Estradeiros antenados

Nova geração de caminhoneiros ama a profissão, quer se aperfeiçoar cada vez mais e lida muito bem com as novas tecnologias.

Os levantamentos não são tão precisos mas é possível estimar mais de dois milhões de motoristas de caminhões em atividade no Brasil. De acordo com pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT), essa ainda é uma atividade profissional predominantemente exercida por homens (cerca de 99,5%) contudo a participação das mulheres vem crescendo ano a ano e, atualmente já são 180 mil caminhoneiras trabalhando por todo o Brasil.

A pesquisa da CNT, realizada antes da pandemia, confirmou o que já se conhecia no setor: quase 70% dos motoristas são autônomos e cerca de 30% trabalham como empregados. A maioria dos profissionais são da região Sudeste (54%), seguido pelo Sul (23%), Nordeste (13%), Centro-Oeste (6%) e Norte (4%).

Constatou-se no estudo que a maioria dos motorista é composta por homens casados, com idade média de 45 anos e renda entre 4 e 5 mil reais. Outra constatação que também não foi exatamente novidade: 100% deles fazem uso de celulares para conversar entre eles, interagir nas redes sociais e usam app como Waze.

Os caminhões são cada vez mais tecnológicos. E há uma nova geração de profissionais que não estranha em nada as inovações todas que são apresentadas sistematicamente pela indústria automotiva.

Sobre os atrativos de ser caminhoneiro, 37% citaram a possibilidade de conhecer novos países e cidades, 31% valorizaram a vantagem de fazer novas amizades na lida da estrada e 27% elogiaram o fato da atividade permitir a flexibilidade no horário mesmo quando há prazos apertados para entregar cargas.

Já entre os pontos negativos a maioria, 65%, teme a falta de segurança nas estradas e pontos de descanso. Outros  31%, disseram que a profissão é desgastante e 29% sente falta do convívio diário com a família.

“Nos clientes são vários os desafios, muitas das empresas não permitem que abrimos as nossas caixas de cozinha, nos obrigando a comer fora, coisa que nem sempre é possível”, conta Francisco Sidiney Alves de Araújo, 35 anos, de Acopiara, CE, que tem de mais de 10 anos como profissional.

Acrescenta Francisco: “ficamos bastante tempo fora de casa e por mais que amamos a nossa profissão sentimos muita falta dos nossos lares. Motorista é para quem ama a profissão, se não amar a profissão não vai dar certo.  Eu amo a minha profissão, e isso me facilita vencer todos os meus desafios no dia a dia”.

Francisco toca no dia a dia o novo caminhão movido a gás natural. Trabalha com rota fixa basicamente entre São Paulo e Rio de Janeiro. Faz parte da geração de motoristas que não se intimida com novas tecnologias.

Douglas Noschang, 28 anos, de Santo Cristo, RS, sempre sonhou ser motorista. No ano passado, largou emprego administrativo em uma grande empresa metalúrgica da região para aceitar a oferta de ser motorista profissional. “Me sinto muito bem dirigindo caminhão, exerço a profissão com paixão buscando sempre cuidar do caminhão e fazer a melhor média de consumo”, comenta.

Douglas é outro motorista que se insere na profissão com total intimidade com a era digital. São os motoristas que estão mais habilitados para tocar os caminhões que chegam ao mercado com muita tecnologia embarcada.

“A tecnologia facilita a vida do motorista e permite maior eficiência na condução, por isso é sempre muito bem-vinda”, comenta. Como a maioria dos motoristas veteranos, Douglas reclama das condições ruins das estradas e dos perigos da falta de sinalização: “é preciso melhorar muito as estradas para diminuir os índices de acidentes”.

Para quem só dirige caminhões novos, a sensação é de puro contentamento. Alessandro da Silva Barboza, 43 anos, é de São Paulo, capital, motorista profissional há mais de 20 anos, faz parte do time de instrutores da Scania. “Quando estou atrás do volante, me sinto como um rei em seu trono e para mim é uma profissão muito gratificante. Alessandro já é a segunda geração de motoristas da família (o pai dirigiu caminhão até se aposentar).

Alessandro sintetiza o desejo da maioria desta nova geração de profissionais estradeiros: “Espero me aperfeiçoar cada vez mais com as tecnologias dos caminhões e que o mercado de transporte rodoviário seja mais valorizado, caminhoneiro é um verdadeiro herói das estradas”.

 

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