Volume de 472 mil vendidas é ainda inferior aos três primeiros meses de 2019, antes da pandemia
Roberto Hunoff
Foto CNT, Divulgação
Diante da queda de mais de 23% nos emplacamentos de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus, registrada nos três primeiros meses de 2022, o crescimento de 16,3% no primeiro trimestre de 2023 não reflete a realidade do mercado. O volume de antes da pandemia, no primeiro trimestre de 2019, era de 608 mil unidades vendidas, e passou para 472 mil em igual período de 2023.
Em março deste ano, os emplacamentos de veículos registraram alta no volume diário, de acordo com informações da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) em função dos cinco dias úteis a mais do que em fevereiro. Com isso, no trimestre, o setor acumulou aumento de 19% sobre igual período do ano passado. “Apesar deste aumento, não vimos, ainda, a recuperação do setor para os níveis obtidos até 2019, antes da pandemia. A alta global foi potencializada pela diferença de cinco dias úteis a mais em março sobre fevereiro e pelo baixo resultado que obtivemos nas vendas do primeiro trimestre do ano passado”, analisa o presidente da Fenabrave, Andreta Jr.
Devido às incertezas ainda existentes quanto ao comportamento da economia global e brasileira, a Fenabrave decidiu manter as projeções anunciadas no início do ano, que apontam para um crescimento geral de 3,3%. “Ainda não temos condições de rever as projeções para o ano, mas estamos preocupados com a situação geral do mercado”, reconhece o presidente.
Para o segmento de pesados (ônibus e caminhões), a estimativa é de 0,7%, com total de 147.537 unidades. Para implementos rodoviários, a expectativa é de queda de 10%, para 74.866 emplacamentos.
Segundo Andreta Jr., o segmento de caminhões vive um período de transição, com demanda ainda aquecida para veículos que se enquadram nos requisitos do Euro 5, norma que está em processo de substituição pelo Euro 6. “O mercado está se ajustando para absorver os veículos novos, mas o crédito segue seletivo e as condições de financiamento impactam no desempenho”, analisa.
O segmento de ônibus apresentou resultado próximo da estabilidade nas vendas diárias, em relação a fevereiro, o que, segundo o presidente da Fenabrave indica a recuperação do mercado. “Apesar de sempre ressaltarmos que as grandes oscilações percentuais desse segmento são impactadas pelas bases baixas de comparação, o mercado vem reagindo”, afirma.
Em março, os emplacamentos de implementos rodoviários registraram resultados positivos. “Após um ajuste de mercado, em 2022, os emplacamentos têm alcançado um bom patamar, até agora”, analisa Andreta Jr.
Por não serem emplacados, tratores e máquinas agrícolas apresentam dados com um mês de defasagem, pois dependem de levantamento junto aos fabricantes. No primeiro bimestre, houve queda de 15,9%, totalizando 7.938 unidades vendidas. “Tivemos uma expressiva renovação deste tipo de veículo no ano passado, o que gera certa acomodação do mercado em 2023”, observa o presidente.
Emplacamentos acumulados no trimestre e variação sobre igual período de 2022
- Automóveis: 345.854 (+15%)
- Comerciais leves: 90.948 (+22,64%)
- Caminhões: 27.446 (+2,62%)
- Ônibus: 7.378 (+74,42%)
- Implementos rodoviários: 20.888 (+6,99%)
- Motos: 357.062 (+30%)
- Total do setor: 878.827 (+33,44%)