Um mês após anunciar modelos Euro 6 mais em conta exclusivamente para o mercado brasileiro, montadora afirma que suas vendas começaram a decolar
Por Mauro Cassane
Com mais de 60 anos no mercado nacional, a Scania sempre foi acostumada a liderar, com certa folga, o segmento de caminhões pesados. A situação mudou há dois anos e, neste ano, com suas concorrentes com mais estoques de caminhões Euro 5 (cerca de 20% mais baratos que os novos modelos Euro 6), a marca não consta na lista dos cinco pesados mais vendidos de acordo com os números de licenciamentos computados pela Fenabrave, entidade que congrega as concessionárias de veículos do Brasil.
O Volvo FH 540 é o caminhão pesado mais vendido neste ano com 2.490 emplacamentos. DAF XF 530 está em segundo seguido, em terceiro lugar, pelo modelo XF 480 (1.359 e 1.229 unidades vendidas respectivamente de janeiro a maio deste ano). Em quarto lugar vem novamente a Volvo com o modelo FH 460 (1.213 licenciamentos) e, na quinta posição, o Actros 2651, com 850 unidades comercializadas neste ano.
A Scania só aparece na sexta posição com seu modelo carro-chefe R 450 (840 emplacamentos). A conta até maio contempla muitos modelos Euro 5. Mas incomodou tanto a Scania que a empresa lançou, no final de maio, exclusivamente no Brasil, como estratégia para buscar uma virada neste mercado, os modelos Plus (que são cerca de 15% mais em conta que os sofisticados modelos da Linha Super).
A Linha Plus oferece duas opções de potências: de 450 e 540 cv. A montadora informou, nesta semana, que a estratégia deu certo. Anunciou mil veículos desta linha vendidos em apenas 30 dias. Certamente ainda não foram emplacados. “Vender já no primeiro mês mil modelos comprova a nossa acertada estratégia de atender a um pedido dos clientes por uma solução intermediária ao Super, com um custo de aquisição mais competitivo”, comemora Alex Nucci, diretor de Vendas de Soluções de Transporte da Scania Operações Comerciais Brasil.
A esperada virada nos semipesados
A equipe de vendas da Scania também corre atrás do prejuízo no segmento de semipesados. De acordo com dados da Fenabrave, de janeiro a maio deste ano, entre os 10 semipesados mais vendidos não consta um único modelo da marca. Este segmento é dominado também pela Volvo com o VM 270 que acumula 1.444 unidades emplacadas.
No ranking dos 10 semipesados mais vendidos constam Constellation da Volks, Atego da Mercedes-Benz e Tector da Iveco. Os modelos da Família P, da Scania, não aparecem. Em décimo lugar está o Constellation 17.260 computando 470 unidades vendidas. A Scania, contudo, diz que, neste ano, comercializou 600 unidades do modelo P Euro 6 e, segundo Nucci, espera fechar este ano com mil semipesados da marca emplacados.
O fato é que o grosso das vendas do modelo P (400 unidades) foi de sua versão 370 cv com motor de 13 litros que, na classificação oficial, entra na categoria de pesados.
Caminhão a gás com maior autonomia
De olho na corrida de embarcadores e grandes frotistas que buscam oferecer logística alinhada com os princípios da Pauta ESG, a Scania apresentou seu modelo X-gas G 410 8×2, um chassi rígido que permite acomodar nas laterais da longarina 16 cilindros de gás, oito de cada lado. São oito cílindros com capacidade de 118l e outros oito de 95l. O volume total suporta 406 metros cúbicos de gás e permite autonomia de cerca de 900 quilômetros.
A composição poderá carregar até 30 pallets, seguindo a lei, com implementos do tipo Romeu e Julieta (caminhão trucado (6×2) mais um reboque) – com capacidade de até 56 toneladas – ou na configuração de rodas 8×2 com 29 t de peso bruto total combinado (PBTC).
O novo modelo, desenvolvido no Brasil, começará a ser comercializado pelas revendas da marca a partir de outubro deste ano. A empresa já tinha, desde 2019, o modelo de 410 cv cuja autonomia chega perto de 500 quilômetros.
De acordo com Marcelo Gallao, diretor de Desenvolvimento de Novos Negócios da Scania Operações Comericais Brasil, essa é uma resposta da Scania aos clientes que precisam operar com veículos movidos a combustível 100% sustentável mas, entretando, não tinham opção para maior autonomia que pudesse integrar rotas do Sul ao Nordeste do País. “Com o X-gas, considerando a atual infraestrutura de abastecimento de gás no País, passou a ser possível levar uma carga do Sul até o Nordeste com esse tipo de produto”.