O investimento em infraestrutura apresentou o pior resultado, desde 2008. Neste ano será destinado apenas 0,32% do PIB para o setor. De acordo com o levantamento da FGV Transportes, centro de pesquisa do segmento, a menor porcentagem registrada até então era de 0,85% em 2010.
Lembrando que os 0,32% só será atingido se todo o investimento previsto para 2019 for realmente concretizado.
De acordo com o estudo, que abrange dados de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos e hidrovias, são necessários aportes anuais de 2,5% do PIB. Entretanto, ao longo dos últimos 10 anos, o Brasil está fazendo desinvestimento, ou seja, tornando pior a infraestrutura já existente. Ainda segundo o levantamento, para fazer a recuperação e a manutenção, são necessários 3% do PIB. Apenas com a aplicação de recursos acima desse patamar, o Brasil conseguiria expandir a sua rede de infraestrutura.
Marcus Quintella, um dos coordenadores do FGV Transportes, observa que, embora o Brasil tenha uma base grande de infraestrutura, as condições do sistema são ruins e estão se deteriorando. “O país tem a quarta maior malha rodoviária do mundo, com 1,6 milhão de quilômetros, porém apenas 13,7% são pavimentados – 57% das estradas estão em condições ruins ou péssimas. Já a malha ferroviária é a décima maior do mundo, com 30 mil quilômetros, mas apenas 10 mil quilômetros são explorados, com concentração no escoamento de minérios e derivados. Há 137 portos e terminais, dos quais apenas 45 têm conexão internacional, mas com graves deficiências”, esclarece Quintella.
Queda do investimento em longa data
O levantamento também assinalou que desde 2014, o investimento público no sistema de infraestrutura desabou e a iniciativa privada passou a ser o principal investidor. Entretanto, o aporte privado também vem caindo, em função do forte sistema de regulação que desestimula o capital privado em tempos de crise fiscal e econômica. Dos 0,32% do PIB previstos para 2018 em investimento na área de infraestrutura, 0,15% deverão ser recursos públicos, enquanto 0,17%, capital privado.
O estudo mostra o perfil “rodoviarista” do Brasil, que tem 63% da carga movimentada por rodovias. O sistema rodoviário é o que mais recebe recursos, mesmo assim muito abaixo do necessário. Com isso, já se observa a diminuição do quilômetro pavimentado no país. Desta conjuntura, aponta o levantamento, resultam aumentos de custo logístico, danos aos veículos, perdas de carga e gastos na saúde em função de acidentes. Torna-se mais caro exportar, há perda de competitividade interna e externa e os produtos ficam mais caros no ponto de venda ao consumidor.