caminhões pesados

A liderança de Volvo e DAF em um mercado de caminhões pesados em transformação

Análise Exclusiva: Desvendamos os fatores por trás do domínio de Volvo FH e DAF XF no ranking de emplacamentos, e os desafios econômicos que freiam o segmento de caminhões pesados no Brasil em 2025

Por Redação TranspoData

Imagem, Divulgação

O ronco dos motores pesados ecoa com uma nota de cautela nas estradas brasileiras. Os primeiros cinco meses de 2025 revelam um cenário paradoxal no mercado de caminhões: enquanto a produção geral avança, o segmento de pesados, o coração pulsante do transporte de longa distância, registra uma retração. No entanto, em meio a essa turbulência, alguns titãs se mantêm firmes no topo, ditando o ritmo da preferência dos transportadores.

De acordo com os dados da Fenabrave, o ranking dos caminhões pesados mais emplacados até maio de 2025 é um testemunho da força e da estratégia de marcas que souberam conquistar a confiança do mercado:

  1. Volvo FH 540: 2.295 unidades emplacadas
  2. DAF XF 530: 1.607 unidades emplacadas
  3. Volvo FH 460: 1.470 unidades emplacadas
  4. Scania R 460: 1.329 unidades emplacadas (Scania SUPER 460R)
  5. DAF XF 480: 985 unidades emplacadas

O reinado dos gigantes: Por que eles lideram?

A liderança do Volvo FH 540 não é mero acaso. Este modelo se consolidou como um ícone de robustez, tecnologia e, crucialmente, eficiência operacional. Sua transmissão I-Shift, aclamada pela suavidade e inteligência na troca de marchas, aliada a motores potentes e econômicos, garante um baixo custo operacional por quilômetro rodado. A cabine, projetada para o conforto do motorista em longas jornadas, e a rede de serviços da Volvo, robusta e capilarizada, completam o pacote que o torna a escolha preferencial para operações de alta demanda e longa distância. O FH 460 segue a mesma receita de sucesso, oferecendo uma opção ligeiramente menos potente, mas igualmente eficiente e confiável.

A ascensão da DAF ao segundo e quinto lugares com seus modelos XF 530 e XF 480 é um fenômeno notável. A marca holandesa, que tem investido pesadamente no mercado brasileiro, conquistou seu espaço com veículos que combinam tecnologia PACCAR de ponta, cabines espaçosas e confortáveis, e um custo total de propriedade (TCO) altamente competitivo. A DAF tem se destacado pela agressividade comercial e pela expansão de sua rede de concessionárias, oferecendo um suporte cada vez mais abrangente aos transportadores.

O Scania R 460, por sua vez, mantém a tradição da marca sueca de oferecer veículos com alta modularidade, desempenho consistente e foco na economia de combustível. A Scania é conhecida por sua durabilidade e pela paixão de seus motoristas, que valorizam a dirigibilidade e a robustez de seus caminhões.

Ficha dos Campeões (Valores Tabela FIPE Junho/2025 para modelos 2025, salvo indicação):

1º – Volvo FH 540

Unidades Emplacadas (Jan-Mai/25): 2.295
Preço Médio (Tabela FIPE 2025): Aproximadamente R$ 1.020.500,00 (para versão 6×4 Globetrotter XL). Variações podem chegar a R$ 1.100.000,00 dependendo da configuração (ex: 8×2).
Destaques: Motor D13K (540cv), transmissão I-Shift, cabine Globetrotter XL, sistemas de segurança ativa, ideal para operações de alta performance e longas distâncias.


2º – DAF XF 530

Unidades Emplacadas (Jan-Mai/25): 1.607
Preço Médio (Tabela FIPE 2024, estimativa para 2025): Aproximadamente R$ 845.296,00 (para versão FTT 530 6×4 2024). Preços para 2025 podem ser ligeiramente superiores.
Destaques: Motor PACCAR MX-13 (530cv), cabine Super Space Cab, foco em baixo Custo Total de Propriedade (TCO), tecnologia de gerenciamento de frota.


3º – Volvo FH 460

Unidades Emplacadas (Jan-Mai/25): 1.470
Preço Médio (Tabela FIPE 2024, estimativa para 2025): Não há FIPE 2025 direto disponível. Estimativa de R$ 850.000,00 – R$ 950.000,00.
Destaques: Motor D13K (460cv), mesma robustez e tecnologia da linha FH, opção versátil para diversas aplicações rodoviárias, com foco em eficiência e menor investimento inicial.


4º – Scania R 460

Unidades Emplacadas (Jan-Mai/25): 1.329
Preço Médio (Tabela FIPE 2025): Aproximadamente R$ 937.396,00 (para versão R-460 A 6×2 2p diesel E6).
Destaques: Motor Super (DC13 175 – 460cv), transmissão Opticruise, cabine R, alta eficiência de combustível, durabilidade e forte valor de revenda.


5º – DAF XF 480

Unidades Emplacadas (Jan-Mai/25): 985
Preço Médio (Tabela FIPE 2025): Aproximadamente R$ 797.357,00 (para versão FTS480 6×2 Super Space Cab). Variações podem ocorrer dependendo da configuração (ex: 6×4).
Destaques: Motor PACCAR MX-13 (480cv), cabine espaçosa, tecnologia embarcada para otimização de desempenho e consumo, excelente opção para operações de média e longa distância.


O freio no asfalto: Por que os pesados recuam?

Apesar do domínio desses modelos, o segmento de caminhões pesados registrou uma queda de 5,01% nos emplacamentos acumulados de janeiro a maio de 2025, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Essa retração não é um fenômeno isolado e reflete uma série de fatores macroeconômicos e setoriais:

  • Custo do Crédito e Acesso: A elevação da taxa Selic e o aumento do IOF tornam o financiamento de novos veículos mais caro e o acesso ao crédito mais restrito. Para empresas de transporte, que operam com margens apertadas, o custo do capital é um fator decisivo na decisão de renovar ou expandir a frota.
  • Pressões Inflacionárias: O aumento contínuo dos preços do diesel, pneus, peças de reposição e custos de manutenção eleva o custo operacional das frotas. Com a rentabilidade sob pressão, muitos transportadores optam por adiar investimentos em novos caminhões, buscando maximizar a vida útil dos ativos existentes.
  • Incertezas Econômicas: A volatilidade do cenário econômico brasileiro, com projeções de crescimento ainda modestas, gera cautela nos investimentos. Empresas de transporte, diretamente ligadas à atividade econômica geral, tendem a ser mais conservadoras em períodos de incerteza.
  • Desaceleração em Setores Chave: Embora o agronegócio continue pujante, outros setores que demandam o transporte pesado, como a indústria e a construção civil, podem estar com um ritmo mais lento, impactando a demanda por novos veículos.
  • Ciclo de Renovação da Frota: É possível que o mercado esteja passando por um período de menor intensidade no ciclo de renovação da frota, após picos de vendas em anos anteriores.

A resiliência do setor e as oportunidades

Apesar da retração nos pesados, é fundamental observar que o mercado geral de caminhões mostra resiliência. Enquanto os gigantes da estrada sentem o freio, segmentos como os caminhões leves, médios e semipesados apresentam crescimento, impulsionando a produção nacional, que registrou um aumento de 5,6% no acumulado do ano. Isso sugere uma adaptação do mercado a diferentes demandas logísticas, como o crescimento do e-commerce e a necessidade de veículos mais ágeis para a distribuição urbana e regional.

Para os empresários do transporte, o cenário atual exige mais do que nunca uma gestão estratégica e uma busca incessante por eficiência. A escolha de modelos líderes como os da Volvo e DAF reflete a prioridade em veículos que ofereçam não apenas potência, mas também economia de combustível, durabilidade e um suporte pós-venda confiável.

O caminho à frente: Inovação e adaptação

O futuro do transporte pesado passa pela inovação. As montadoras líderes já estão investindo em tecnologias de conectividade, telemetria avançada, sistemas de assistência ao motorista e, a longo prazo, em soluções de propulsão alternativas, como caminhões elétricos e a hidrogênio. Embora ainda incipientes no segmento de pesados no Brasil, essas tendências moldarão o mercado nos próximos anos.

Compartilhe este post:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *