Executivos da DAF, Ford, Iveco, Mercedes-Benz, Scania, Volvo, Volkswagen Caminhões e Ônibus, Librelato e Randon concordam que, neste ano, mercado vai crescer. E, com produtos mais modernos e tecnológicos, a concorrência ficará ainda mais acirrada

Mauro Cassane

Nesta primeira reportagem da série “Análise Geral do Mercado de Caminhões em 2024”, vamos conhecer a opinião das principais representantes de cada marca que atua no mercado nacional tanto de veículos comerciais como, também, implementadores. Na próxima reportagem, vamos abordar quais mercados estão mais em alta e quais as tendências para novas tecnologias e serviços.

O mercado de caminhões deu marcha a ré em 2023. Foram emplacados 104.155 mil unidades contra 124.569 em 2022. Queda de 16,39%. Não foi surpresa. Os executivos das montadoras já previam encolhimento das vendas em função do aumento médio de 15% nos veículos Euro 6 em comparação com caminhões Euro 5. Quem pôde antecipar compra o fez em 2022 para escapar do aumento. E durante todo ano passado ainda havia caminhões fabricados em 2022 (Euro 5) nos pátios e a procura por eles foi alta.

Liquidado o estoque, agora frotistas, autônomos e empresas que necessitam de transporte precisam encarar a realidade e renovar ou aumentar a frota com caminhões Euro 6. Neste ano, janeiro começou com volume tímido de 7.993 unidades emplacadas, contra 10.068 em dezembro de 2023, apontando queda de 20,61% de um mês para outro. Se comparar com janeiro de 2023, (quando 10.209 unidades foram licenciadas), a queda foi de 21,71%.

Mas a indústria está otimista. Sinais econômicos positivos estão bem visíveis no horizonte que aponta queda contínua dos juros, ainda que em percentuais cuidadosamente baixos, inflação sob controle, demanda externa (China, principalmente) alta por minérios e, como sempre, bom desempenho do agronegócio (a despeito de projeção de safra de grãos ligeiramente menor que a do ano passado).

Os executivos das montadoras estão otimistas. Conversamos com representantes de todas as marcas que produzem caminhões no Brasil. Vamos às opiniões de cada com relação às perspectivas para este ano.


 

 

 

Alex Nucci, diretor de vendas da Scania: “o mercado veio forte, principalmente, nos últimos quatro meses de 2023, acompanhando os indicadores econômicos positivos, como inflação sob controle, taxa de desemprego nos menores indicies históricos e taxa básica de juros em constante queda e com tendência de atingir 9% no final de 2024, comprovando os sinais de recuperação e aquecimento. É um cenário promissor e nos traz um sentimento de bons ventos para o setor mostrando que nosso cliente está em plena atividade”.

 

 

 

Alcides Cavalcanti, diretor executivo da Volvo: “estamos otimistas. O mercado deve prosseguir no crescimento gradativo que vemos desde o semestre passado. Nossa linha Euro 6 segue na preferência do transportador, tanto que estamos na liderança dos segmentos em que atuamos. O Volvo FH segue como o caminhão mais vendido no Brasil entre todas as categorias. Para 2024 projetamos um ano melhor que 2023”.

 

 

 

Jefferson Ferrarez, vice-presidente de vendas, marketing e peças & serviços caminhões da Mercedes-Benz: “para o ano de 2024, em linha com a Anfavea, esperamos que o mercado seja melhor do que 2023, sendo puxado por segmentos como o agronegócio, mineração e também pelos programas do governo, como o Pac da Infraestrutura e da Mobilidade, que movimentam a Construção Civil. Com esse cenário, ainda em linha com a Anfavea, a expectativa é que o mercado como um todo supere a venda de 121.000 caminhões em 2024 no mercado interno, cerca de 12% a mais em relação ao ano passado”.

 

 

 

 

Sérgio Pugliese, diretor de vendas da Volkswagen: “temos boas perspectivas para 2024 e para o ritmo de produção de nossos veículos, que seguirá a demanda do mercado para atender os clientes com a flexibilidade que já é marca da Volkswagen Caminhões e Ônibus. Um dos fatores que deve influenciar esta movimentação é a concessão de crédito, por isso vemos um potencial positivo. Estamos confiantes que 2024 será mais um ano de conquistas para a empresa e para a indústria de veículos comerciais. Vamos acompanhar os indicadores da Anfavea com projeção de crescimento de 13,6% em comparação com 2023.

 

 

Luis Gambim, diretor comercial DAF: “para o setor, de uma forma geral, o Euro 6 está no início de um processo de amadurecimento no País relacionado aos investimentos feitos nas novas tecnologias e o respectivo retorno financeiro. Essa equação é projetada com base no avanço do volume de vendas na casa dos dois dígitos previsto para 2024 (13,9%) – ano que se considera um cenário macroeconômico mais favorável, com ampliação do crédito e redução dos juros. Dessa forma, deverá acontecer uma retomada mais forte das vendas, com expectativas do mercado acima de 16 toneladas crescer de 8% a 10%. Para a DAF, a previsão é avançar 20% em volume”.

 

 

Carlos Tavares, diretor comercial da Iveco: “nossa expectativa para este ano é muito positiva e estamos alinhados com a Anfavea sobre o crescimento na venda de caminhões. Segundo a previsão de crescimento da entidade, devemos fechar o ano com a produção de 160 mil caminhões e ônibus e o emplacamento de 146 mil caminhões e ônibus. Fatores como a consolidação do Euro 6, queda na taxa Selic, maior disponibilidade de crédito, força do agro e do e-commerce devem influenciar positivamente nas vendas de todos os segmentos. Destaco também o Programa MOVER, que deverá ser uma ferramenta de fomento do setor com investimentos em P&D, gerando empregos e conhecimento”.

 

 

 

Rogélio Golfarb, vice presidente da Ford: “neste ano o mercado de veículos comerciais, considerando vans e picapes, onde a Ford atua, vai crescer acima de 6% em relação ao ano passado. E a Ford vai crescer acima disso, estimamos mais de 10%”.

 

 

 

 

 

Silvio Campos, diretor comercial da Librelato: “as perspectivas para o setor de implementos rodoviários em 2024 são positivas. Acreditamos que o mercado se manterá no mesmo patamar do ano anterior, tendo em conta a carteira robusta em que começamos o ano. A demanda está forte em implementos e se recuperando em caminhões, que ano passado teve uma baixa na transição entre a motorização Euro 5 e Euro 6. Esta demanda positiva está correlacionada com a projeção de crescimento do PIB para este ano”.

 

Sandro Trentin, COO da Randon: “trabalhamos com perspectivas positivas para o ano, considerando a tendência de redução da taxa de juros no mercado interno, que deve facilitar o financiamento e a aquisição de novos produtos. Projeções de mercado apontam para a segunda maior produção agrícola da história, o que naturalmente aumenta a necessidade de veículos de transporte adequados a demanda. E obviamente, esse contexto, há grande potencial de bons volumes de vendas de implementos rodoviários.

 

 

 


As projeções são positivas de forma unânime e, todos, alinhados com as perspectivas anunciadas pela Anfavea no início deste ano que prevê crescimento entre 12% e 13% nas vendas de caminhões. A briga entre as marcas, com a liderança do mercado total de caminhões acirradamente disputada entre Volkswagen e Mercedes-Benz, segue favorecendo, mesmo com poucas unidades a mais, a Volks que fechou ano passado liderando o mercado de caminhões com 25,95, seguida pela MB com 25,1%.

No segmento mais rentável e volumoso do mercado de caminhões – os pesados -, a competição, outrora corpo a corpo entre Volvo e Scania, ganha novo concorrente à altura: DAF. As vendas de 2023 mostram que a briga vai ser ainda mais dura neste ano: o Volvo FH 540 foi o mais vendido com 7,2 mil unidades. Em segundo lugar ficou o DAF XF 530 com 4.136, e terceiro ficou Volvo FH 460 com 3.783. Quarto lugar outra vez DAF XF 480 com 3.210. Em quinto Scania R 450 com 2.851 com o R 450 em sexto lugar com 2.328 unidades.

Enquanto a Volvo lidera com boa margem o segmento de pesados, a Mercedes dominou os segmentos de semileves, leves e semipesados. Já a Volks, embora líder no volume total de caminhões vendidos, liderou o segmento de médios.

Na próxima reportagem da Série Especial “Análise Geral do Mercado em 2024”, vocês vão conhecer quais setores se mostram mais compradores de caminhões e quais as novas tecnologias que vão ganhar cada vez mais mercado no setor de transporte rodoviário de cargas.


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