Projeto com Volare Attack 8, pioneiro na América do Sul, é preparado para transitar em circuitos fechados de baixa velocidade
Roberto Hunoff
Volare, Divulgação
A Marcopolo desenvolveu o primeiro protótipo de micro-ônibus autônomo da América do Sul. Resultado de dois anos de estudos, em parceria com empresas nacionais, o projeto integrou o modelo Volare Attack 8 para operar de forma completamente autônoma, sem a necessidade de intervenção ou monitoramento remoto. A iniciativa é da Marcopolo Next, área responsável pela aceleração de projetos de inovação da empresa, em parceria com a Lume Robotics, startup brasileira de mobilidade autônoma.
A tecnologia pode ser programada para operar na faixa ideal de eficiência, o que permite redução no consumo de combustível e na emissão de poluentes, com alto nível de segurança e conforto. “Investimos em soluções pensadas nos passageiros, nos desafios das cidades modernas, e o veículo autônomo é um exemplo de inovação alinhada a uma tendência global”, pontua André Vidal Armaganijan, CEO da Marcopolo. O desenvolvimento do protótipo, com capacidade para 21 passageiros, tem apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo e conta com um sistema robótico avançado para trafegar de modo autônomo em situações específicas, como circuitos fechados de baixa velocidade.
Para Rânik Guidolini, diretor executivo da Lume Robotics, o primeiro micro-ônibus autônomo do hemisfério sul é um marco tecnológico. “Graças a esta parceria, o Brasil se coloca no seleto grupo de países que dominam a tecnologia. Estamos falando de um projeto capaz de entregar ganhos de segurança e eficiência operacional aos sistemas de mobilidade”, avalia. O desenvolvimento ainda tem parceiros como a Curtis-Wright, para a instalação da seletora elétrica de câmbio, e a Soha, startup especializada em Internet da Coisas, que desenvolveu sensores para monitorar em tempo real a ocupação das poltronas e o uso do cinto de segurança.
Os ciclos de testes do protótipo tiveram início em dezembro de 2022. Com o sucesso da etapa inicial, ocorreu a primeira avaliação em ambiente operacional real em março deste ano, na siderúrgica ArcelorMittal Tubarão, selecionada como cliente-parceiro testador. “Os primeiros estudos para o desenvolvimento do micro-ônibus autônomo reforçam o conhecimento e o potencial de inovação da engenharia nacional. Isso nos insere no seleto grupo de países que estudam a viabilidade da tecnologia, como Estados Unidos, Alemanha e China”, acrescenta João Paulo Ledur, diretor de estratégia e transformação digital da Marcopolo.
A tecnologia autônoma pode ser aplicada em qualquer um dos ônibus da Marcopolo, desde que tenham câmbio automático. O Volare Attack 8 foi considerado ideal para essa etapa dos estudos por ser versátil e consagrado no mercado. Todo o hardware e software são embarcados diretamente no veículo e dispensa a necessidade de conexão com a internet, reforçando a segurança cibernética do protótipo, uma vez que todas as funções de condução são feitas sem acesso à rede.
Foram instalados módulos de comando elétricos e pneumáticos para controlar a direção, freios, acelerador e câmbio. O veículo conta ainda com um computador de processamento de dados e um conjunto de sensores – composto por quatro LiDAR (light detection and ranging – detecção e medição de distância por luz) -, instalados nas laterais dianteira e traseira; uma câmera, unidade de medição inercial e GPS, que possibilitam observar o ambiente ao redor, como velocidade instantânea, estado do câmbio, nível de combustível e possíveis falhas, entre outros. Todos os dados são passados para o computador de processamento de dados, que comanda o funcionamento do micro-ônibus. “Ainda serão realizados novos testes e pesquisas para que, no futuro, o modelo seja uma realidade para o mercado”, afirma Ledur.