo mundo com algum tipo de conectividade.

Além dos benefícios mais evidentes, como saber onde está cada veículo e, sobretudo, pormenorizadamente, como é conduzido, especialistas apostam na IoT como a solução mais eficiente para se evitar um colapso logístico. Cerca de 75% do transporte de cargas na Europa e América Latina continuam a ser feitos por rodovias. Estudos indicam que o volume de transporte rodoviário mundial de carga vai triplicar nos próximos 30 anos.

Por meio dos caminhões interconectados em rede com outros veículos e, também, com concessionárias, fabricantes, embarcadores e destinatários, todo o setor de transporte de carga poderá ser organizado de maneira a ficar mais eficiente e seguro. Em vista do aumento crescente do fluxo de produtos e da inevitável sobrecarga na infraestrutura, monitorar cada veículo comercial será determinante.

Frotas conectadas no Brasil

Nos últimos cinco anos a conectividade entre caminhões, no Brasil, vem crescendo substancialmente. A Scania, que lançou seus serviços em 2017, contabiliza mais de 64 mil caminhões da marca com algum tipo conexão ativado pelo País. Todos os veículos da marca já saem da linha de montagem com o equipamento pronto para conexão WiFi. Mas, para ativar, é preciso autorização do cliente.

Por isso mesmo faz parte do protocolo de entrega técnica da montadora o revendedor explicar ao cliente as vantagens de se permitir essa ativação. Quase todos topam o pacote mais simples, standart, que é gratuito e já permite o básico: monitorar como e por onde o caminhão anda. Alex Barucco, gerente de Portfólio de Serviços e Conectividade da Scania no Brasil,  comenta que “o veículo conectado com o pacote mais básico já gera dados para Scania enxergar parâmetros que permitem entender a operação”.

Com dados mais precisos de seus produtos em circulação, a Scania conseguiu emplacar no Brasil uma forma criativa e financeiramente vantajosa (para clientes e para a marca) de plano de manutenção: permitiu flexibilização de acordo com o uso do veículo. A marca ainda opera com plano convencional, em que o cliente paga uma taxa fixa por mês como uma espécie de “plano de saúde” do caminhão. Mas esse, flexível, sai mais em conta, pois o cliente paga pelo que usa.

Ano passado a Volvo computou 150 mil veículos conectados na América Latina entre caminhões, ônibus e máquinas de construção. No mundo a marca diz que já ultrapassou a marca de 1,2 milhão de veículos interligados por WiFi. O IoT da montadora sueca tem nome: Volvo Connect. Essa ferramenta, que pode ser acessada pelo celular ou notebook, ajuda o frotista na gestão de seus caminhões em circulação.

A vantagem principal dessa conectividade é ganho de eficiência. Até economia de combustível é possível. O caminhão sempre anda pelas melhores rotas e a performance de cada motorista é acompanhada de perto. A Volvo faz uso inteligente de todos esses dados gerados: a empresa oferece consultoria exclusiva para a gestão de combustível. Com base em análise de dados, equipe de especialistas analisa e regularmente detecta pontos de melhoria e oportunidades para economizar em rota, veículo ou tipo de condução. “É uma contribuição fundamental para a produtividade, uma vez que o combustível pode representar até 50% do total da planilha de custos do transportador”, comenta Carlos Banzzatto, gerente executivo de serviços comerciais da Volvo.

A Mercedes-Benz também deu nome para seus serviços de conectividade: FleetBoard. O serviço está disponível para os modelos Accelo, Atego, Actros e Arocs. No geral, quando o assunto é conectividade, todas as marcas oferecem pacotes simples e, geralmente, gratuitos. E outras opções, com mais serviços, que são pacotes pagos. Os pagamentos são feitos mensalmente.

A Mercedes oferece, ainda, dois pacotes extras com o FleetBoard: Security e Security Sat com funções de rastreamento e bloqueio do veículo. O primeiro apresenta cobertura via celular e o segundo uma cobertura mais abrangente via Satélite.

Outra marca que vem crescendo no mercado e avançando na oferta de serviços conectados é a Iveco. A montadora lançou multiplataforma chamada “Iveco On” e as funções seguem o padrão de monitorar tudo que caminhão e motorista fazem em tempo real. O grande pulo do gato desses serviços é que os frotistas podem (e devem) acompanhar a tocada do caminhão. Assim fica mais fácil trabalhar para que os veículos, de fato, façam “média” e, inclusive, premiar os melhores condutores.


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