Picape média Nissan Frontier, modelo XE, oferece custo/benefício atrativo ao entregar conforto e tecnologias de segurança acima da média
Por Mauro Cassane
A nova família de picapes médias Frontier, da Nissan, conta agora com seis versões no mercado brasileiro. Começando pela mais simples, “S”, com transmissão manual e chegando a duas versões mais sofisticadas: uma chamada de “Platinum”, mais focada em alto luxo (tem, inclusive, teto-solar) e outra, chamada “Pro4X” com itens mais voltados a quem busca aventuras fora-de-estrada sem abrir mão de luxo e conforto.
Testamos a versão mais procurada, que fica apenas um degrau abaixo dessas duas mais luxuosas, conhecida como XE. O modelo é completo com poucos itens a menos que estão presentes na versão “Platinum”. Lembrando que todas as versões da Frontier vêm com motorização diesel e tração 4×4. A XE tem valor sugerido de R$ 278.990,00 (como referência, a “Platinum” e “PRO4X” saem por R$ 314.590,00 e a básica, S, com câmbio manual, sai por R$ 230.190,00).
Por seus atributos tecnológicos e, considerando itens de conforto e segurança deste modelo XE, certamente é o melhor custo/benefícios entre todos as outras cinco versões da nova geração Frontier.
Entre as picapes médias oferecidas no Brasil, a Frontier fica em quinto lugar em licenciamentos. No primeiro trimestre deste ano, a marca emplacou 1.661 unidades já do modelo 2023. Atrás dela vem a Amarok, da Volks, com 1.621 unidades comercializadas no mesmo período. As quatro picapes médias mais vendidas do País até março deste ano são: Toyota Hilux (10.611), GM S10 (6.252), Ford Ranger (3.980) e Mitsubishi L200 (2.522).
Mas se não ganha em vendas, agora assume posição de líder no quesito conforto. Em comparação com suas concorrentes, a nova geração da Frontier, que é importada da Argentina, passa a ser a mais confortável na condução. A suspensão traseira com molas helicoidais, mais reforçadas, é única na categoria. Diferente dos famosos feixes de mola, que certamente dão mais robustez, mas obviamente tornam os veículos muito mais duros.
Nesta nova geração, a engenharia da montadora japonesa também fez ajustes mais assertivos nos amortecedores. E o resultado, de fato, é notório. Além de um rodar mais silencioso, no asfalto a Frontier ignora algumas imperfeições e, na terra, o rodar torna-se macio e confortável. É perceptível o sistema multilink trabalhando com as molas e o eixo rígido. Vazia, não pula tanto quanto algumas de suas concorrentes. Já com meia carga, cerca de 300 kg, o rodar fica, verdadeiramente, bem mais confortável.
A Nissan oferece duas configurações de motores a diesel para suas picapes Frontier: para os dois modelos mais básicos, modelos considerados para serviços, há o propulsor com 163 cv e torque de 43,3 kfgm. Para as versões mais sofisticadas, inclusive a XE, a motorização é biturbo com 190 cv e torque de 45,9 kgfm. Ambas motorizações fazem uso do SCR e usam, também, ARLA 32 cuja tampa do reservatório fica ao lado da tampa do combustível. Quando o ARLA baixa, o sistema eletrônico avisa o motorista que deve ser reabastecido no display do painel do carro.
Com o biturbo o CMT da Frontier chega a 3,5 mil quilos. Para carga, considerando passageiros, a versão XE está qualificada para 1.025 kg. Rodamos na cidade sem carga e, variando trânsito com fluidez livre, aferimos consumo médio de 8,9 km/l (o que é muito bom para veículos dessa categoria). Já na estrada, com 70% plano e 30% serra, percorremos 550 km com 300 kg de carga, cravamos média de 10,6 km/l.
Sem demandar muito o pedal do acelerador, mantendo sempre a tocada em baixa rotação, entre mil rpm, é possível rodar a 100 km/h sem esforço e no modo mais econômico. Mas o motor é bem ligeiro e esperto. Solicitado, reponde rápido. Não é necessário bancar o “playboy” em momento algum. Mas quando precisa potência, os 190 cv da Frontier dão conta do recado perfeitamente bem nas retomadas de velocidades ou, ainda, em ultrapassagens rápidas quando é preciso buscar cavalagens a mais em poucos segundos.
Outro ponto de destaque na tocada, particularmente fora de estrada, é o bom ângulo de ataque e, também, saída. Entra em barranco de até 31,6º e, na saída, com 25,7º sendo que de roda a roda , por todo chassis, conta com 25,2 cm de vão livre (um bom padrão para não sentir coices de pedras em estradinhas ruins).
Boa para acelerar e também boa de parar. A Frontier conta com freios a disco nas quatro rodas. E, para quem vai trabalhar com carga, ou precisa mesmo usar a caçamba para transportar (ainda que para lazer), reboques, o sistema que detecta oscilação do reboque (TSA) lendo o balanço do veículo é de grande ajuda. O TSA reduz a oscilação do reboque pela ativação do freio, sendo que o VDC controla a pressão do freio lado a lado para exercer maior controle sobre balanço (ajustando automaticamente sempre a condução no modo mais estável e seguro).
A versão XE é repleta de mimos: já vem equipada de fábrica, por exemplo, com santo antônio da Keko e cobertura de caçamba elétrica que abre e fecha por meio de um controle remoto que vem separado. Está tudo no pacote de preço do modelo. Vem ainda com sensores de estacionamento no para-choque dianteiro e boa câmera de ré (item que deveria ser indispensável, e de série, em qualquer picape).
O design da nova geração da Frontier também merece elogio. A nova grade dianteira com faróis com projetor de LED quádruplos em forma de C conferem um ar elegante e, ao mesmo tempo, esportivo ao veículo. Ao abrir as portas (do motorista e do passageiro lateral) luzes projetam a marca Nissan ao chão. É impactante e muito funcional no escuro.
A caçamba também foi muito bem pensada para carregar diversidade de carga. Ganchos com argola móvel em forma de “D” estão posicionadas na parte inferior, perto do assoalho, oferecendo diversas opções de fixação de cargas. A Nissan também colocou uma tomada de 12 V, na lateral, que não tem muita utilidade sob o ponto de vista de carga mas, evidentemente, acaba sendo útil para atividades de lazer. Outro ponto bacana, bem pensado, foi botar dois amortecedores pequenos na porta da caçamba que permite abertura suave e sem qualquer esforço.
Dentro da cabina, a sensação, seguindo padrão das novas picapes médias, é estar em um automóvel mais luxuoso. No painel de instrumentos vem a tela TFT de 7 polegadas onde, como nos carros mais sofisticados, é possível navegar pelo volante multifuncional. Na lateral há outra tela digital, uma polegada maior, onde fica o sistema multimídia bem no console central. Nem precisa dizer que tem tudo que um carro sofisticado tem (bluetooth, reconhecimento de voz, navegação, etc e ar-condicionado “dual zone”).
O banco do motorista chega ao nível de conforto de um caminhão pesado de última geração. É possível regular, eletronicamente, altura, inclinação, correr pelo trilho para frente e para trás, para cima ou para baixo e, ainda, encontrar o melhor ajuste para coluna.
Também como nos caminhões mais modernos, a Frontier possui sistemas inteligentes de segurança como o Alerta Avançado de Colisão Frontal (PFCW), que monitora dois veículos à frente e o veículo diretamente à frente para reduzir o risco de acidentes com vários carros. A ideia é minimizar riscos de engavetamentos. O sistema atua em conjunto com o Assistente Inteligente de Frenagem (FEB), cuja função é frear o veículo caso o motorista não o faça no momento de perigo.
Outro item que lembra caminhões como Scania, Volvo, Mercedes, Iveco e DAF: a Frontier possui o Alerta Inteligente de Mudança de Faixa (LDW) que emite alertas sonoros e visual caso o veículo se aproxime da faixa de sinalização da pista sem que o pisca seja acionado. O Assistente de Prevenção de Mudança de Faixa (LDP) age automaticamente para trazer o veículo de volta ao centro da pista, atuando no sistema de freios das rodas opostas. Tudo isso foi pensado para evitar distrações ao volante ou, ainda, fadiga e sono. Com ele acionado, é difícil fazer barbeiragens.
Se o motorista apresentar sinais de fadiga (ficar piscando como sinal de sono ou pendendo a cabeça involuntariamente), entra em ação o Alerta Inteligente de Atenção do Motorista (DAA), que o avisa para fazer pausas, emitindo, também, sinais sonoros. Esse dispositivo, naturalmente, não tivemos como testar, nem é possível simular (mas há no veículo).
E, de bom tom em veículos de carga, é o sistema que alerta para os pontos cegos, chamado (BSW). Ele ajuda a evitar colisões com outros veículos que entram naquela pequeno, e perigoso, ponto onde não são vistos pelo retrovisor. Quando isso ocorre, o sistema emite breves sinais visuais e sonoros. Essa tecnologia de segurança é assistida pelo sistema de Assistente Inteligente de Ponto Cego (BSI) que aciona os freios nas rodas opostas de onde estaria o outro carro, corrigindo a rota para evitar acidentes.
Para a condução noturna, a Nova Nissan Frontier é equipada com o Assistente de Altura e Intensidade dos Faróis (HBA). Ele entra em funcionamento quando o motorista estiver dirigindo à noite, em velocidades acima de 30 km/h. A câmera do para-brisa monitora a incidência de luz no sentido contrário e, ao identificar um outro veículo se aproximando, irá momentaneamente desligar o farol alto, religando imediatamente após cruzar pelo veículo.
Desde a versão de entrada, a Nova Nissan Frontier é equipada com sistema de auxílio de partida em rampa (HSA); controle automático de descida (HDC); bloqueio mecânico do diferencial traseiro com limitador (LSD); e controle eletrônico de frenagem (EBD).
A tração pode ser escolhida a um leve giro no seletor posicionado abaixo do console central: começa com 4×2 (para estradas pavimentadas), vai ao 4×4 normal e, depois, também, para reduzida. No console também é possível, com um botão simples, selecionar o modo de condução. Começa com “standard” (que é onde usamos 90% do tempo), recomendado para situações normais de estrada ou cidade; passando pelo modo “sport”, que eleva a rotação do motor e acaba sempre usando marchas mais pesadas (é a que vai consumir mais combustível), “off road”, que trabalha no maior controle da aceleração valorizando sempre o torque e, por fim, o modo “tow”, ideal para quem vai puxar reboques ou quando a caçamba está puxando carga acima de 800 kg.
Conclusão:
A nova geração da Frontier certamente agrada, e muito, os picapeiros “raiz” (pessoas que compram esses veículos porque o usam como carro pessoal e, também, lidam com cargas de menor peso) e, igualmente, os amantes de picapes, normalmente o mesmo público que compra SUV mas que têm uma “pegada” mais bruta sem abrir mão, claro, de uma boa dose de conforto, luxo e, sobretudo, segurança. Por entregar conforto acima da média de seu segmento competitivo, são boas as chances da Nissan ganhar mais espaço nesse segmento dominado com larga margem pela Hilux e S10.