Mesmo com baixa autonomia – no máximo 150 quilômetros, veículos trazem uma inovação curiosa: em vez de se fazer o carregamento, as baterias podem ser rapidamente trocadas

Por Mauro Cassane

Em um negócio de cerca de 13 milhões de reais, a montadora chinesa XCMG, com fábrica em Pouso Alegre, MG, para produção de máquinas industrias e agrícolas, acaba de entregar 10 caminhões pesados 100% elétricos para a Reiter Log, empresa de logística do Rio Grande do Sul.

A XCMG está no Brasil desde 2004 e é mais conhecida por sua linha de máquinas, inclusive elétricas. Agora vai atuar também no segmento de caminhões que são todos importados da matriz empresa, em Xuzhou, na China.

Na cerimônia de entrega dos novos veículos, o vice-presidente da XCMG Brasil, Tian Dong, anunciou 270 milhões de reais em investimentos para nacionalização e ampliação da linha de produção de máquinas. Parte deste valor já foi direcionado à construção de um centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa, inaugurado no início deste ano.

Ainda não há planos para produzir localmente estes modelos de caminhões elétricos. Mas os executivos da empresa apostam em crescimento deste mercado. O gerente de veículos elétricos da XCMG, Ricardo Senda, acredita que há grande potencial de expansão de vendas de caminhões pesados elétricos no Brasil. “No ano passado, comercializamos entre 120 e 130 caminhões pesados no Brasil e América Latina, número que deve triplicar neste ano”, prevê.

Vanessa Pilz, diretora de ESG da Reiter Log, uma das maiores empresas com frota sustentável do País é uma entusiasta para aplicação deste tipo de veículo em operações de maior volume de carga. “O investimento na aquisição de veículos elétricos resultou em mais de 30% de crescimento dos negócios. Hoje, 30% da nossa frota de veículos é movida a energias alternativas, e pretendemos atingir o 100% de veículos movidos a energia sustentável em 2035”.

O modelo XCMG E7-49T é o primeiro caminhão elétrico pesado do Brasil. O veículo tem capacidade de carga de 49 toneladas mas a autonomia é baixa para este tipo de operação: apenas 150 km.

A solução que a XCMG encontrou para contornar esse problema operacional de baixa autonomia foi uma criativa manobra de engenharia. Os veículos trocam bateria como se troca pilha de um controle remoto. Ou seja, em vez de se perder tempo fazendo o carregamento, que pode levar horas, as baterias simplesmente são substituídas rapidamente.

Isso significa que será preciso pesados investimentos também na infraestrutura para se fazer estas trocas de baterias em pontos chaves que não podem exceder 150 quilômetros. A Reiter Log, no entanto, não divulgou em quais rotas os novos caminhões vão trabalhar e nem como será montada esta infraestrutura de troca rápida de bateria.

O caminhão é equipado com um motor elétrico síncrono de ímã permanente, que oferece 482cv de potência e um torque de 204,1kgfm. Ao contrário dos veículos elétricos convencionais que não possuem câmbio, o E7-49T possui uma transmissão automatizada de quatro marchas, com a opção de realizar trocas manuais, através da alavanca localizada no console central.

De acordo com comunicado da montadora chinesa, a inclusão dessa transmissão e das reduções de engrenagem favorecem a economiza de energia elétrica, durante as arrancadas. A XCMG tem 18 revendas e 50 lojas no Brasil, a maioria com foco nos produtos mais vendidos da empresa por aqui – máquinas industriais e agrícolas – que agora também vão comercializar caminhões rodoviários elétricos.


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