Em entrevista exclusiva à Transpodata, Gustavo Bonini, vice-presidente da ANFAVEA, fala sobre as expectativas das montadoras durante a Fenatran e como encara e eletrificação de caminhões no Brasil 

Mauro Cassane

Imagem, Divulgação

  • Há algum sinal de novas marcas de caminhões entrarem para a Anfavea?

Não há nada em negociação, mas nossa entidade está de portas abertas às empresas interessadas em participar das nossas atividades setoriais. Temos um mercado importante e uma demanda crescente por inovação e tecnologia.

  • Quais novidades apresentadas no IAA podem também ser apresentadas na Fenatran?

No que se refere às tecnologias, observamos que já temos hoje no Brasil, em fabricação, praticamente todas as tecnologias que vemos lá fora: eletrificação, gás, biometano, biodiesel e diesel verde. Naturalmente, alguns modelos e especificações de veículos são mais direcionados para atender este ou aquele mercado, levando-se em consideração as especificidades dos segmentos atendidos.

  • IAA e Fenatran serão sempre no mesmo ano a partir de agora? Vai ter alguma mudança? Isso faz sentido?

Antes da pandemia do Covid 19, as duas feiras aconteciam em anos alternados e acabaram por ficar no mesmo ano quando da suspensão de uma das feiras durante o ano mais crítico de isolamento social, onde praticamente não houve qualquer feira de negócios. No momento não há expectativa de mudança nas datas bienais da Fenatran, no entanto é sempre possível que seja rediscutido.

  • A Fenatran está muito distante, tecnologicamente, do IAA?

O mercado de caminhões é exigente por natureza em qualquer lugar do mundo e, desta forma, o investimento dos fabricantes é constante. Já temos em fabricação no Brasil praticamente todas as tecnologias feitas lá fora em termos de propulsão. É claro que, dadas as características econômicas da Europa, alguns modelos “conceito” ou alguma tecnologia em desenvolvimento aparecem primeiro por lá. Mas o “gap” é curto ou quase inexistente.

  • Vocês têm ideia de quantos lançamento de caminhões as montadoras farão na Fenatran?

Cada associada nossa tem sua estratégia bem reservada até o momento, então não temos como dizer. Mas o histórico desta, que é uma das mais importantes feiras de negócios da América Latina e uma das principais em que a Anfavea participa, mostra que este espaço e momento é sempre utilizado para que as montadoras mostrem suas inovações e tecnologias, ainda mais em um momento crescente de oportunidades com a transição energética e com a descarbonização. Aproveito para reforçar o convite à feira: quem for, verá!

  • Considerando vendas em alta no segundo semestre e a positiva expectativa de grandes negócios a serem realizados na Fenatran, vendas de caminhões podem passar de 140 mil unidades neste ano?

Nossas projeções já contemplam as atividades e feiras ao longo do ano e estamos mantendo os nossos números. Porém, é evidente que sempre desejamos que os nossos números sejam superados.

  • E como ficou o plano de renovação de frota? Há espaço para isso, efetivamente, acontecer no Brasil?

Temos dados passos importantes na Renovação de Frota, como as medidas que foram tomadas no ano passado através da MP1175. A Renovação, mais que uma Política Pública, é um “mindset” que devemos perseguir buscando de forma perene, lembrando que seu principal objetivo é dar um destino sustentável aos veículos com mais de 25 anos de uso e motivar a compra para um veículo mais novo – e não necessariamente zero quilômetro – criando um círculo virtuoso que no longo prazo pode deixar nossa logística mais segura e sustentável.

  • Na sua opinião faz sentido caminhões elétricos pesados no Brasil? Outras alternativas como biocombustível e gás não seriam mais viáveis?

Caminhões elétricos fazem sentido sim, para vários segmentos. Assim como os biocombustíveis e o gás. Vemos que o futuro não será apenas elétrico, mas eclético, e que cada tecnologia tem o seu melhor aproveitamento em determinados segmentos, regiões e aplicações. Não há bala de prata. Mais do que competir, estas tecnologias colaboram juntas para a descarbonização. A Anfavea acaba de divulgar um estudo com a BCG que mostra exatamente este cenário amplo e diverso de tecnologias.


<< Anterior                                                                                                                                                           Próxima  >>

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here