Volvo quer reduzir emissões de CO2 de origem fóssil em 50% até o final desta década
Mauro Cassane
Volvo, Divulgação
Na Fenatran o que o visitante mais vai ver são soluções elétricas para caminhões. São ainda caros e com autonomia limitada. Mas as montadoras avançam no desenvolvimento de outros produtos sustentáveis que prescindem de diesel. No estande da Volvo, que fica logo na entrada da Fenatran, bem no caminho principal, os destaques são os modelos FM Electric e FH B100 Flex.
Mas tem também versão especial, série limitada com 60 unidades produzidas, do FH que celebra as três décadas da Volvo no Brasil. Séries especiais caiu no gosto dos clientes e as montadoras fazem a festa. Quase todas que estão na Fenatran têm produto assim para o cliente ter como algo diferente e, sobretudo, luxuoso em sua frota. Tipo, item de colecionador. Virou moda.
O FH Série Especial 30 anos, de acordo com a fabricante, tem edição limitada e foram produzidas apenas 30 unidades na configuração 6×2 com motor de 500 cv e mais 30 na configuração 6×4 com motorização 540 cv.
Diz Alcides Cavalcanti, diretor comercial da Volvo: “É um caminhão único. O mais completo já produzido pela Volvo no País”. A cor é vermelho para todos e, de fato, é um modelo Premium com equipado com todo pacote de segurança e luxo que, em outros modelos, são ofertados como opcionais. Inclusive vem com retrovisores por câmeras, item que foi apresentado ao mercado, a três anos, pela Mercedes-Benz.
E como a Volvo tem como meta reduzir em 50% as emissões de CO2 de origem fóssil em seus veículos até 2030 e em 100% até 2040, a fabricante acelera o desenvolvimento de produtos que dispensam o diesel voltando atenção para modelos elétricos e, também, para algo mais palatável como o biodiesel.
“Queremos entregar soluções de transporte 100% mais seguras, mais produtivas e livres de CO2 de origem fóssil”, comenta Wilson Lirmann, presidente do Grupo Volvo América Latina.
O FM Eletric está lá no estande para apreciação dos potenciais clientes. O veículo já passou por série de testes em frotistas no ano passado. E seguem os testes para checar diversas situações de uso, abastecimento e até impactos ambientais.
“Os resultados vêm confirmando os benefícios de rodar com esses veículos de zero emissões de CO2, nas condições brasileiras”, assegura Alan Holzmann, diretor de estratégia e planejamento de produto caminhões da Volvo.
A própria Volvo começou a usar o FM Electric na logística de seu complexo industrial em Curitiba (PR), para o abastecimento de diversos componentes nas linhas de produção. A iniciativa traz uma redução de quase 750 toneladas de emissões de CO2 por ano, dentro do compromisso da marca com a descarbonização nos transportes e nas suas próprias operações de manufatura.
Classificados como ZEV (zero emission vehicles/veículos zero emissões), os modelos elétricos Volvo que circulam no Brasil têm potência de 490 kW (660 hp), com opções de PBTC (Peso Bruto Total Combinado) de até 50 toneladas. Podem ser equipados com três motores elétricos e até seis baterias (540 kWh), com autonomia de até 300 km. Seu carregamento pode ser feito de 1h30 até 8h, dependendo da quantidade de baterias e infraestrutura de carregamento.
De acordo com informação da empresa, a Volvo vende caminhões elétricos na Europa desde 2019. Atualmente, a marca tem 51% do mercado de elétricos pesados naquele continente. Em todo o mundo, são mais de 4.200 caminhões elétricos Volvo, circulando em 48 países. Juntos, esses veículos já percorreram 100 milhões de km, o equivalente a 2.500 voltas ao redor do planeta.
Mas a aposta aparentemente mais economicamente viável é mesmo fazer acertos no motor para o caminhão rodar com biodiesel puro. Alternativa bem interessante no Brasil considerando que, além de tudo, é possível que o frotista busque alternativas para produzir seu próprio combustível.
No entanto, a comercialização do FH B100 Flex está condicionada a uma análise prévia da engenharia da Volvo. Para rodar com 100% de biodiesel, a Volvo fez um projeto de motor exclusivo, baseado nos atuais propulsores Euro 6 da marca.
Disponível apenas para o Volvo FH, essa solução é a única do mercado que dá ao transportador a flexibilidade de rodar com diferentes proporções de biodiesel, indo do B14 (diesel S10 com 14% de biodiesel, atualmente disponível nos postos) até o B100 (biodiesel puro).
Quando abastecido exclusivamente com o B100, a redução das emissões de CO2 equivalente de origem fóssil varia de 70% a 90%, dependendo do processo produtivo do biodiesel.
O uso do B100 é restrito aos veículos fabricados para essa especificação. Ou seja: não é possível usar biodiesel 100% em caminhões que não tenham sido produzidos para isso.