A logística de distribuição de um produto é decisiva para a viabilidade de determinadas transações comerciais. Nesse sentido, a infraestrutura de transporte desempenha um papel importante na determinação das decisões de produção, comércio e consumo, bem como nas decisões relacionadas onde investir.
Em países continentais como o Brasil, os fluxos comerciais são significativamente influenciados pela disponibilidade de infraestrutura de transporte, afetando, em última análise, as relações comerciais entre empresas, fornecedores e consumidores espacialmente dispersos. Para atender a demanda do consumidor, além da qualidade da mercadoria, os fornecedores também vendem a certeza da entrega, com o menor custo logístico possível.
Vale destacar que, entre outros custos logísticos, os custos de transporte tendem a afetar as relações comerciais de forma mais significativa para commodities de menor valor em relação ao peso físico, muitas vezes caracterizadas por commodities. Portanto, principalmente para mercadorias de baixo valor agregado, o fator preço de transporte é decisivo para a viabilidade da transação. Para produtos de alto valor agregado, outros fatores como velocidade de entrega, confiabilidade e segurança são mais relevantes.
Nesse sentido, é importante destacar que o custo financeiro do estoque e o custo de armazenagem são fatores importantes que também devem ser considerados em qualquer operação logística. Portanto, a análise do transporte multimodal obriga a considerar esses outros custos, que, juntamente com os custos de transporte, compõem o custo logístico total.
O custo logístico das mercadorias comerciais deve levar em consideração o custo do estoque, que inclui o custo financeiro do estoque em trânsito e de destino. A escolha ótima do modal decorre do equilíbrio entre as diferentes taxas de frete e os atributos de velocidade, confiabilidade (diferença no transit time) e perdas de envio que caracterizam os modos de envio disponíveis para cada embarcador. O modelo defende que, para uma dada probabilidade de desabastecimento, o atendimento mais rápido e/ou mais confiável reduz o estoque em trânsito e o estoque de segurança exigido no destino.
A fim de reduzir o custo logístico total, o objetivo do desenvolvimento do transporte multimodal é aumentar as vantagens potenciais dos diferentes tipos de transporte. Além de utilizar mais de um modal de transporte, seus equipamentos também envolvem outras operações logísticas. No entanto, especialmente no contexto da infraestrutura de transportes brasileira, o potencial do transporte intermodal só pode ser realizado se for competitivo com os modais rodoviários. Para isso, a transferência de um modal de transporte para outro deve ser rápida, de baixo custo e eficiente, com bom armazenamento e gerenciamento das informações. A falha nesta etapa pode levar ao aumento de custos, atrasos e redução da confiabilidade do tempo de entrega.
Diante das considerações acima, observa-se que o desenvolvimento da logística depende tanto da melhoria da infraestrutura quanto da introdução de novas tecnologias. A utilização de um único contrato, em que o transportador é responsável perante o proprietário da mercadoria por todo o transporte, incluindo a utilização de mais de um modal, é uma das possíveis melhorias técnicas. Esse tipo de oferta de serviço é chamado de transporte multimodal.
O transporte multimodal no Brasil passa por dificuldades, como a falta de infraestrutura adequada para os modais aquaviário, hidroviário e ferroviário, além de terminais de transbordo e estruturas de apoio, o que dificulta a transição do modal rodoviário e, portanto, indiretamente dependente deste. A falta de um planejamento abrangente de transporte do governo também é um dos obstáculos para o desenvolvimento de um sistema logístico mais eficiente. Além disso, há incertezas jurídicas na compensação de créditos tributários nas operações intermodais e intermodais, bem como uma série de entraves burocráticos, principalmente no que diz respeito à obrigatoriedade da documentação fiscal. Ressalta-se que o desenvolvimento da infraestrutura aquaviária depende principalmente dos portos, terminais e estações de transferência, que são, em última instância, interligações entre os diversos modais.
Não é o transporte de qualquer mercadoria, portanto, que justifica a utilização de mais de um meio de transporte. Para que o transporte multimodal seja bem-sucedido, certas condições devem ser atendidas, como:
• Distância – a distância total da origem ao destino da carga deve cobrir o custo de transbordo ou transbordo da carga;
• Volume de carga – o volume de transporte deve ser adaptado às características do modal utilizado e à capacidade dos veículos utilizados;
• Fluxo de Cargas – O fluxo regular de cargas facilita e facilita a formação do transporte multimodal.
Além disso, é importante notar que os contêineres são o “motor” do transporte intermodal. A tecnologia da CTU permitiu o aumento da escala do transporte multimodal, especialmente dos portos, aumentando a eficiência na transição do transporte aquaviário para o transporte terrestre e vice-versa. Nesse sentido, a análise da demanda por transporte de carga geral em contêineres é de especial relevância.
Ao investigar as relações estruturais que determinam a demanda de transporte, as matrizes de origem e destino dos bens brasileiros parecem ser altamente concentradas tanto na oferta (produção) quanto na aquisição (mercados consumidores). Além disso, no que diz respeito à movimentação internacional de contêineres, os principais locais de produção e consumo encontram-se próximos das zonas costeiras, não podendo ser justificada antecipadamente a utilização de mais do que um meio de acesso aos portos.
No Brasil, a atividade econômica é muito concentrada espacialmente, como evidenciado pelo fato de que cerca de 75% do PIB do Brasil está limitado a um raio de apenas 900 km da Grande São Paulo (a maior área metropolitana do Brasil, com uma concentração de quase 10% da população total do país).
Vale destacar que, segundo estudo do Banco Mundial (Banco Mundial apud TCU, 2011), o transporte costeiro só é atrativo para distâncias superiores a 1.500 km, enquanto o modal ferroviário apresenta vantagens a partir de 500 a 750 km. Portanto, em uma distância inferior a 500 quilômetros, o transporte rodoviário é a escolha mais razoável, especialmente para o transporte de mercadorias de alto valor agregado. Nesse sentido, apesar do tamanho continental do Brasil, a maior parte das necessidades brasileiras de transporte de cargas é muitas vezes atendida pelo rodoviário, resultado direto da concentração da atividade econômica no país.
Essa constatação também pode ser confirmada pela análise do PIB industrial da cidade. Das 15 cidades com valor de produção industrial superior a 10 bilhões de reais, apenas três estão localizadas a 500 quilômetros da região metropolitana de São Paulo. Mesmo assim, um deles, Altamira, na Pensilvânia, não gerou demanda de transporte devido à alta produção industrial da hidrelétrica de Belo Monte, e o outro foi Campos dos Goitacazes-RJ, que estava muito próximo do limite exigido. O terceiro município citado é Manaus-AM, que tem uma demanda muito grande de transporte costeiro devido à produção industrial na zona franca.
No entanto, enquanto a cadeia produtiva (indústrias básicas e de processo) está concentrada em uma área geográfica relativamente pequena, outras áreas, principalmente o litoral nordestino, apresentam altas densidades populacionais, o que atesta a formação de lotes de mercadorias para transporte e o volume é razoável. Essas condições geoeconômicas levam a uma ocupação desigual das embarcações, dependendo do sentido de deslocamento, mas não impedem que a cabotagem de contêineres seja um exemplo bem-sucedido do uso do transporte multimodal.
Segundo a Associação Brasileira de Navegação Costeira (ABAC26), a cabotagem de contêineres se desenvolveu no Brasil a partir do momento em que as Empresas de Navegação Marítima (EBN) passaram a oferecer serviços porta a porta por meio de um único contrato para concorrer com o transporte rodoviário.
Outros fatores dificultam a expansão do uso do transporte intermodal pelo país. Questões como infraestrutura rodoviária disponível, presença de estações de transbordo, burocracia excessiva e dificuldades financeiras sempre se destacam quando se analisam as barreiras ao transporte intermodal.
REFLEXÃO
Vários são os aspectos positivos quanto à escolha dos modais ferroviário e hidroviário para o transporte de determinados tipos de cargas, como grãos, farelos, minérios, fertilizantes etc.
Pode-se destacar a menor degradação ambiental, valor baixo do frete, não existência de congestionamentos, baixo índice de acidentes, menor perda de cargas e maior constância ao longo do trajeto. Por um lado, há redução do custo de transporte e do preço final dos produtos e, por outro, eleva-se a competitividade das mercadorias nos mercados nacional e global.
Principalmente a partir da segunda metade dos anos de 1990, várias empresas optaram em utilizar a intermodalidade como meio de transporte de cargas no Brasil. Verifica-se, a partir desse período, um relativo aprimoramento da logística e das infraestruturas visando aumentar os fluxos materiais e a realização de várias funções de maneira qualificada, tais como: sistema de transporte integrado de cargas, operacionalização otimizada de terminais, armazenagem, transbordo, acompanhamento da carga ao longo do trecho via GPS (Sistema de Posicionamento Global), entre outras.
A utilização de tecnologias ligadas à informação é um fator fundamental para a otimização da integração dos modais e atividades diversas, sendo muito difundidas nos Estados Unidos, Europa e Japão, mas ainda incipientes no Brasil, sendo um fator que conduz, dentre vários aspectos, ao desperdício e perda de parte das cargas transportadas. Os serviços de logística envolvem alguns segmentos, como a estratégia de distribuição física, a administração de materiais e suprimentos, as operações de movimentação de materiais, de produtos, de transportes e de outros. A intenção é acelerar a disponibilidade de produtos e materiais nos mercados e pontos de consumo com máxima eficiência, rapidez e qualidade, com custos identificáveis. Contudo, a armazenagem e o transporte eficientes, dependem da utilização de novas tecnologias e sistemas de gestão. Portanto, o conceito de logística abarca diversas situações ligadas à movimentação e à estocagem de produtos, com objetivo principal de aumentar a competitividade em diversas escalas.