Mercedes-Benz sai na frente da concorrência e apresenta chassi urbano 100% elétrico de olho no potencial mercado da cidade de São Paulo.
Baseada na boa experiência com seu ônibus elétrico urbano e-Citaro, que já roda há algum tempo na Alemanha, a engenharia da Mercedes-Benz fez as devidas adaptações e transformou seu chassis Padron O500U no primeiro coletivo urbano elétrico que começará a ser comercializado no Brasil já a partir de janeiro do ano que vem.
Batizado de eO500U o chassis elétrico rodou mais de um milhão de quilômetros na Alemanha para averiguar se tudo funciona tão bem quanto no eCitaro. Mas não tinha mesmo como dar errado: para não correr riscos a engenharia da Mercedes usou as mesmas baterias e os eixos elétricos da ZF que tracionam o eCitaro.
A Mercedes ainda guarda segredo sobre a marca da bateria mas tudo indica que vem da China. Os chassis podem ser comercializados ou com dois pecks de baterias (com autonomia para até 250 quilômetros) ou com seis pecks (aumentando a autonomia para 300 quilômetros). Para operações urbanas essas duas configurações são suficientes considerando que, na média, coletivos rodam entre 200 e 250 quilômetros por dia.
Os testes foram feitos com um veículo encarroçado pela Caio mas a Mercedes informou que está em tratativas com todas as outras encarroçadoras e, como é um veículo Padron (13,20 metros com capacidade para 29 assentos e até 80 passageiros), não haverá nenhuma dificuldade de encarroçamento.
Mesmo valendo-se de uma experiência bem-sucedida já pré-existente, como é o caso do eCitaro, a Mercedes desembolsou 100 milhões de reais para o desenvolvimento deste produto nacional que começou a ser desenhado em 2018.
Embora o preço do chassis seja elevado (cerca de três vezes superior ao valor de sua versão à diesel), Walter Barbosa, diretor de vendas de ônibus da marca, disse estar otimista com o potencial de vendas já para o próximo ano. “Com a mudança de legislação que entrará em vigor na cidade de São Paulo, temos expectativa de comercializar, em 2022, entre 50 a 150 unidades só na capital paulista”.
A legislação paulistana prevê que nos próximos 20 anos as emissões por ônibus sejam zeradas. A capital do estado possui frota de 14.400 ônibus (todos movidos a diesel). Trata-se da maior frota municipal de coletivos do Ocidente e a terceira do mundo. A informação vale como referência do real tamanho do potencial para veículos elétricos só na ciadade de São Paulo, razão pela qual a Mercedes-Benz resolveu sair na frente nesta corrida.
Por isso mesmo, Karl Deppen, CEO da Mercedes-Benz na América do Sul, destinou 100 milhões de reais para acelerar o desenvolvimento deste produto. Além disso, a Mercedes-Benz do Brasil é o Centro Mundial de Competência da Daimler para desenvolvimento de chassis de ônibus da marca. “Ou seja, temos uma expertise sólida nesse segmento de veículos. Seguimos trabalhando para todos que movem o mundo. E com muita energia, estamos novamente fazendo história no Brasil”, comenta Deppen.
Para motivar ainda mais os frotistas, particularmente os de São Paulo, a começarem a transição para elétricos o mais rápido possível, a estratégia da Mercedes é oferecer amplo suporte de pós-venda que prevê, inclusive, consultoria para manutenção e infraestrutura de abastecimento.
Diz Roberto Leoncini, vice-presidente de vendas da marca: “Nessa entrada na era da eletromobilidade, daremos todo o suporte necessário para que os os clientes trabalhem com total segurança em sua operação e em seus negócios”.
A gama de serviços incluirá uma consultoria especializada às empresas de ônibus e aos gestores do transporte coletivo urbano no que se refere ao funcionamento do veículo, à infraestrutura de abastecimento de energia e de recarga das baterias e à gestão de frota com ônibus elétricos.
Com motor elétrico integrado ao eixo traseiro, o eO500U virá equipado com freio eletrônico EBS e sistema de regeneração de energia. O trem-de-força trará para o motorista uma experiência nova de condução, ainda mais suave, confortável, além de totalmente silenciosa.
O sistema de recarga das baterias é do tipo plug-in, no mesmo padrão tecnológico utilizado pela Daimler em seus ônibus elétricos, levando três horas de duração para a recarga completa.
O painel de instrumentos é totalmente novo para se adequar às novas necessidades de controle e traz informações específicas do motor elétrico, das baterias e dos demais sistemas eletrônicos.
- PRÓXIMA MATÉRIA: Ousadia estratégica no transporte coletivo
- MATÉRIA ANTERIOR: Ônibus rodoviários mais inteligentes