Emplacamentos de veículos pesados melhoram com juros menores e crédito menos restritivo

Roberto Hunoff

Fotos Banco de Imagens

Com até três feriados no mês (dependendo da localidade), o mês de novembro fechou com pequena retração no número de veículos emplacados. Dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) indicam 361.206 emplacamentos, recuo de 4% sobre outubro. Na comparação com novembro do ano passado, a alta é de 5,35%. No acumulado, as vendas estão 12,35% acima do mesmo período de 2022, com total de 3.707.996 unidades.

O presidente Andreta Jr assinala que estados, como São Paulo, tiveram apenas 19 dias úteis, contra 21 de outubro, o que afetou as vendas. Como sinais positivos cita o aumento das vendas diárias, indicação de que o resultado teria sido outro não fossem os feriados. Também elenca a queda nas taxas de juros e melhora no ambiente de crédito para o setor automotivo devido à menor inadimplência e à queda, para 7,6%, na taxa de desocupação da população no trimestre. “Estas variáveis devem ter ajudado a destravar o mercado, especialmente, no varejo, para pessoas físicas”, analisa. De acordo com o último relatório do Banco Central, a inadimplência para aquisição de veículos recuou 0,1 ponto percentual, enquanto o volume de transações cresceu 1,1%.

Indicativos de recuperação em caminhões

Após enfrentar meses de instabilidade conjuntural, o segmento de caminhões começa a dar sinais de recuperação. “Até o momento, o ano foi desafiador para caminhões. Os fatores que impediam melhores resultados, como o custo do crédito e dos veículos Euro 6, parecem arrefecer, aos poucos. Já temos cerca de 90% do mercado de novos com a tecnologia do Euro 6 e os bancos das montadoras têm ofertado taxas de juros abaixo de 1% para facilitar o financiamento, o que traz perspectivas mais otimistas para o setor, principalmente, em 2024”, projeta Andreta Jr.

Apesar da melhora, os resultados ainda são negativos. As montadoras entregaram 9.050 unidades, recuos de 9% sobre novembro de 2022 e de 1,3% em relação a outubro. No acumulado são 94.806 emplacamentos, queda de 16%.

Com a recuperação gradativa de caminhões, a queda nos emplacamentos de implementos rodoviários já era esperada, mas o segmento mantém números positivos no ano. “Até agora, com os entraves para caminhões, muitos transportadores optaram por trocar seus implementos, usando, muitas vezes, dois para cada cavalo. Com a melhora do cenário de caminhões e com boa parte dos implementos já renovados, esperamos certa estabilidade para o segmento até o final do ano, mas os dados serão positivos”, afirma.

Em 11 meses, as implementadoras entregaram 82.375 unidades, incremento de 9%. Em novembro, foram 7.606 emplacamentos, aumento de 22% sobre igual mês do ano passado e recuo de 15% na comparação com outubro.

A expectativa é que o segmento de ônibus encerre o ano com um dos maiores aumentos percentuais de todo o setor. “Apesar da base baixa de comparação, o mercado de ônibus vem acumulando bons números, com o retorno de investimento por parte dos transportadores e a retomada de programas governamentais de transporte público, como o Caminho da Escola”, assinala Andreta Jr.

Em novembro, foram entregues 1.944 chassis, recuo de 8% sobre igual mês do ano passado e aumento de 0,8% em relação a outubro. No acumulado do ano, o incremento é de 18,5%, com 22.745 emplacamentos.

Comerciais leves e motocicletas seguem em forte curva crescente

Os segmentos de automóveis e comerciais leves mantiveram vendas acima do volume médio de 2022 e, em novembro, foram beneficiados pela melhora do crédito e redução das taxas de juros para financiamentos. “Os bancos passaram a ofertar melhores condições para financiamentos de automóveis e comerciais leves. Pequenas mudanças, como taxas de juros mais atraentes ou uma menor restrição na liberação dos financiamentos, por exemplo, fizeram diferença nos volumes emplacados”, ressalta.

Os comerciais leves somaram 40.956 unidades em novembro, alta de 23,5% sobre igual mês do ano passado e recuo de 6% em relação a outubro. No acumulado, são 409.686 emplacamentos, incremento de 19,5%. Nos automóveis, a queda foi de 1,5% sobre outubro, com 160.693 unidades, e alta de 1,2% em relação a novembro de 2022. Em 11 meses, são 1.533.106 unidades, aumento de 8,5%. No total, foram vendidos 1.942.792 veículos em 11 meses, alta de 10,5%. Em novembro, a soma é de 201.649 unidades, expansão de 5% sobre igual mês do ano passado e baixa de 2,5% em relação a outubro.

Os emplacamentos de automóveis e comerciais leves eletrificados cresceram no mês. Foram 10,6 mil unidades, mais do que o dobro de novembro passado, e alcançando a soma, dentre elétricos e híbridos, de 77,6 mil vendas em 11 meses. “É um mercado em consolidação e com boa evolução em 2023”, avalia o dirigente.

O mercado de motocicletas segue aquecido, com boa possibilidade de superar o volume de 1,6 milhão de motocicletas no ano. “A última vez que quebramos essa barreira foi em 2013, quando o mercado automotivo como um todo vivia um momento bem diferente do atual. Isso prova como a motocicleta se tornou importante para a mobilidade no Brasil. Os resultados poderiam ser ainda melhores não fosse a seca na Zona Franca de Manaus, que comprometeu o transporte de algumas marcas, assim como a restrição de crédito, que ainda se mantém para o segmento, no que diz respeito a financiamentos para motos de até 250 cilindradas”, afirma.

Em novembro, o mercado absorveu 130.469 unidades, alta de 11% sobre igual mês do ano passado e recuo de 4% na relação com outubro. No acumulado, já foram entregues 1.448.761 motos, aumento de 8,5%. As motocicletas eletrificadas acumulam 7,7 mil unidades emplacadas, volume 17,5% maior que o do mesmo período do ano passado.

Crise do agronegócio afeta máquinas agrícolas

Por não serem emplacados, tratores e máquinas agrícolas apresentam dados com um mês de defasagem, pois dependem de levantamentos junto aos fabricantes. Com muitas regiões do Brasil sofrendo efeitos do clima instável, com seca na Amazônia e excesso de chuvas no Sul, os produtores têm postergado as decisões de compra de equipamentos agrícolas. “É um período complexo para o agronegócio, com muitas regiões com excesso de chuvas e outras com secas intensas. Houve necessidade de replantio em várias localidades e safras como feijão, arroz, trigo e milho estão sendo impactadas”, analisa o presidente.

Segundo ele, o ano de 2023 poderá apresentar queda acumulada de cerca de 15% nas vendas de máquinas agrícolas. “O setor espera possível melhora apenas em 2024, ainda que sobre a base baixa deste ano. O futuro depende de produtividade e preços das commodities”, enfatiza.

 

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