Montadora quer ganhar participação no segmento de extrapesados
Fotos VWCO, Divulgação

A Volkswagen Caminhões e Ônibus (VWCO) investiu R$ 1 bilhão no desenvolvimento de uma nova família de extrapesados, com a qual pretende elevar sua participação neste segmento de mercado, que evoluiu de 20%, em 2015, para 50% no ano passado, nos volumes totais de vendas no Brasil. Para sair dos atuais 12% de presença neste segmento, a marca lançou a família Meteor, com dois modelos, e um novo Constellation para aplicação fora de estrada. “Temos, agora, uma gama de produtos com capacidades de 3,5 a 125 toneladas”, destacou o CEO da fabricante, Roberto Cortes, durante lançamento virtual em 1º de setembro. De acordo com o executivo, metade do valor de R$ 1 bilhão foi investido na modernização da fábrica e localização de componentes. O restante em engenharia e desenvolvimento.

Cortes explicou que os dois modelos Meteor, de 460cv e 520cv, ocuparão nicho de mercado identificado pela montadora entre os modelos Constellation de 330cv e os caminhões premium MAN TGX. Confirmou que não haverá descontinuidade de linhas, mas uma evolução natural de ambas no mercado, seguindo a filosofia da Volks de atuar com duas marcas em um mesmo segmento.

Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas e marketing, reforçou que a companhia passa a ter mais três modelos para atender os clientes de acordo com as suas necessidades. Rodrigo Chaves, vice-presidente de engenharia acrescentou que o desenvolvimento feito ao longo de quatro anos considerou opiniões dos clientes e observações das condições que não eram atendidas pelo mercado.

Os veículos já estão em pré-venda na rede de 150 concessionários aos preços sugeridos de R$ 540 mil para o Constellation 33.460; R$ 550 mil para o Meteor 28.460; e R$ R$ 590 mil para o Meteor 29.520. Cortes anunciou durante o evento que 100 unidades já haviam sido vendidas para o Grupo Vamos e 110 para a Transpipeline.

Alto índice de nacionalização

A família Meteor traz uma série de avanços tecnológicos desenvolvidos para o mercado brasileiro a partir de conteúdos já existentes na Alemanha. É o caso do novo motor MAN D26, 13 litros, produzido em Resende (RJ) e pela primeira vez fora da Europa, da nova transmissão ZF Traxon automatizada de 12 ou 16 marchas, de freio motor controlado eletronicamente, de chassi, eixos e suspensões. Com o novo conjunto, a Volks estima em redução de consumo na ordem de 10% na comparação com o modelo importado da Alemanha.

O Meteor tem três configurações de distância entre eixos: 3.200, 3.400 e 3.600mm. As versões vêm de série com dois tanques de diesel, com capacidades totais para 630, 780 e 940 litros. Também são oferecidas duas opções de cabines.

Rodrigo Chaves, vice-presidente de engenharia, salientou que o motor foi desenvolvido para ter vida útil superior a 1 milhão de quilômetros rodados. Destacou que um time de mais de 150 especialistas da montadora se dedicou exclusivamente ao projeto, ouvindo os clientes e trabalhando para encontrar as melhores soluções em conjunto com o corpo técnico do grupo. Foram mais de 1 mil peças desenvolvidas pela engenharia da VWCO. Mais de 20 protótipos foram utilizados para suportar o desenvolvimento dos novos extrapesados.

Aliadas a outras tecnologias de gestão que a montadora está oferecendo, Ricardo Alouche acredita existir potencial de incremento de 20% na rentabilidade da frota. Entre estas novidades estão o Dealer digital, disponível por meio mobile, e a TruckerPay, uma plataforma de pagamentos para motoristas e frotistas.

Os três novos caminhões são 100% conectados com a RIO, que responde pelas soluções de conectividade dos produtos da marca. “Esta família estreia na era 4.0 de atendimento da fabricante, contando com ampla oferta de tecnologias para maximizar a eficiência operacional por meio da inteligência embarcada, conectividade e de soluções digitais, com três anos de serviços grátis”, acrescentou. Alouche ainda anunciou que, em outubro, começa a operar a Volks Confia. Trata-se da nova loja de veículos usados multimarcas da montadora.

Constellation para qualquer terreno

Novo Constellation foi preparado para carregar 125 toneladas

A VWCO também ampliou a família Constellation, com o lançamento do 33.460 4×4, destinado a operações fora de estrada e uso misto. O modelo tem o mesmo trem de força da versão de entrada do Meteor, como motor de 460cv de potência, bem como a transmissão ZF Traxon automatizada de 12 ou 16 velocidades. A capacidade de carga é de 127 toneladas.

Além de uma série de soluções eletrônicas, como o modo de condução fora de estrada, acionado por meio de uma tecla no painel, o caminhão ganhou para-choque metálico, proteção no farol, chassi com duas opções de quinta roda, o que eleva a capacidade de carga, e novos eixos traseiros com redução de cubos. Também está 100% conectado e vem com tanque de combustível de 630 litros. “É um produto feito para aplicação em qualquer terreno”, assinalou Roberto Cortes.

Investimentos na produção

O investimento na nova família de extrapesados VW contemplou não só a pesquisa e o desenvolvimento, como também a construção da mais nova linha de montagem de cabines de extrapesados do Brasil, desde a armação até o acabamento, com moderna manufatura 4.0 em nível de automação e conectividade dos dados. Com investimentos de mais de R$ 500 milhões e um time dedicado de 150 colaboradores, os lançamentos contam ainda com área exclusiva no complexo de produção e desenvolvimento da VW Caminhões e Ônibus. São, ao todo, 18 mil m², incluindo da produção à logística de peças. A montagem final dos modelos se dará na mesma linha em que se fabricam os veículos MAN TGX.

Melhora considerável no mercado

Ainda que considere prematuro estabelecer um índice de resultado para o mercado de caminhões neste ano, o presidente Roberto Cortes acredita que o cenário de queda de 39%, estimado pela Anfavea, não deverá se concretizar. Argumenta que a evolução das vendas, incluindo agosto, tem sido positiva. “Estamos atendendo demanda reprimida da parada de março e abril e agregando pedidos novos”, referiu.

Da mesma forma considera difícil definir percentuais para 2021. Mas afirma acreditar em recuperação mais acelerada do que neste ano. “Dependemos do comportamento da doença e como a sociedade reagirá a isto”, reforçou.

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