Um olhar analítico sobre a Digitaização no transporte

No último episódio da Série Notáveis do Transporte: A Digitalização no Transporte, convidamos um grande amigo para mediar este evento, Tayguara Helou, um mestre no assunto de digitalização no transporte rodoviário. Ele é presidente do Urbano Bank, diretor de desenvolvimento e novos negócios da Braspress. foi presidente do SETCESP – Sindicato das Empresas de Transportes de Carga de São Paulo e região, onde realizou dois mandatos. Após o evento ele nos deu uma breve entrevista sobre o assunto, além das perspectivas para o setor em 2023.

TRANSPODATA: Em um importante encontro com especialistas no setor de Soluções Digitais de Transporte e Logística, recebemos aqui Tayguara Helou. Bom Tayguara, acho que eu aprendi muito, acho que todo mundo que esteve presente no evento também adquiriu bastante conhecimento e ampliou a visão dentro desse processo futuro de digitalização. Mas eu gostaria de saber de você, além de tudo o que foi dito neste evento, o que nós podemos esperar para digitalização no transporte de modo geral?

TAYGUARA HELOU: Primeiramente é uma alegria estar aqui com vocês, participando desse bate-papo, conversar com os ouvintes e telespectadores do grupo TranspoData. Tentar levar um pouquinho mais de informação para o mercado, para o empresário e tornar essas informações uma referência. A gente falou muito sobre inovação, tecnologia, prevenção de acidentes, e esses temas quanto mais a gente fala, mais cultivamos outras pessoas. A gente mencionou no evento que qualquer investimento que seja feito no campo de segurança Viária, por exemplo, se salvar uma vida , já teve um bom resultado neste investimento. Ele é muito positivo e de fato muita coisa está acontecendo. As empresas estão inseridas no ambiente tecnológico e digital super avançado, quem não está de fato está tendo problema ou irá ter problema rapidamente. A pandemia acelerou esse desenvolvimento e essa transformação para a inovação do nosso setor, o que traz eficiência no final do dia, tendo um transporte rodoviário de cargas eficiente. Nós temos uma indústria eficiente, um varejo eficiente, um e-commerce eficiente e um mercado economicamente eficiente.

TRANSPODATA: Em relação aos caminhões autônomos numa cadeia de distribuição totalmente digitalizada, você acha que é ficção ou já é uma realidade?

TAYGUAR HELOU: O caminhão autônomo é uma realidade, mas um veículo 100% autônomo não tripulado, isso vai levar bastante tempo para acontecer e eu não vejo um caminhão 100% autônomo nas rodovias. O motorista vai ser mais ou menos que nem o comandante do avião, aeronave, o avião já é autônomo. E ai eu te faço uma pergunta, você já entrou em um avião sem piloto? TRANSPODATA: Não, mas no metro já! (risos) TAYGUARA HELOU: O Metrô é um local, um ambiente controlado e fechado, nós já temos veículos 100% autônomos em ambientes fechados como nas mineradoras. Mas eu não vejo nas rodovias e nas ruas um caminhão 100% autônomo, ainda vai ter um motorista como operando deste veículo. Hoje, o veículo autônomo tanto de passeio quanto os veículos comerciais, os caminhões, são mais eficientes do que o ser humano, porque eles se utilizam de uma série de ferramentas que o ser humano não tem, que é utilizar formação de radar, informação de sensores, câmeras inteligentes e o que eles chamam de laser link, atravessa inclusive a neve para poder fazer leitura de faixas, então cruzando todas essas informações o caminhão autônomo ele é muito mais eficiente e mais seguro do que um humano. Portanto é uma realidade agora é só questão de tempo.

TRANSPODATA: As empresas de transporte cujo a atividade principal consiste exclusivamente no transporte de mercadorias, elas podem desaparecer do mercado, com advento em um futuro dos drones, como você acha que vai ser feito essa logística?

 TAYGUARA HELOU: Nunca! A empresa de transporte nunca vai desaparecer do mercado. Até com no planeta mais desenvolvido e autônomo que a gente possa imaginar. Porque na verdade, a gente está falando da automação do processo logístico, nós não estamos falando de uma viagem espacial de desmaterializar um produto e materializar em outro lugar. Isso não existe nem em desenvolvimento ainda. Enquanto a gente precisar locomover uma massa, um produto de um ponto a outro, vamos precisar de um transportador. O transportador vai estar cumprindo essa realidade. Nós não somos empresários de caminhão, nós somos empresários de logística e soluções em transportes. Então, se for com drone, vamos fazer com drone, se for com caminhão autônomo, vamos fazer com caminhão autônomo. Independentemente da tecnologia o empresário vai continuar operando.

 TRANSPODATA: Você acha que o drone já tem condições de entregar uma mercadoria?

TAYGUARA HELOU: Vai haver um controle de espaço, isso eu não tenho dúvida, porque não vai ser o drone de mercadorias, mas sim o drone de pessoas. A própria Embraer está trabalhando no segmento do drone de pessoas. E já é uma realidade, já tem testes. Mas eu não vejo o transporte de mercadorias 100% em drones. O drone tem uma atuação específica também, como pequenas encomendas, encomendas com o valor agregado muito baixo. No Brasil a gente tem o desafio do roubo de cargas, até mesmo no veículo autônomo, porque qual é a premissa do veículo autônomo: proteger a vida. Então a pessoa que parar na frente do veículo, o veículo vai parar. Por exemplo, um carro forte, cheio de dinheiro 100% autônomo, e o bandido parar na frente, o carro vai parar, não vai tentar desviar, não vai tentar dar uma ré. Por isso que eu acho que o motorista no veículo comercial ele é fundamental. E eu acho que a automação não vai conseguir substituir isso, o ser humano nunca vai ser 100% substituído pela tecnologia. As pessoas estarão mais qualificadas, a fazer trabalhos mais nobres e deixar o trabalho mais braçal para as máquinas.

TRANSPODATA: Como Presidente do Urbano Bank, de que forma que a instituição pode colaborar com as empresas de transporte nesse processo de transição?

TAYGUARA HELOU: O Urbano Bank é uma Fintech que tem a capacidade de dar ao empresário a possibilidade de ele ser seu próprio banker do seu negócio. Ele potencializa negócios em ecossistemas de empresa em três pilares: Fornecedores: conta de pagamento digital, Pessoa Jurídica e Física para Fornecedores: com plataforma de antecipação de recebíveis e outros créditos. Nós também temos a nossa corretora Log, que impulsiona nessas plataformas apólices coletivas e seguros para essas frentes. Ou seja, todos esses universos, não conseguiriam condições sozinhos e no Urbano Bank eles conseguem. Todas as contas tem um cartão pré-pago que associa o saldo da conta digital, mas a pessoa pode usar esse cartão no ponto de compra na função crédito e débito. E para os clientes nós temos a parte de pós que são as maquininhas de cartão de crédito e links de pagamentos. O que o empresário pode fazer? Ele pode usar o seu próprio capital para poder remunerar esse ecossistema, financiar e potencializar muitos resultados sobre o seu capital. Mas, também pode dar condições ao ecossistema que sozinho mais uma vez ele não conseguiriam. O que aconteceu até hoje, é que o mercado financeiro, ele é dominado pelos grandes bancos e a gente não compete com o grande banco, nós somos parceiros. A gente aprimora a última milha do serviço financeiro e a gente usa o gran- de banco, nós somos parceiros. A gente aprimora a última milha do serviço financeiro e a gente usa o grande banco, inclusive para poder fazer esse trabalho. Mas o banco tem uma escala muito grande, que é difícil ele entender as características, as necessidades de todos os segmentos, de todas as pessoas. Então a gente dá pra quem conhece esse ecossistema e poder fazer esse trabalho, levando condições super especiais para os colaboradores, fornecedores, e mais uma vez em especial para pequenos e médios clientes.

TRANSPODATA: Tayguara, quais são as perspectivas tanto do banco Urbano Bank quanto da Braspress para 2023, visto o cenário político e em questão de instabilidade?

TAYGUARA HELOU: O Urbano Bank é uma empresa do Grupo Braspress. O grupo Braspress em 2022 está com um desempenho muito positivo em todas as nossas unidades de negócio. O grupo deve crescer 27%, que já é uma escala bastante substancial, então nós vemos 2023 também com bons olhos. Temos boas oportunidades para 2023, estamos passando por um processo eleitoral eu acredito que o Brasil é muito mais forte do que todas as polêmicas que está acontecendo. Eu tenho obviamente as minhas leituras políticas mas eu acho independente do que acontecer vamos trabalhando para ajudar quem está no poder. Uma coisa é a gente defender agora o candidato que a gente quer. Quando um político acerta a gente tem que enaltecer, quando um político erra obviamente a gente tem que criticar e ajudar ele a mudar esse caminho. Mas, mais uma vez o Brasil é muito mais forte do que isso independentemente de quem ganhar as eleições, eu acho que a gente tem uma boa oportunidade em 2023. 2023 é um ano que indica uma crise global dos países de primeiro mundo, isso pode ser um problema para o Brasil mas já foi uma oportunidade no passado. Na crise de 2008 nos Estados Unidos, o Brasil conseguiu superar e sair muito bem disso, com o aumento por exemplo, da venda de commodities onde o Brasil tem uma participação muito importante. Então eu acho que o ano de 2023 pode sim ser muito bom!

Assista o Top View com Tayguara Helou e muito mais no canal do YouTube TranspoData (https://www.youtube.com/watch?v=jcWwJjNm-HM)

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