Testamos a nova geração da picape média mais cobiçada do mercado brasileiro
Mauro Cassane
TranspoData, Divulgação
Vamos começar logo pelo preço: o modelo topo de linha da icônica Hilux, o modelo GR-Sport, custa, em média, R$ 372.890,00. Frotista que está acostumado a comprar caminhões sabe muito bem fazer a famigerada equação custo/benefícios. Esse carro, um dos mais caros em sua categoria, também é um dos mais completos e eficientes além de oferecer salto positivo nesta equação.
A Hilux, historicamente, é a picape média mais vendida do País. Ano passado, o mercado absorveu 46.200 unidades (considerando todos os modelos). Deste total, 1.123 unidades foram da GR-Sport. Por aí é possível notar o nível de exclusividade desta versão especial.
Avaliamos o modelo. Rodamos 320 quilômetros com ela sendo 200 em estrada, 100 na cidade e cerca de 20 quilômetros em terra batida (sem atoleiros). É, sem nenhuma dúvida, uma picape diferenciada.
A Hilux GR-Sport chama a atenção por onde passa por sua cara positivamente esportiva. Em paradas nos postos estradeiros, rodando pelas estradas ou no trânsito frequentemente flagramos pessoas virando o pescoço para olhar a frente com linhas mais agressivas, as rodas esportivas e os detalhes que lembram um SUV de luxo.
Essa é a quarta geração Hilux GR-Sport. Produzida em Zárate, na Argentina, ela foi lançada em março do ano passado. É um produto assinado pela divisão esportiva da Toyota, a GAZOO Racing.
Os pontos técnicos que chamam mais a atenção são: suspensão (altamente confortável e equilibrada), os freios são mais eficientes e agregam ótima sensação de segurança (pressiona-se, de leve, o pé no pedal de freio e é nítida a sensação de segurança na parada) e as bitolas traseira (acréscimo de 15 mm) e dianteira (acréscimo de 14 mm) são mais largas (o que justifica os paralamas mais bojudos que agrega outro toque de esportividade ao veículo).
Os freios mais eficientes e bitolas mais largas se justificam pois os engenheiros da GAZOO Racing fizeram ajustes na motorização da Hilux GR-SPORT para torná-la mais “nervosa” que suas irmãs de trabalho e lazer. O motor é o mesmo e bem conhecido Toyota turbodiesel 2.8L 16V, 4 cilindros em linha. A “mexida” foi na configuração do turbocompressor de geometria variável (TGV) e intercooler (1GD) que elevou a potência a 224 cv e o torque a 55,0 kgfm.
Com esse motor mais esperto a diferença é notória na tocada. Há dois modos de condução com suas funções bem claras: “eco” (de econômico, evidente) e “power” (que torna a tocada bem mais esportiva). O botão fica no console, de fácil visualização, e a diferença de tocada nos dois modos é brutal.
No modo “eco”, mais recomendável, você assume o controle da Hilux GR-S. Ela fica, digamos assim, mais “domada” e econômica. Usamos este modo em praticamente 90% de nosso test drive. A potência dos 224 cv chegam de maneira equilibrada. As ultrapassagens são eficientes e rápidas. E você tem a clara sensação de ter o carro na sua mão e sob seu comando.
Agora, acionado o modo “power”, a metamorfose é instantânea. Parece que vira outro carro. Aí o bicho pega. A Hilux GR-S vira um puro-sangue bruto e nervoso. Uma triscada a mais no acelerador e ela pula para frente. A sensação é que os 224 cavalos ficaram arredios e prontos para disparar.
No modo “power” a tocada fica mais agressiva. É preciso recorrer mais à eficiência dos freios. Vira, efetiva e rapidamente, um carro esportivo de grande porte. Os engenheiros da GAZOO Racing fizeram um bom trabalho. Poucos são os veículos em que fica tão notório e gritante esses dois modos de condução. Evidentemente que no modo “power” o condutor não deve nem pensar em fazer “média boa” de consumo. Gasta bem mais.
O bom é que a transmissão automática de seis velocidades foi muito bem dimensionada para atender ambas situações “eco” e “power”. Na primeira as trocas são suaves, quase imperceptíveis. Já na segunda opção, que demanda bem mais potência, as trocas buscam as marchas mais pesadas, há mais reduzidas, sempre se harmonizando para deixar o motor trabalhando em alto giro em tempo integral (exceção à marcha lenta).
A experiência de pilotar a Hilux GR-Sport é muito gratificante. Nos trechos em terra, diferente das antigas picapes Hilux, que eram robustas mas duras, a nova geração da GR-Sport parece flutuar pelos buracos. A suspensão apoiado em amortecedores monotubo (que são vermelhos, para destacar esportividade) com maior diâmetro de pistão asseguram o que se espera em situações off road: robustez com conforto.
Além disso, outro ponto que os novos amortecedores ajudam, e muito, e na estabilidade. Nas curvas, mesmo em tocada no modo 4×2, o carro entra e sai firme, passando boa sensação de segurança.
O design da Hilux GR-Sport também favorece a performance oferecendo melhor eficiência aerodinâmica. A grade frontal, em colmeia, melhora o resfriamento e ajuda também a diminuir o arrasto junto com os dutos laterais. O tradicional Santo Antônio, antes de metal, foi substituído por material plástico e acabou assumindo papel de aerofólio para fixar a caçamba mais no chão.
O interior da Hilux GR-Sport foi pensado para o usuário se sentir em um carro de luxo. Os bancos dianteiros, com ajustes eletrônicos para o motorista e manual para o passageiro, são revestidos com couro natural, suede e material sintético com detalhes vermelhos nas laterais. O painel e console central são na cor preto brilhante e o volante multifuncional vem revestido em couro com costura aparente que dá mais conforto e torna a direção bem mais agradável.
Os alto-falantes JBL nas duas laterais no painel dianteiro passam um ar ainda mais esportivo. O sistema multimídia com tela de nove polegadas tem tamanho harmonioso com o restante dos itens do painel (nem grande, nem pequeno).
Cada unidade recebe, no console, placa da GR com numeração o que sugere maior exclusividade. As pedaleiras são de alumínio e os tapetes são assinados pela GAZOO Racing.
Quem olha a Hilux GR-Sport de frente a confunde com uma SUV mais esportiva. Os faróis bi-LED compõem conjunto esportivo com o capô dando a impressão que o carro é mais rebaixado na frente (a maioria das picapes passa exatamente a ideia oposta, de uma frente mais levantada).
Já a câmera de ré tem resolução boa embora seria legal se tivesse maior luminosidade para a noite. Os faróis Bi-LED contam com ajuste automático de altura e as lanternas traseiras, também são de LED. Um sistema bacana, de luxo, é o “Smart Entry System”, que permite destravar as portas pressionando o botão na maçaneta de abertura da porta do motorista, mantendo a chave inteligente no bolso, facilitando também a operação de partida do veículo com o sistema “Push Start Button”.
A quarta geração da Hilux GR-Sport é, sem dúvida, uma picape diferenciada. Chama a atenção por onde passa porque a GAZOO Racing acrescentou diversos detalhes que conferiu ao carro mais beleza e, sobretudo, esportividade. Sem perder seu DNA off road é um veículo que faz bonito no dia a dia da vida urbana e, no quesito glamour, também leva nota 10.