Segmento de caminhões foi o único com resultado negativo no ano, que teve em motocicletas, automóveis e comerciais leves os principais impulsionadores dos negócios
Roberto Hunoff
Foto Banco de Imagens, Divulgação
Com alta de 10,7% sobre o resultado de novembro, o mês de dezembro registrou 400.020 emplacamentos, fazendo com que 2023 fechasse com aumento de 12% sobre o ano anterior, totalizando 4.108.041 unidades vendidas. À exceção de caminhões, os demais segmentos registraram evolução anual, com destaque para motocicletas, com 16,1%, e automóveis e comerciais leves, com 11,3%. As informações são da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), que também projetou incremento de 13,54% para
este ano, ultrapassando a casa dos 4,5 milhões de emplacamentos (leia mais abaixo detalhes da estimativa).
O presidente da entidade, Andreta Jr., destacou que, pela primeira vez, desde 2019, os emplacamentos de automóveis e comerciais leves superaram o volume de 2 milhões de unidades vendidas. “É preciso considerar, no entanto, que as medidas provisórias estimularam o setor. Mostra que é necessária a busca de soluções permanentes que mantenham o mercado aquecido”, defendeu.
O dirigente ainda citou como fator decisivo para o resultado a melhora do crédito, com início do ciclo de redução da taxa de juros, nos últimos meses do ano. “A disponibilidade e o custo do crédito têm muita influência na decisão de compra dos consumidores. Com a ligeira melhora na inadimplência, no último trimestre de 2023, percebemos maior disponibilização de crédito por parte das instituições financeiras, e isso foi captado pelo mercado”, argumentou.
ÚNICO NO VERMELHO
O segmento de caminhões foi o único a apresentar retração em 2023, porém, abaixo da estimativa inicial. A queda é atribuída ao custo da mudança da tecnologia para o Euro 6, que foi sendo, aos poucos, incorporada pelos transportadores. “No decorrer do ano, a atividade foi se ajustando e as taxas de juros ficaram menores, favorecendo os financiamentos. O agronegócio também beneficiou o setor”, avaliou Andreta Jr.
Os 104.155 emplacamentos foram 16,5% menores na comparação com 2022. Dezembro, com 10.068 unidades, avançou 11% sobre novembro, mas retrocedeu 16,5% diante do último mês de 2022.
SEGUNDO MELHOR RESULTADO
Com a retomada das compras por parte dos transportadores rodoviários e a ampliação das aquisições governamentais, notadamente, o Programa Caminho da Escola, o segmento de ônibus registrou a segunda maior alta de todo o setor. “Foi um ano de recuperação para ônibus, mas é preciso lembrar que este foi o segmento mais afetado pelos reflexos da pandemia. Desta forma, a
evolução parte de uma base baixa, mas consistente”, avaliou o presidente da Fenabrave.
O mercado absorveu 24.622 unidades em 2023, incremento de 12,5% sobre o ano anterior. O resultado de dezembro, de 1.877 unidades, no entanto, foi 30% menor em relação ao mesmo mês de 2022 e 3,45% na comparação com novembro.
ANO ATÍPICO PARA IMPLEMENTOS
O exercício de 2023 foi atípico para o segmento de implementos rodoviários, que costuma apresentar desempenho similar ao de caminhões. “Com a mudança de tecnologia para o Euro 6, muitos transportadores preferiram trocar os implementos, postergando a compra do caminhão. Esse movimento causou um descompasso entre o desempenho dos dois segmentos, com aumento dos
emplacamentos de implementos rodoviários, e queda de caminhões”, analisa Andreta Jr.
O setor totalizou a entrega de 90.269 veículos rebocados no ano passado, alta de 8,5%. Com 7.874 unidades, dezembro praticamente repetiu o resultado do mesmo mês de 2022, e cresceu 3,5% em relação a novembro.
RECUPERAÇÃO COM INCENTIVOS
Apesar de ainda distante do recorde histórico de 2012, superior a 3,6 milhões de unidades, os segmentos de automóveis e comerciais leves
apresentaram recuperação em 2023. “Após um primeiro semestre desafiador, as vendas destes segmentos tiveram forte incremento com os incentivos temporários do governo federal e com mais disponibilidade de crédito no último trimestre. O mês de dezembro teve comportamento ainda melhor em função das vendas corporativas. Agora, é preciso buscar alternativas para trabalhar o aumento de escala e o maior acesso ao crédito desses segmentos”, afirmou o presidente da Fenabrave.
O mercado absorveu 1.720.841 automóveis, alta de 9% sobre 2022. Em dezembro, foram entregues 187.753 unidades, volume 14,4% maior sobre igual mês de 2022, e 17% em relação a novembro. Os comerciais leves somaram 458.522 emplacamentos, evolução de 20,5%. O mês de dezembro, com 48.846 vendas, foi 28,5% superior a igual período de 2022 e 19% sobre novembro.
FORTE EXPANSÃO
Os segmentos de automóveis e comerciais leves híbridos e híbridos plug-in encerraram 2023 com 74.638 unidades vendidas, alta de 83% sobre o ano anterior. “É um mercado que vem se desenvolvendo, com a chegada de novas marcas”, destaca Andreta Jr.
Ainda mais forte foi a evolução em automóveis e comerciais leves puramente elétricos, que somaram 19.332 emplacamentos, incremento de 128%. “O volume ainda é baixo, mas vimos que há um crescimento significativo, em função da redução de preços, que atraiu mais consumidores”, observa.
PRINCIPAL DESTAQUE
Apesar de ter apresentado expansão um pouco menor do que a esperada, em função dos problemas de abastecimento de produtos, o segmento de motocicletas foi o grande destaque de 2023, com alta de 16,1% sobre o ano anterior. O setor somou 1.581.527 unidades vendidas. Em dezembro, foram entregues 132.752 unidades, altas de 0,5% sobre igual mês de 2022 e 1,75% em relação a novembro. Com 8.374 unidades emplacadas ao longo de 2023, as motocicletas elétricas avançaram 15% sobre o ano anterior.
O presidente da Fenabrave destaca que as motocicletas têm assumido papel importante no sistema de mobilidade dos brasileiros. Enfatiza tratar-se de uma forma econômica de transporte individual e perfeita para entregas de pequenos objetos em cidades de todos os portes. “Com uma possível melhora do crédito, o segmento ainda tem vasto potencial de crescimento”, acredita.
EM COMPASSO DE ESPERA
O segmento de tratores e máquinas agrícolas segue enfrentando os reflexos do clima instável no país. “Com perspectivas de atraso ou até perda de safra em algumas regiões, o mercado de equipamentos para o campo segue em compasso de espera”, comenta o presidente da Fenabrave.
No acumulado de 11 meses, a atividade apura recuo de 13% na comparação com igual período de 2022. Por não serem veículos emplacados, os dados do segmento têm um mês de defasagem, pois dependem de levantamento junto aos fabricantes.
PROJEÇÃO DE 13,5% DE ALTA PARA 2024
As primeiras projeções divulgadas pela Fenabrave apontam para crescimento geral de 13,54%, considerando todos os segmentos somados, totalizando 4.518.871 de unidades emplacadas no mercado interno. Para automóveis e comerciais leves, a entidade projeta 12%, alcançando 2.440.887 unidades. “Estimamos uma possível melhora na oferta do crédito, assim como um ambiente positivo na indústria, que terá mais incentivos para o desenvolvimento de novos produtos, a partir do Programa MOVER, recém- anunciado pelo governo”, analisa o presidente Andreta Jr.
Já os caminhões devem crescer 10% em 2024, com cerca de 114.571 emplacamentos. “Continuaremos com situações que podem favorecer o segmento, como a total consolidação do Euro 6, a melhora do crédito e a evolução do agronegócio, que mantém o segmento de pesados, com 50% de participação deste mercado”, declara. Seguindo o rumo dos caminhões, os implementos
rodoviários pesados deverão crescer 10%, totalizando 99.296 unidades emplacadas.
O segmento de ônibus promete apresentar crescimento de 20% em 2024, com total de 29.546 unidades. “Este comportamento se deve a fatores como o programa Caminho da Escola, que terá 16 mil novas unidades; aumento do transporte rodoviário, em função da elevação dos custos das passagens aéreas; e renovação de frota de ônibus urbanos”, explica.
As motocicletas, segundo as projeções da entidade, não deverão sofrer perda de oferta ou demanda, o que levará o segmento a um aumento de 16% nos emplacamentos sobre 2023, chegando a 1.834.571 unidades. As estimativas de máquinas agrícolas serão anunciadas em fevereiro, com o fechamento dos volumes de 2023.
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