Projeto multimodal garantirá eficiência logística e redução de 60% nas emissões de CO²

Roberto Hunoff

Foto Inpasa, Divulgação

O Grupo Inpasa vai mais que dobrar a capacidade de movimentação de etanol no modal ferroviário, elevando o volume total transportado para 1,01 bilhão de litros ao ano. Para isso, a empresa adquiriu 50 vagões e duas locomotivas, em um negócio ao redor de R$ 100 milhões, que serão operacionalizados pela Rumo, maior operadora de ferrovias do Brasil.

Atualmente, o grupo entrega etanol para 23 estados brasileiros e outros quatro continentes, por meio dos modais rodoviário, dutoviário, fluvial, marítimo e ferroviário. Com a aquisição de vagões próprios, a empresa, além de ampliar a distribuição por trilhos, vai reduzir em até 60% as emissões de CO².

Os materiais rodantes devem trafegar no trecho entre Rondonópolis (MT) e Paulínia (SP), percorrendo aproximadamente 1,2 mil km, até chegar em São Paulo, um dos maiores mercados consumidores de combustíveis do Brasil. O trecho a ser percorrido pela via ferroviária representa 17 mil viagens de caminhões por ano nas estradas do país.

O grupo é responsável por 10% do mercado nacional brasileiro de etanol, o que corresponde a 5,9 milhões de automóveis abastecidos. Além disso, são 100 milhões de litros exportados ao ano com certificação EU RED para todos os países da União Europeia e Japão. “Por meio da ferrovia, vamos otimizar o custo logístico e dar mais segurança ao transporte e entrega aos clientes”, afirma o diretor comercial de etanol da Inpasa Brasil, Gustavo Mariano Oliveira. Pelos dados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, a Inpasa é a maior produtora de etanol da América Latina e líder no fornecimento do biocombustível no país.

Para a Rumo, este é mais um importante passo para a sua agenda de crescimento, para contribuir com a viabilização da infraestrutura logística e redução de custo de transporte da Inpasa, parceira da concessionária desde 2021. “Estamos falando de um modelo inovador que decidimos estabelecer com parceiros desde 2022”, afirma o vice-presidente comercial da Rumo, Pedro Palma. “A partir desta operação conjunta, colocaremos em operação um modelo de negócio capaz de proporcionar cadência e previsibilidade no suprimento de etanol da Inpasa para as regiões que atende, e estabilidade e ganhos de produtividade da nossa empresa”, acrescenta.

Como a vida útil dos vagões é estimada em 40 anos, a Rumo deverá ter um ativo para uso por 30 anos após o período de término da locação pela Inpasa. A manutenção dos vagões é de responsabilidade da operadora. Além de representar um passo estratégico comercial, a parceria com a Inpasa vai de encontro aos planos de crescimento da Rumo no mercado de biocombustíveis. “A Rumo já transporta aproximadamente 20% do volume do biocombustível do estado de São Paulo. Futuramente, com a conclusão das obras da Ferrovia de Integração Estadual de Mato Grosso, que estão sendo desenvolvidas pela Rumo, conseguiremos trazer ainda mais velocidade e dinamismo para o escoamento da produção”, explica Palma.

Equipamentos com tecnologia de ponta  

Os vagões foram desenvolvidos e fabricados pela Greenbrier Maxion, a maior operação ferroviária da América do Sul, em aço com baixa liga estrutural, com alta resistência mecânica e à corrosão atmosférica e com capacidade para 105 mil litros, aumento de 2 mil litros em relação ao modelo convencional. Os veículos foram projetados para o carregamento superior e descarregamento inferior, com descarga central, além de serem equipados com o engate tipo “E” Double Shelf com haste “F”, com operação rotativa inferior, mais robusto e antidesacoplamento, e com válvula sensora de carga.

Outro diferencial apontado pelo fabricante é o truque tipo Motion Control® – Truques Premium, desenvolvido especificamente para as condições operacionais e de via permanente das ferrovias brasileiras. Por meio da otimização do comportamento dinâmico do vagão, proporciona aumento significativo da segurança operacional e vida útil dos componentes, além da redução no custo de manutenção.

Para Luis Gustavo Rocha Vilas Boas, diretor executivo de vendas e marketing da Greenbrier Maxion, a aquisição de ativos pelos chamados usuários finais tem crescido nos últimos anos. “É um modelo de negócio novo e que demonstra o interesse das empresas em ampliar o transporte de carga por ferrovias”, destaca. Segundo o executivo, a indústria ferroviária tem tecnologia, capacidade e projetos inovadores para atender esse novo modelo de negócio, alavancando assim o modal ferroviário brasileiro de carga.

 

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