Modelo topo de linha da marca é oferecido com o que há de mais sofisticado em tecnologia embarcada em caminhões, mas preço ultrapassa 1,2 milhão de reais

   Por Mauro Cassane   

Mercedes-Benz, Divulgação

A nova geração de caminhões com motorização Proconve P8 (Euro 6) está em franca produção em todas as montadoras instaladas no Brasil. Apresentados e expostos na última Fenatran, que aconteceu em novembro do ano passado, começam a ser faturados e, alguns poucos, estão já rodando pelas estradas do País.

O primeiro Euro 6 que testamos, topo de linha, foi o pesadão Mercedes-Benz Actros 2653 na configuração 6×4. Modelo equipado com trem-de-força composto pelo motor, importado, OM 471 LA, de 530 cv, e transmissão automatizada G 291, de 12 velocidades.

Esse é o modelo mais rebuscado que a fabricante alemã oferece ao mercado brasileiro. O preço sugerido é salgado: R$ 1,230 milhão. Fica claro que é um veículo para poucos e, de fato, a Mercedes-Benz faz uma entrega robusta e diferenciada para frotistas que optarem pelo mais luxuoso Actros do País. É um caminhão com recursos tecnológicos de ponta, em linha com o que encontramos de mais moderno nas estradas europeias.

A começar pelos retrovisores substituídos por câmeras de segunda geração (Mirror Cam), menores que aquelas que foram apresentadas há quatro anos pela Mercedes e com visores internos, tipo tablet, maiores e com mais recursos de visualização.

Outro item de destaque é a cabina “TopSpace”  com 2,2 metros do piso ao teto. Há um pequeno degrau, de 4 cm, no cofre do motor mas, mesmo assim, sobre ele, a noção de espaço amplo é bastante significativa. A considerar as novas dimensões de moradias que estão lançando pelas grandes cidades, conhecidas como “studio”, a cabina desse Actros é praticamente um pequeno apartamento sobre rodas.

Rodamos cerca de 180 quilômetros com o Actros 2653 lastreado com 56 toneladas (areia ensacada como carga) acomodadas em bitrem de sete eixos. O motorzão de 13 litros, com 6 cilindros em linha, chega a 1.600 rpm e alcança torque máximo de 2.600 Nm em faixa plana, sem esforço, já com 1.100 rpm.

Significa força total com o motor trabalhando suavemente na faixa econômica. O resultado, na prática, é traduzido em economia de combustível. A Mercedes-Benz conta que, no geral, seus modelos Euro 6 são 8% mais econômicos que os modelos Euro 5. No teste, fizemos média de 2,7 km/l, 100% em estradas sem serra, com um profissional altamente especializado ao volante, João Moita, que tem mais de 40 anos de experiência tocando veículos da marca.

O caminhão é silencioso. Isso é ponto de destaque. Na tocada, com vidros fechados, a sensação é de estar rodando com um automóvel. Conforto e silêncio não são luxo, são itens que permitem maior produtividade. É preciso pensar que, para veículos desta natureza, motoristas ficam ao volante, em média civilizada, por oito horas. Mas há abusos, como sabemos. E tem profissionais que puxam carga, parando apenas para alguma refeição rápida, por mais de 12 horas. Com conexão e telemetria, esses abusos tendem a diminuir significativamente.

A transmissão automatizada Powershift G-291 tem 12 velocidades sem anéis sincronizadores e isso permite trocas tão suaves que é preciso muita atenção para notar quando cresce e deslancha. É mais fácil perceber as reduzidas, quando acionado o pacote ABA 5, que, com sensores, reconhece veículos (até mesmo bicicletas) tanto à frente como, também, pelas laterais em ângulo de até 180 graus. É possível regular manualmente cinco opções de distância do veículo da frente (é muito fácil e amigável esse tipo de ajuste que aparece no display digital do painel).

Como nos modernos Volvo e Scania, a transmissão Mercedes-Benz também tem inteligência embarcada. O sistema “Predictive Powertrain Control”, conhecido pela sigla “PPC” mapeia todos os trajetos já percorridos, guarda tudo na memória, considerando inclinações e topografias dos trajetos, e age automaticamente durante as conduções. Não pudemos aferir e observar o sistema entrando em ação, mesmo fazendo trajeto já bem conhecido pelo caminhão. A ideia é essa mesmo: o mecanismo age, promovendo trocas de marcha para cima ou para baixo, sem que o motorista nem sequer note.

O que é possível observar e testamos em diversas situações é o Retarder, com cinco estágios, que funciona na mesma alavanca (ao lado direito do volante) do freio motor (cuja força chega a 560 cv de potência). Os freios do modelo que testamos são a tambor (há opção para disco). Na condução, praticamente em momento algum foi preciso tocar o pé no freio (salvo para parar em duas situações com farol fechado, já em área urbana). De modo geral, controla-se todo conjunto, mesmo em declives mais acentuados, apenas com leves toques na alavanca direita (a cada estágio, 20% de força é imposto para segurar o motor). Se puxar a alavanca diretamente para o quinto estágio, o caminhão chega a reduzir a velocidade em 90%.

É possível, e mais recomendável, manter o sistema ABA 5 acionado. Neste modo, a condução se torna extremamente segura e o caminhão se alinha automaticamente com a velocidade do veículo que segue a frente. Se o carro da frente parar, ele para também. Se, por distração, o motorista botar um centímetro da roda fora da faixa sem acionar a seta, toca sonoro alarme. É difícil errar. Basta seguir a lógica da inteligência artificial embarcada.

Outro destaque interessante é a potência de 530 cv, muito apropriada para as estradas brasileiras. Apertando mais o acelerador, mesmo com carga plena, de 56 toneladas, o Actros responde prontamente. A transmissão Powershift entra em ação –  neste momento é possível sentir as marchas em redução drástica – enchendo o motor, elevando o giro, com resposta surpreendentemente rápida. Mas, ainda neste modo, digamos, mais esportivo, o conjunto fica dentro da faixa verde. Não é preciso muito esforço para buscar potências mais elevadas mantendo-se tocada econômica.

Com suspensão dianteira com molas parabólicas e amortecedores telescópicos de dupla ação e, na traseira, pneumática com quatro bolsas por eixo (o que amplia a estabilidade e, naturalmente, também o conforto), o Actros  2653 que testamos vem com dois tanques de combustível (um de 410 e outro de 320 litros). A chave de presença, que já tinha na versão anterior, Euro 5, é um item que merece menção por permitir que o caminhão seja ligado no botão “start” (como nos automóveis mais sofisticados) e checagem instantânea de todas as luzes externas com apenas um toque de botão.

Poucas alterações externas foram feitas, apenas um novo desenho nos faróis. Na parte interna, há nova central multimídia com dois displays maiores que a versão Euro 5, com 12 centímetros. A ergonomia, muito boa já desde o lançamento do Novo Actros, segue em alto padrão, permitindo controle de todas as funções sem que o motorista precise sequer mexer o tronco do corpo. Tudo à mão com apenas um leve toque no painel. Bem como um automóvel de luxo. De fato, neste modelo, a Mercedes-Benz entrega um caminhão que oferece conforto e tecnologia à altura de seus icônicos carrões.

Confira a galeria do Actros 2653

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