Depois de anunciá-los há dois anos, montadora começa oficialmente sua produção já para dar conta de três grandes pedidos.
Clientes de São Paulo e Rio de Janeiro com bom fôlego financeiro já podem encomendar os caminhões elétricos leves e-Delivery recentemente lançados pela Volkswagen Caminhões e Ônibus. A estratégia da montadora foi focar as vendas, inicialmente, nas duas maiores capitais do País por duas razões: nas duas metrópoles há a maior concentração de embarcadores engajados com a Pauta ESG e, também, fica mais fácil para a fabricante oferecer, no pacote de serviços, infraestrutura de carregamento que ficou a cargo da Siemens e da ABB.
Quem compra o caminhão já adquire, no pacote, o equipamento para carregar as baterias. A montadora disponibiliza dois modelos elétricos, um para 11 e outro para 14 toneladas. No primeiro modelo vai um conjunto de três baterias com capacidade para até 110 km e o segundo é equipado com seis baterias que oferecem autonomia para até 250 km.
O preço de um caminhão elétrico ainda é salgado: a versão mais simples, com três baterias, tração 4×2, a referência de valor é de R$ 780 mil e o modelo 14 toneladas, 6×2, fica em R$ 980 mil. “Por enquanto chega a ser duas ou três vezes mais caro que seu similar a diesel, mas a tendência, com volume e escala, além de avanços na produção de baterias, é essa diferença diminuir para uma vez e meia, no máximo”, comenta Ricardo Alouche, vice-presidente de vendas, marketing e pós-vendas da Volkswagen Caminhões e Ônibus.
Alouche também explica que o valor inicial, ainda que alto, se paga em cinco anos uma vez que “os custos de manutenção são muito inferiores quando comparados aos veículos a diesel”. Antes mesmo do lançamento três importantes clientes encomendaram e-Delivery: Coca-Cola pediu 20 unidades, JBS uma unidade e a Ambev confirmou aquisição de um lote de 100 veículos.
A gigante cervejeira, inclusive, manifestou intenção de começar forte programa de eletrificação de sua frota para logística urbana e acenou para a montadora potencial para aquisição de mais 1,5 mil e-Delivery. Caso isso, de fato, ocorra, já terá valido a pena a Volks ter investido 150 milhões de reais no desenvolvimento deste veículo uma vez que o negócio vai ultrapassar 1 bilhão de reais.
Discreto mas potente
Se na versão diesel o motor ocupa posição mais nobre, logo abaixo da cabina, na versão elétrica ele foi deslocado para o fim do chassis. É pequeno, silencioso e quase imperceptível. Mas a engenharia da Volks diz que ele tem mais de 96% de eficiência energética, “esbanjando potência e força”. Como todo elétrico, o veículo consegue entregar torque máximo em baixas rotações. Oferece até 300 kW de potência e dispensa o uso de transmissão devido a seu alto torque transmitido de forma imediata ao eixo trativo.
De acordo com sua configuração, o caminhão elétrico da VW pode partir em rampas de até 28%, carregado e sem esforço. A mesma força que dispõe para acelerar se reflete na frenagem de regeneração. Suas curvas de torque e de potência foram dimensionadas para atender ampla gama de aplicações da logística urbana. Trata-se de um motor síncrono de imã permanente de corrente alternada com inversor de tração, que atua recebendo os comandos e dosando, assim, potência e do torque.
Já o modelo de 14 toneladas 6×2 tem a mesma motorização e torque de 2.150Nm desde as primeiras rotações. Sua suspensão pneumática permite suspender um dos eixos para gerar ainda mais economia na operação. Também é bastante versátil em suas aplicações e pode receber seis ou três módulos de bateria conforme o desejo do cliente. Tem peso bruto total de 14.300 kg e sua capacidade máxima de carga útil, somada à carroceria, chega a 9.055 kg, a maior de sua categoria em elétricos do Brasil.
Baterias: Tecnologia chinesa, garantia nacional
As baterias de íons de lítio são fabricadas pela gigante chinesa Calt mas garantidas aqui no Brasil pela Moura que também oferece todos os acessórios. Esses conjuntos são livres de níquel, cobalto e manganês, que são pesados e nocivos ao meio-ambiente. Os equipamentos são refrigerados a água, com controle de temperatura para prolongar sua vida útil. O e-Delivery opera com tensão nominal de 650 volts.
Como tudo isso é muito novo a Volkswagen conta com expertise de parceiros como Siemens e ABB, especialistas em infraestrutura para eletrificação. Essas empresas forneceram consultoria aos clientes da marca vai desde a especificação dos carregadores testados e aprovados pela montadora até a integração com fontes renováveis de energia, podendo tornar a frota do cliente 100% alimentada por energia limpa.
Segurança
O e-Delivery foi testado nas situações mais extremas e seu desenvolvimento contempla soluções para qualquer preocupação que se possa ter durante sua operação. Cada componente é monitorado de forma contínua e ininterrupta, através do sistema de telemetria RIO, incluindo as informações sobre o fluxo de energia das baterias.
Quando se fala em veículos elétricos o primeiro receio que se vem à mente é se houver algum alagamento. A Volkwagen afirma que a composição da bateria é a mais segura do mercado, mais estável e com maior resistência a temperaturas mais altas. De acordo com a montadora, que promoveu diversos testes em condições de alagamentos, sua construção garante proteção contra água.
Como todo veículo elétrico, os cabos de alta tensão são identificados na cor laranja e têm blindagem reforçada. No e-Delivery, são cerca de 50 metros desse cabo com roteiro bem específico para minimizar riscos. Conexões de engate rápido facilitam a troca de qualquer componente de maneira segura. Estas conexões e componentes energizados não ficam facilmente acessíveis ao usuário final, visando à segurança da aplicação.
Como, em operação, o veículo é extremamente silencioso, o e-Delivery vem equipado com sistema para emitir som similar ao do caminhão diesel com a função de alertar pessoas próximas da presença do veículo (não é necessário no Brasil, mas há países cuja legislação exige que o veículo emita algum tipo de som de motor em nome da segurança dos pedestres). O dispositivo, claro, pode ser desativado mas seria mais interessante, talvez, em vez de som de motor, uma sinfonia de Beethoven.
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