Fabricante aceitou desafio da gigante do agro, fez ajustes em seus produtos, testou em campo e, como resultado, vendeu 351 caminhões sendo 101 exclusivamente movidos a biodiesel
Mauro Cassane
Scania, Divulgação
A gigante Amaggi, a maior produtora de grãos do País e uma das maiores do mundo, vem se movimentando com velocidade para ser uma empresa mais amigável ao meio ambiente. Um bom exemplo disso: em menos de três anos a empresa testou veículos 100% movidos a biodiesel, aprovou os resultados, montou uma usina para produzir este tipo de combustível e comprou frota de máquinas agrícolas e 101 Scania Super movidos unicamente com diesel vegetal.
Para André Gentil, gerente de vendas da Scania, a agilidade da Scania para atender a inovadora demanda da Amaggi, fez a diferença neste negócio. “Entendemos, em campo, as necessidades de nossos clientes e nos empenhamos em atendê-las de maneira rápida e eficiente”.
Só para erguer a usina de biodiesel do zero, em Lucas do Rio Verde, MT, a Amaggi investiu 100 milhões de reais. A unidade industrial começou a funcionar em meados do ano passado e tem 26 mil metros quadrados de área construída. No local a Amaggi apenas trabalhava com uma usina esmagadora de grãos (basicamente soja). A capacidade de produção de biodiesel é de 368 mil metros cúbicos por ano (algo em torno de 340 milhões de litros por ano).
Atualmente a legislação nacional pede que a cada litro de diesel seja misturado com 14% de biodiesel. Essa proporção tende a aumentar ao longo dos próximos anos o que abre boas oportunidades para a empresa. A usina de biodiesel da Amaggi já trabalha 24 horas por dia, em três turnos, produzindo o combustível verde a todo vapor. A empresa utiliza menos de 1% de sua produção de diesel verde em seus veículos (106 caminhões, máquinas agrícolas e empurradores fluviais), e vende toda a produção restante para o mercado nacional.
De acordo com Juliana Lopes, diretora de ESG, comunicação e compliance, a fazenda do Grupo Amaggi, em Diamantino, MT, é o local que a empresa escolheu para fazer todos os testes e avaliações da utilização do combustível B100 em seus veículos (tratores e caminhões).
“O uso de biodiesel faz parte do processo de descarbonização das operações da Amaggi. Validamos o processo, a viabilidade econômica e ambiental, e a ideia agora é, gradativamente, expandirmos também essa prática para outras operações e fazendas do grupo”.
Foi neste ano, em março, que a Amaggi começou a operar sua fazenda, em Diamantino, MT, integralmente com diesel 100% vegetal de fabricação própria (inteiramente à base de soja). Toda operação da Fazenda Sete Lagoa funciona com veículos movidos a diesel B100.
Outro parceiro rápido da Amaggi neste negócio foi a John Deere, fabricante de tratores que vendeu equipamentos já prontos para rodar com este tipo de combustível. A Volvo, que também tem a Amaggi como grande cliente, entrou recentemente no negócio e já tem cinco FH 500, da marca, rodando lá, em fase de teste, com diesel 100% feito à base de soja.
Marcelo Gallao, engenheiro e diretor de desenvolvimento de negócios da Scania, explica, inclusive, que esses motores podem ser reconvertidos novamente ao diesel S10. “Basta trocar completamente o catalisador, mudar o software do motor e trocar os filtros de óleo”.
Testados em campo, e aprovados pelo cliente, a venda se concretizou de maneira célera: 101 Scania, da família Super, R 500 6×4. Mas a Amaggi, seguindo seu programa de renovação e ampliação da frota (começou a ter frota própria em 2017), além destes caminhões 100% movidos à diesel verde, também adquiriu outros 250 novos Scania Super, R 560 6×4, convencionais (diesel S10 mesmo), todos Euro 6.
Com as novas aquisições, a frota própria da empresa soma quase mil veículos com idade média de não mais que três anos. A Amaggi leva tão a sério essa sua acelerada rota ruma à sustentabilidade que não apenas caminhões e tratores mas também sua frota fluvial de empurradores passaram a se mover valendo-se de diesel 100% vegetal.
Com a aquisição dos 101 Scania 100% biodiesel, a Amaggi passa a ter a maior frota rodoviária de caminhões do segmento agro abastecida com biodiesel B 100. A diretora de ESG da empresa, Juliana Lopes, diz que esse é só o começo: “nossa estratégia de descarbonização, em linha com a meta SBTI de redução de gases de efeito estufa até 2035 prevê, ainda, maior ampliação de nossa frota de veículos movidos a biodiesel 100% nos próximos anos”.