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Librelato, Divulgação
Indústria de implementos rodoviários espera repetir em 2022 o resultado deste ano, que foi de consolidação da recuperação da atividade
Mesmo com a pandemia do coronavírus, mas principalmente pela instabilidade no fornecimento de componentes e elevação dos preços dos insumos, a indústria brasileira de implementos rodoviários fechará 2021 com o maior volume de emplacamentos de veículos rebocados nos últimos 10 anos, superando inclusive 2013, quando chegou a 70.105 pinos. Até setembro, foram entregues 68.274 unidades, ou seja 97% do melhor ano. Sobre igual período de 2020, a alta é de 45%. Para o encerramento do exercício, a projeção da Associação Nacional de Implementos Rodoviários (ANFIR) é de chegar aos 95 veículos, algo como 35% sobre 2013.
Já o mercado de carrocerias sobre chassi seguirá longe dos melhores anos de vendas. Em 2012, foram entregues 107.871 unidades, o melhor resultados dos últimos 10 exercícios. Até setembro passado, os dados indicam 52.656 entregas, o equivalente a 96% de todo 2020. Em relação aos nove meses do ano passado, o incremento é de 37,5%. A estimativa para o fechamento do exercício é de 61 mil veículos, o melhor resultado desde 2015, mas apenas 56% do consolidado em 2012.
Na soma dos dois mercados, a ANFIR projeta em torno de 156 mil unidades, acréscimo de 28% sobre o total de 2020, de 121.866 veículos. O desempenho, porém, é 12% inferior ao resultado de 2013, o melhor dos últimos 10 anos, com 177.901 emplacamentos.
A avaliação do presidente da ANFIR, José Carlos Sprícigo, também CEO da Librelato, é que o resultado de 2022 ano seja muito próximo ao deste. Ele tem a continuidade de bom desempenho em duas atividades vitais para o segmento de rebocados, que são o agronegócio e a construção civil. Para o mercado de carrocerias sobre chassi, o dirigente vê mais dificuldades pelo aumento de concorrência, principalmente com pequenos furgões e motoboys, em razão da expansão dos grandes centros de distribuição de e-commerce nos centros urbanos.
Para Sprícigo, aportes mais robustos serão destinados à eletromobilidade e conectividade nos semirreboques, que tendem a ganhar vida autônoma quando desatrelados do cavalo mecânico. Há, segundo ele, um movimento crescente pelo aluguel dos equipamentos. “É um ecossistema em evolução, que precisará se comunicar. Será indispensável a conexão entre motorista, embarcador, transportador e cliente”, indica.
O otimismo, no entanto, está centrado no primeiro semestre que, na opinião de Sprícigo, seguirá no mesmo compasso deste ano. “Alcançamos este patamar porque a indústria tem capacidade para 100 mil pinos anuais. E parte da carteira ficará para o início de 2022”, observa.
Para o segundo semestre o comportamento é de cautela. “Acredito que será mais difícil do que o mesmo período deste ano em razão da tendência de juros mais elevados, inflação que pode chegar nos dois dígitos e o processo eleitoral”, alerta o empresário, que ainda aponta para maior dificuldade na obtenção de crédito. Outra preocupação é com gargalos ainda muito presentes no fornecimento de freios, cilindros hidráulicos e pneus, dentre outros, bem como o preço do aço que sofreu variações entre 100% e 120%, refletindo no custo final do produto.
De acordo com Sprícigo, a indústria seguirá investindo em aumento da capacidade instalada, mas com cautela e ciente de que não pode cometer o mesmo erro de 2013, quando imaginava não haver limite de crescimento. “O setor aprendeu que o mercado é cíclico, com quedas pontuais. Por isso, a cautela mesmo nos momentos de alta”, indica. Para elevar a produção, a indústria deve investir mais em tecnologia e automação. Ainda assim, o setor manterá admissões e deve fechar 2021 com mais de 70 mil empregos formais.
BOAS PERSPECTIVAS NA INFRAESTRUTURA
Sandro Trentin, diretor executivo da Randon Implementos, entende ser difícil superar o ano de 2021, que define como excepcional. Além do agronegócio e da construção civil, o executivo cita as oportunidades que devem surgir na infraestrutura primária em razão das concessões e privatizações. “Só com os contratos já fechados, temos boas perspectivas”, afirma. Trentin concorda que o primeiro semestre será bom, enquanto o segundo ainda mereça muita atenção. “Ano eleitoral é sempre mais sensível à confiança do consumidor”, avalia.
Trentino confirma que a empresa opera acima dos 90% da capacidade, razão para seguir os investimentos em aumento de capacidade. “Saímos de 130 produtos/dia para 150, pico alcançado em setembro”, informa. Aportes em inovação, automação, novos produtos e mais capacidade seguem como prioridades de forma a ganhar mais espaço no mercado e manter os prazos de entrega.
Para 2022, a marca inicia, de forma efetiva, a produção da nova fábrica de Messias, no estado do Alagoas, com foco em produtos leves, mercado em que tem de 2% a 3% de participação. “Não estamos deslocando produção, mas aumentando. A fábrica também se justifica porque o custo de frete deste produto se tornaria muito oneroso se montado nas unidades já existentes, além de o mercado do Nordeste ser muito forte nesta linha”, indica.
Reação também nas exportações
O mercado externo também deve seguir a curva crescente, com expectativa de 4,5 mil a 5 mil unidades, tendo o mercado da América do Sul como grande comprador, com destaque para Chile e Paraguai. O setor encontra dificuldade de expansão no continente africano, onde marca chinesas começam a ficar mais fortes, aproveitando o conhecimento obtido com as obras para a Copa do Mundo da África do Sul.
Até setembro, as vendas externas somaram 3.569 unidades, 120% de alta sobre igual período do ano passado. Em 2020, as exportações totais somaram 2.513 embarques, o pior resultado desde 2012, ano que foram entregues 5.810 veículos rebocados.
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