Mesmo com dificuldades e em meio à incertezas, grandes frotistas saíram às compras e a surpresa foi a supervenda para empresa de locação de caminhões.
O mercado de caminhões vem se recuperando com surpreendente velocidade. Nem mesmo as montadoras, as principais interessadas no negócio, imaginaram que os transportadores correriam às compras com esse frisson. Quem esperava queda brusca ano passado em função da pandemia, errou. A retração foi de apenas 12,31% em comparação com 2019. Isso porque, em abril, praticamente não saíram caminhões das linhas de montagem. 2020 fechou com 89.207 caminhões emplacados contra 101.733 em 2019.
Esse ano já começou acelerado. Os frotistas estão comprando. Houve forte represamento das vendas durante a crise de 2015 a 2017 e agora há correria para renovação para não comprometer contratos com embarcadores. Mas já começa, também, movimento de antecipação de compras na tentativa de se escapar dos pesados ajustes de preços que impactarão os caminhões que terão que se enquadrar nas novas e mais severas legislações ambientais no Brasil, o Proconve P8 que está previsto para começar a vigorar a partir do começo do próximo ano.
Cenário posto e considerando a recuperação da indústria e do comércio, com forte pressão da safra agrícola, frotistas estão comprando. Há um grande processo de renovação e ampliação de frotas. A pandemia caudada pela Covid-19 ainda é fator de dúvida com relação ao ritmo desta aceleração. Diz Luiz Carlos Mendonça de Barros, economista e presidente do conselho administrativo da Foton, “a retomada normal dos negócios em todos os setores da economia vai depender ainda do sucesso da vacinação de grande parte da humanidade para devolver ao sistema econômico sua funcionalidade perdida. Isto deve acontecer apenas na segunda parte deste ano de 2021”.
Por isso mesmo 2021 começou bem, mas na mesma proporção que se acelerar a imunização em massa no Brasil se acelerará também a retomada de todos os setores econômicos robustecendo a demanda por caminhões tanto pesados como leves. A demanda se mostra tão forte que, ano passado, a despeito das restrições e das dificuldades, o mercado protagonizou vendas extraordinárias de caminhões. Registrando, inclusive, recorde histórico.
“Reabrimos o segundo turno de produção em nossa fábrica em Resende (RJ) para alavancar, com total segurança para os colaboradores, a montagem de nossos veículos Volkswagen em grande parte devido a esse pedido que fechamos com o Grupo Vamos. Aluguel de caminhões é uma tendência no mercado nacional, caracterizando-se como uma alternativa muito interessante, dadas as facilidades que oferece, especialmente num cenário de grande desafio econômico como o atual, em que a capacidade de investimento de muitas empresas está comprometida”, afirma Roberto Cortes, presidente e CEO da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Até então visto com desconfiança pelos empresários do setor logístico, a locação de caminhões começa a ganhar mais força quando mostra que, especialmente para contratos fixos, traz vantagens financeiras significativas. “A locação de caminhões vem registrando interesse crescente pois atende, melhor e de forma mais eficiente, às necessidades das empresas na busca por maior produtividade, melhor alocação de capital, menor endividamento e redução de custos. Isso tem feito com que as empresas, cada vez mais, busquem esse modelo para renovação e ampliação das suas frotas de caminhões. Efetivamente, trazendo maior eficiência para suas operações, com veículos mais modernos, com menores custos de manutenção e de consumo de combustível e maior disponibilidade das frotas”, analisa Gustavo Couto, CEO do Grupo Vamos.
Com uma frota superior a 14 mil veículos, o Grupo Vamos é a maior locadora de caminhões do País. A expectativa da empresa é que o segmento continue a crescer forte nos próximos anos, contribuindo efetivamente na redução da idade média da frota nacional, hoje de 20,7 anos. Hoje o Grupo Vamos estar presente nos mais diversos setores da economia: do agronegócio ao de transporte e logística, passando por varejo e serviços públicos, como telefonia, distribuição de energia e coleta de lixo.
Nos últimos dez anos não houve nenhum registro de uma venda como esta que a Volkswagen Caminhões e Ônibus fez para o Grupo Vamos. É, sem dúvida, uma venda atípica e histórica para a marca de Resende. Já a maior venda da Mercedes-Benz, no ano passado, foi para a Ambev: 450 caminhões sendo 140 médios Accelo, 280 semipesados Atego e cerca de 30 extrapesados da linha Axor. Lembrando que, em 2019, a cervejaria já havia comprado 500 caminhões Mercedes-Benz. A Ambev fez a segunda grande compra de caminhões de 2020.
O terceiro grande negócio do ano passado foi realizado pela Transmaroni que fechou a aquisição de 300 caminhões Scania. O quarto negócio em volume foi fechado pela Braspress com a Mercedes-Benz, volume de 235 caminhões da marca, sendo 220 unidades do Axor 1933 e 15 unidades do Axor 2041. O quinto lugar fica para um negócio realizado pela Iveco cujo volume foi de 119 caminhões para um só cliente, mas a fabricante italiana preferiu não revelar a identidade do comprador. E a sexta posição das grandes vendas de 2021 vai para a Transportadora Contatto que fechou com a Mercedes-Benz a compra de 100 Actros 2548 6×2 para aplicações rodoviárias, o que elevou para 40% a participação da Mercedes-Benz na frota de aproximadamente 600 veículos da empresa.
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