Empresa gaúcha terá linha completa de vidros para atender a indústria de máquinas agrícolas e linha amarela
Roberto Hunoff
Foto Gustavo Rech, Divulgação
Fabricante de vidros para a indústria automotiva, com destaque para montadoras de ônibus, que respondem por 75% do faturamento, a Tecnovidro, de Farroupilha (RS), consolida neste ano projeto iniciado em 2021 de ter uma linha específica para atuar no mercado de máquinas agrícolas e linha amarela. A empresa já investiu R$ 22 milhões e, neste semestre, aportou mais R$ 8 milhões na compra de equipamento chinês para produzir vidros temperados de dupla curvatura.
Com o investimento, a capacidade de produção saltará dos atuais 35 mil m² para 50 mil m² de vidros mensais. A expectativa é que a nova linha adicione em torno de R$ 12,5 milhões no faturamento anual da empresa e acréscimo de 10% por ano até 2030. De acordo com De Bastiani, esta projeção é conservadora, considerando que o mercado de importação deste produto movimenta em torno de USS 1 milhão por mês.
O diretor-geral Marco A. Debastiani assinala que o ingresso no mercado agrícola abre a oportunidade para ter forte presença internacional, pois a homologação para fornecimento local habilita a empresa a atender às marcas mundialmente. “É um rito mais longo. Estamos negociando há mais de dois anos a homologação dos produtos. Mas isto eleva a régua de qualidade, exigindo investimento em máquinas, em treinamento dos colaboradores e no desenvolvimento de processos”, destaca.
Explica que são projetos mais perenes com produtos de vida útil mais longa. “Uma linha de máquinas agrícolas pode durar de 15 a 20 anos sem alteração do vidro”, ressalta. De Bastiani detalha também a necessidade de a empresa ser mais assertiva na produção visando um custo unitário mais ajustado aos parâmetros internacionais. De acordo com o gestor, o vidro de cabine é mais complexo do que um produzido para ônibus, com menor volume de produção em quantidade, mas de forte agregação de valor às operações.
A nova linha não exigirá ampliação da estrutura fabril, que tem espaço para a instalação dos equipamentos. De Bastiani frisa que são modelos mais automatizados e produtivos, porém ocupam menos espaço dos que estão em operação. Parte das máquinas mais antigas deve ser desativada em função de tecnologias já ultrapassadas.
A produção da nova linha teve início com o processo de validação das primeiras amostras, as quais serão enviadas para os clientes em julho ou agosto. “O desenvolvimento é um pouco mais demorado pela dependência de matrizes. Vamos começar por um modelo, seguindo para outro, aumentando de forma gradual”, explica.
A chegada dos novos equipamentos amplifica uma preocupação já existente, a falta de mão de obra. Mesmo que o número necessário de pessoas para cada novo equipamento seja menor, a dificuldade aumenta pela demanda por pessoal especializado. “Com certeza, é um dos grandes desafios que a gente tem”, reconhece.
Bastiani destaca que o mercado de ônibus está convivendo com uma ressaca positiva da pandemia, período em que houve uma forte queda. Desde 2022 o setor apresenta uma demanda crescente e gradativa. “A indústria de ônibus tem projeção de manter esse crescimento pelos próximos três a quatro anos para atender a demanda reprimida”, observa. Segundo ele, o crescimento poderia ser mais rápido, porém há limitações em razão da falta de mão de obra e da baixa oferta de alguns tipos de insumos.
A empresa marca presença também em projetos estratégicos, como no fornecimento de vidros para a Marcopolo Rail – uma das principais produtoras metroferroviárias no Brasil e América Latina. Os vidros da Tecnovidro integram composições exportadas recentemente à Los Ferrocarriles del Estado, responsável pela gestão da rede ferroviária do Chile, e no Trem dos Pampas, rota turística em Santana do Livramento. Outra linha de atuação é o fornecimento de para-brisas para o mercado de reposição de caminhões.