Por André Rorato
Vice-Presidente da LS Mtron Brasil – LSMB

Um dos balanços possíveis de se fazer após a realização da 25ª edição do Agrishow, em Ribeirão Preto, SP, a principal feira de tecnologias voltada para o agronegócio, é que foi um evento onde a palavra conectividade esteve em grande parte das conversas e dos estandes. Quase todas as empresas tinham algum produto, equipamento, aplicativo que se destinava a conectar uma máquina com outra ou com o computador do escritório, ou mesmo aos smartphones. E isto é extraordinário, porque boa parte desta tecnologia que está sendo desenvolvida já está incorporada ou em vias de ser implantada nas máquinas e equipamentos agrícolas. Ou seja, as máquinas, já estão no mundo digital e isto não tem mais volta.

Mas na vida, nem tudo é um mar de rosas. Conectividade precisa de rede de telefonia móvel ágil, banda larga de internet, preferencialmente por fibra óptica, para que os dados transmitidos circulem rapidamente. É neste momento que, no campo, a banda toca diferente do que toca na cidade.

O Brasil é um país de contrastes. A população que mora na cidade e que em um clicar de dedo em sua tela touch do celular acessa milhares de informações, não imagina que esta facilidade não chegou ao campo. Centenas de propriedades rurais, muitas vezes, só conseguem usar o telefone celular, na banda 2G, a mais antiga e uma das primeiras a ser comercializadas no País. E só realizam este feito porque sobem num morro, vão para um descampado ou alguma outra peripécia do gênero.

Veja, se formos pensar que o produto que sai da indústria chamada campo/fazenda é o alimento de milhões de pessoas que vivem nas cidades, não era de ser justamente o contrário ou pelo menos igual? Além disso, para que o campo possa produzir melhor e nos mesmos níveis de competição que seus concorrentes, é preciso ter acesso à internet. E isto não acontece. É aí que vem a parte estranha das regras. A legislação da privatização de telefonia no Brasil permitiu que as operadoras fizessem instalações das suas redes em grandes centros urbanos, onde há maior demanda pelos seus serviços, mas não as obrigou a atender da mesma forma as áreas rurais.

Por conta desta situação, creio que já está na hora das entidades representativas do agronegócio, respaldadas pela sua grande porcentagem no PIB, pressionarem o Governo Federal em busca de uma solução e chamarem à mesa as operadoras de telefonia instaladas no Brasil para um encontro com fins específicos de trazer uma solução para este nó. Afinal, o agronegócio também é um forte consumidor dos serviços de telefonia e, se este nó não for desfeito, nossa agricultura, considerada uma das mais modernas em climas tropicais, vai parar no tempo. Creio que, sem conexão, não tem como aumentar a produção. E sem produção suficiente e eficiente, não tem alimento para atender o crescimento populacional. Simples assim!

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