Silêncio e conforto na logística urbana

E-Transit é uma excelente opção para grandes empresas que precisam prestar contas sobre sua pegada de carbono e, também, para quem precisa fazer operações urbanas noturnas

Mauro Cassane

TranspoData, Divulgação

A Ford vem tomando decisões ágeis e acertadas no mercado nacional de veículos comerciais. Sua linha de vans e furgões Transit é uma delas. A versão furgão, convencional, movida a diesel, sai por volta de 250 mil reais, na configuração automática. Preço para brigar com Mercedes-Benz Sprinter e com a Renault Master (as duas marcas ainda não têm versão com transmissão automática).

Além disso, desde março deste ano a rede Ford oferece a versão elétrica da Transit, a E-Transit. O preço é o dobro da versão a diesel. Esse produto, embora dispense uma série de itens mecânicos como o próprio motor à explosão com todos seus agregados (inclusive a caixa de transmissão), ainda é bem mais caro por conta do gigantesco pacote de baterias.

Por ser caro é um produto, por ora, de uso mais exclusivo dos grandes frotistas que precisam provar, na prática, aos embarcadores que estão trabalhando direitinho com relação à Pauta ESG. Basicamente é assim: é um produto para quem adota políticas sérias de cuidados com o meio ambiente. E isso justifica, por exemplo, pagar o dobro por um furgão que não emita poluentes.

Neste nicho para até 3,5 toneladas, a Ford, por enquanto, é a única a oferecer produto elétrico. Anunciou, inclusive, já no lançamento da E-Transit venda de 300 unidades para uma grande operadora de e-commerce no Brasil (não divulgou, contudo, o nome da empresa).

Avaliamos a versão furgão da E-Transit. Tirando a propulsão elétrica, de resto, nos quesitos dirigibilidade e ergonomia, mantemos nossa nota máxima a favor do furgão da Ford (veja nossa avaliação da versão diesel automática).

A versão elétrica, contudo, para quem já conhece um pouco mais sobre tocada de veículos com este tipo de propulsão, logo de cara a atenção é chamada por um detalhe sempre surpreendente: a potência chega com tudo de uma vez só assim que se trisca o pé no acelerador. Vale cuidado redobrado se o motorista não tiver muita intimidade com veículos elétricos.

Conduzir um veículo elétrico de carga, deste porte, exige calma e cautela. O motor elétrico desenvolve 198 kW o que representa potência de 269 cv e torque de 430 Nm. Lembre-se, reforçando, a potência vem com tudo ao mais leve toque no acelerador. Carro elétrico é assim mesmo (entrega torque instantâneo) e pode causar algum incidente se o condutor não for minimamente cuidadoso.

A tração é traseira e a capacidade volumétrica da versão furgão (que testamos) é exatamente igual à versão a diesel: 15 metros cúbicos. Ou seja, o pack de baterias, acomodado no assoalho não prejudicou em nada o generoso espaço para cargas.

Autonomia é o que mais preocupa neste tipo de veículo. Em nossa avaliação não foi possível aferir mas a Ford diz que, em seus testes, variando condições topográficas e de temperatura, uma medida segura seria 200 quilômetros. Rodamos 140 quilômetros em nosso teste e notamos que consumimos menos da metade da carga o que prova que a estimativa da engenharia da Ford está correta.

A bateria de lítio de 68 kWh pode ser carregada tanto em corrente contínua (até 115 kW), em 35 minutos, como em corrente alternada (até 11,5 kW), em 8 horas, usando conector do tipo 2 (padrão europeu), com um sistema de gerenciamento de recarga que otimiza a sua vida útil.

Um ponto que merece destaque são os dispositivos eletrônicos de segurança ativa. A câmera 360 graus é especialmente útil para manobras em docas e lugares mais estreitos e o sistema de frenagem autônoma acrescenta aquela boa sensação de segurança que cai muito bem em veículos elétricos (que aceleram forte e você muitas vezes fica confuso sem ouvir o ronco do motor). Os modos de condução (são três) são também oferecidos na versão diesel (Normal, Econômico e Escorregadio).

Embora o preço seja o dobro deu seu modelo similar à diesel, há vantagens como a regeneração de energia nas descidas engatado e nas frenagens (o que reduz o custo operacional) e certamente se gasta muito menos na manutenção preventiva pois não é preciso trocas de óleo, mangueiras, etc. Por enquanto ninguém arrisca uma projeção de qual é, de fato, a vida útil de um veículo elétrico de carga como este. Todos, contudo, apostam que ultrapassa fácil os dez anos. Bem usado, se passar disso, certamente vale a pena o investimento inicial e o veículo se paga.

 

 

 

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