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Scania anuncia 2 bilhões de reais em novo ciclo de investimentos no Brasil e vai produzir ônibus 100% elétrico no País

Fabricante já reservou 60 milhões de reais para começar a produzir ônibus urbano elétrico em sua planta de São Bernardo do Campo, SP

Mauro Cassane

Scania, Divulgação

A Scania anunciou que vai produzir ônibus urbano 100% elétrico no Brasil a partir do ano que vem. Uma linha exclusiva vem sendo preparada para este fim em sua fábrica de São Bernardo do Campo, SP. Primeiros testes de produção acontecerão em março de 2025 e, de acordo com expectativa da engenharia da empresa, em setembro do próximo ano chassis elétricos serão entregues aos clientes.

O novo ônibus produzido no País será o primeiro resultado visível do novo ciclo de investimentos anunciado pela empresa no Brasil, de 2 bilhões de reais, para o quadriênio de 2025 a 2028. Deste montante, 60 milhões de reais serão investidos unicamente na preparação da nova linha de montagem do ônibus urbano elétrico da marca bem como no desenvolvimento de ferramental exclusivo e fornecedores locais.

A fábrica da Scania no Brasil será a terceira planta da marca, no mundo, a produzir ônibus elétricos (atualmente a Scania já produz este tipo de veículo na Suécia e na Polônia). O ônibus será montado sobre o chassi mais conhecido da empresa, da Família K. O modelo elétrico já tem nome, sobrenome e preço sugerido: batizado de K 230E B4x2LB com preço estimado de 2 milhões de reais (sem encarroçamento).

O modelo K pode ter chassis de 12 a 14 metros e tem capacidade para transportar até 80 passageiros. Com opções de quatro ou cinco packs de baterias, a autonomia vai variar de 250 km a 300 km. A área comercial da Scania está animada com o projeto e anunciou que vai fazer pré-venda já a partir de agosto no estande da empresa na Lat.Bus 2024, evento que acontece de 6 a 8 de agosto na Expo Imigrantes, na capital paulista.

De acordo com Alex Nucci, diretor de vendas da Scania, a expectativa é comercializar, entre 40 e 50 unidades deste veículo no ano que vem. “Vamos começar já a sentir a demanda na feira mas entendemos que, pelas consultas e pelo comportamento do mercado, chegaremos a quase 50 unidades em 2025 e podemos dobrar este número no ano seguinte”.

Nucci disse que, embora a Scania fará ano que vem seu próprio ônibus elétrico, a parceria que firmou em 2022 com a Eletra, Caio (carroceria) e Weg (motor e bateria), segue normalmente para desenvolver outro produto igualmente elétrico. “Neste formato de negócio, a Scania fornece apenas o chassi. São veículos completamente diferentes”, conta Nucci.

Conheça o ônibus elétrico da Scania

Marcelo Gallao, diretor de desenvolvimento de negócios da Scania, é um engenheiro professoral. Ele é bom para explicar técnica e didaticamente as novidades da empresa. Explicou, por exemplo, que a autonomia de 250 a 300km foi avaliada sob as condições mais severas (isso indica que, em condições mais suaves e normais, pode ter uma autonomia um pouco maior).

Também, como é tradição da marca sueca, seus equipamentos mais importantes são todos feitos em casa mesmo. “O K 230E B4x2LB tem motor elétrico Scania, câmbio Scania e bateria Scania-Northvolt”. Na primeira fase da produção, em março do ano que vem, tudo será importado e montado aqui. “Mas estamos acelerando o processo para termos grande número de fornecedores locais”. O executivo garantiu que, inclusive para aqueles cabos alaranjados de alta tensão que vem com conectores de alta segurança.

O motor elétrico ganhou até novo nome na engenharia da Scania. Eles batizaram-no de “máquina elétrica”. Vai ter 230 kW que equivale a 310 cv de potência e vai trabalhar com dois regimes de marchas (como a maioria dos elétricos). “Ele vai modular nessas duas marchas e conectar no eixo traseiro. O ônibus tem um carregador de 130 kW, numa capacidade de carregamento de 150 a 170 minutos”, diz Gallao.

O propulsor é chamado EMC 1-2, tem potência contínua de 230kW a 1.750 rpm, torque de 2.200Nm a 0 rpm (curva plana em regime contínuo) e potência de pico de 300kW a 1.400 rpm.

“No motor a combustão tradicional, o máximo torque é obtido após a aceleração contínua. Este elétrico é diferente. Ele já desenvolve o pico de torque em zero rotação, ou seja, assim que sair da imobilidade”.

Na apresentação do novo produto, Gallao chamou a atenção da imprensa para o diferencial das baterias que serão de NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto), quando a maioria dos veículos elétricos fazem uso das baterias de LFP (lítio-ferro-fosfato). Segundo o engenheiro da Scania, as baterias de NMC dispõem de maior densidade de carga, o que significa menos peso total do veículo e, consequentemente, mais capacidade para transportar passageiros.

Essas baterias são produzidas também pela Scania, na Suécia, em parceria com a empresa Northvolt, especialista neste tipo de produto. Em 2023, a Scania inaugurou nova fábrica de baterias em Södertälje, na Suécia, onde células de bateria são montadas para caminhões e ônibus elétricos pesados.

No projeto do novo ônibus, as baterias serão dispostas da seguinte maneira: um pack na parte traseira e os demais (três ou quatro packs) no teto do veículo. “Assim garantimos mais segurança ao conjunto de baterias”, afirma Gallao.

 

 

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