Desde a crise de 2014, o agronegócio vem aumentando de forma representativa o seu grau de importância nos negócios das companhias ligadas à cadeia do transporte de cargas. Nestes últimos sete anos, enquanto outros mercados compradores acumulavam números negativos, a atividade rural foi fundamental no processo de recuperação da economia e, principalmente, junto às montadoras de caminhões, assegurando volumes de compras.
A situação não deve ser diferente na crise atual, bem mais complexa e grave, provocada pelo coronavírus. A expectativa é de uma safra de grãos na ordem de 252 milhões de toneladas, alta de 3,1% sobre a de 2019, até o momento a maior da história; e incremento, em relação ao ano de passado, de 6,7% no valor bruto de produção, que deverá alcançar R$ 674,1 bilhões. Registra-se muito, como não poderia deixar de ser, a importância do segmento de grãos, mas é preciso destacar que o complexo do agronegócio é composto por mais de 40 subsetores.
Expansão robusta e consistente
Gestores de vendas das montadoras de caminhões, em voz unânime, ressaltam que o agronegócio tem se tornado, a cada ano, mais importante para os negócios das marcas. Marcos Andrade, gerente sênior de Produto Caminhões Mercedes-Benz, recorda que, em 2014, o agronegócio participava com algo como 10% dos negócios da empresa, número que já está em 25%, ocupando espaços da construção civil, que recuou de 20% para 15%, e da logística em geral, que caiu de 70% para 60%. “Na atual crise, o agro está sendo um dos menos afetados”, assinala. Sua avaliação é que no longo prazo, com a recuperação de outros setores, que devem crescer mais, como construção civil e logística, a atividade perca participação, mas ainda assim mantendo algo perto de 20%.
Alan Frizeiro, gerente de vendas de caminhões da Scania no Brasil, assegura que o agronegócio, principalmente o transporte de grãos, é fundamental para a companhia, em especial nos segmentos de pesados e extrapesados. Estima entre 40% e 44% a participação histórica do setor nas vendas da empresa e acredita, inclusive, em incremento nos próximos meses com a crise do coronavírus, que está repercutindo mais fortemente em outras atividades. Frizeiro cita, como exemplo deste potencial de mercado, a compra de 300 unidades do modelo R 500 6×4, da Nova Geração de caminhões, no ano passado, pela AMAGGI e pelo G10.
Clovis Lopes, gerente de caminhões Volvo no Brasil, salienta que o agronegócio é o setor que responde pelo maior volume de vendas de caminhões da marca. “Se levarmos em conta não somente grãos, hortifrutigranjeiros e outros itens majoritários, mas também cargas refrigeradas, carnes, derivados de leite e uma infinidade de outros produtos agrícolas, calculamos que este negócio demande cerca de 60% de nossa produção”, projeta.Destaca que, mesmo agora, no auge da pandemia do coronavírus, o agribusiness continua tendo relevante papel na economia nacional, contribuindo para abastecer o mercado interno e manter as exportações. “O agronegócio seguirá sendo um verdadeiro indutor na produção de riquezas”, reforça.
Ricardo Barion, diretor comercial da Iveco, avalia que, a curto e médio prazo, as vendas para o agronegócio possam ser impactadas pelo fechamento parcial da economia em função da pandemia do coronavírus. Mas acredita no seu fortalecimento, com tecnologia e planejamento, tornando-se ainda mais robusto como fornecedor de commodities agrícolas nos mercados interno e externo.
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