Crédito: Foto Iveco,
Divulgação

Anfavea projeta incremento de 13% nos emplacamentos de caminhões em 2021

A forte recuperação das vendas a partir do segundo semestre do ano passado foi insuficiente para a reposição das perdas do bimestre março-abril, quando a pandemia do coronavírus trouxe um período sombrio para a vida dos brasileiros e de todo o mundo. A primeira reação, diante das medidas de isolamento social, que levaram ao fechamento dos negócios em geral, exceto os essenciais, foi a de projetar números negativos elevados para o ano, beirando aos 40%. Ainda que instável, a reação gradual, já a partir de maio, gerou otimismo na atividade econômica, resultando em indicadores menos trágicos no final de 2020.

O fechamento menos pessimista do final de ano permitiu à indústria automotiva estabelecer parâmetros positivos para 2021. A primeira projeção da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) é de crescimento de 15% nos licenciamentos, de 9% nas exportações e de 25% na produção, mas ainda insuficientes para a retomada a patamares de 2019. “Nunca foi tão difícil projetar os resultados de um ano, pois temos uma neblina à nossa frente desde março, quando começou a pandemia”, explica o presidente Luiz Carlos Moraes. A Anfavea alerta que as projeções levam em conta as várias incertezas que ainda persistem sobre o curto prazo, como a fragilidade do mercado de trabalho, as dificuldades logísticas e, especialmente, a extensão da crise sanitária.

Especificamente para caminhões são esperados em torno 101 mil emplacamentos, alta de 13%, devendo repetir o volume de 2019, o melhor ano pós-crise iniciada em 2015. No ano passado, foram entregues 89,7 mil unidades, recuo de 11,5% ante os mais de 40% projetados quando do início da pandemia. O resultado foi possível, basicamente, pelo comportamento dos modelos pesados, impulsionados pelo agronegócio e pela construção civil. Já o setor de ônibus apresentou o pior resultado desde 1999. A produção total chegou a 18,4 mil unidades no ano, recuo de 33,4%.

A projeção da Anfavea para a produção de caminhões e ônibus, em 2021, é de 135 mil unidades, alta de 23% sobre o ano anterior. De acordo com Saltini, o setor de caminhões seguirá sendo puxado pelo agronegócio, e-commerce e construção civil.

O cenário, no entanto, ainda reserva desafios ao setor. A preocupação, já presente no ano passado, deve seguir por mais alguns meses, que é a escassez de insumos e matérias-primas, como aço, borrachas e termoplásticos, dentre outros, que tem repercutido na entrega de veículos comerciais. “O desabastecimento de matéria-prima é generalizado em todos os segmentos. Em alguns casos, as entregas de caminhões estão programadas para abril, embora no segmento de pesados isto seja relativamente normal em virtude de o transportador programar compras com antecedência”, sinalizou Marco Saltini, vice-presidente da Anfavea para veículos pesados, durante apresentação dos resultados de 2020. Também preocupa o comportamento das autoridades em relação às restrições para circulação e funcionamento das atividades econômicas.

MUITAS INCERTEZAS

Apesar do momento de alta volatilidade, mas com a expectativa de crescimento do PIB, inicialmente, estimado em 3,5%, e com a esperada retomada da economia, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) espera um retorno do crescimento das vendas de veículos para 2021, e projeta alta de 16,6% para o setor, em geral, sobre os resultados obtidos em 2020. “Esperamos poder recuperar, aos poucos, o mercado, mas ainda há incertezas e fatos que podem repercutir nas projeções”, adverte o presidente Alarico Assumpção Júnior. Para o mercado interno de caminhões, a entidade trabalha, inicialmente, com alta de 21,7%; para ônibus, de 8,2%.

Pelos dados da Fenabrave, foram vendidos 89.207 caminhões no ano passado, recuo de 12,3%. “Os fabricantes tiveram muita dificuldade para atender à demanda, por conta da retração da produção, provocada pela pandemia, na indústria. A boa oferta de crédito e a melhora dos preços das commodities são fatores positivos, que impulsionaram e continuam mantendo a procura aquecida”, comenta Assumpção Júnior.

Os emplacamentos de ônibus tiveram queda de 33%, para 18.219 unidades. “O segmento foi o mais impactado nesta pandemia. As empresas de transporte de passageiros sofreram muito com a queda em seu faturamento. A fabricação deste segmento também sofreu com a falta de insumos e componentes”, analisa o presidente. A atividade de ônibus deverá ser acelerada, novamente, pelo programa Caminho da Escola.

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