As picapes Tunland, da Foton, surpreendem por elevarem, e muito, o nível das picapes médias comercializadas no Brasil
Mauro Cassane
Foton, Divulgação
Testamos as duas versões da nova aposta da Foton no Brasil — as picapes Tunland V7 e V9 — em diferentes cenários: cidade, rodovia, estradas vicinais e até trechos severos sem pavimentação. Saímos do bairro do Ipiranga, em São Paulo, e fomos até a histórica Vila de Paranapiacaba, em Santo André, SP. Foram mais de 200 quilômetros percorridos (70% deste total em estradinhas de terra e pedra), o que permitiu avaliar as picapes em situações variadas. O que observamos em comum nas duas versões foi algo que merece destaque especial logo de cara: a Tunland redefine o que se entende por conforto em uma picape média, sem abrir mão da robustez que o segmento exige.
Logo ao entrar na cabine, a sensação é de amplitude inédita para a categoria. O espaço interno é muito maior do que qualquer concorrente direta, e isso faz diferença tanto para quem dirige quanto para os passageiros. No banco traseiro, mesmo uma pessoa com mais de 1,90 m encontra espaço de sobra para pernas e cabeça, algo raro em picapes médias tradicionais. O isolamento acústico também impressiona: com os vidros fechados, a sensação é de estar conduzindo um veículo elétrico.
A rodagem urbana foi surpreendentemente tranquila para uma picape cujas dimensões, à primeira vista, parece que vai encontrar problemas de espaço nas faixas urbanas mais estreitas. Mesmo com dimensões cerca de 20% maiores que as concorrentes diretas, a Tunland mostrou agilidade até em avenidas estreitas de São Paulo, como a Radial Leste. Os eficiente sistema de câmeras ajuda muito nestes momentos. A dirigibilidade inspira confiança e, apesar do porte avantajado, ela se comporta bem no trânsito denso.
Já na estrada, quando acionamos o modo esportivo, o motor trabalha em giros mais altos e entrega respostas rápidas de torque e potência, garantindo ultrapassagens seguras e uma tocada prazerosa. Entre os cinco modos de condução — econômico, standard, esportivo, lama, neve e areia —, o “standard” se mostrou ideal, equilibrando bem desempenho e eficiência.
Visualmente, a diferença entre os dois modelos é clara. A Foton Tunland V7 aposta em um design mais parrudo, com faróis verticais que transmitem robustez e imponência, enquanto a V9 traz faróis horizontais, em uma pegada mais esportiva e sofisticada. Essa diferença estética dialoga com a proposta de cada versão: a V7 mais voltada ao off-road e a V9 com foco maior em conforto e tecnologia.
Agora a diferença mais técnica entre ambas está na suspensão traseira. A V7 vem equipada com feixe de molas na traseira, solução mais adequada para condições severas de rodagem e transporte de carga. Já a V9 utiliza sistema multilink com molas helicoidais, que entrega uma suavidade surpreendente. Andar com a V9 em estradas de terra cheias de pedras é quase como dirigir um sedã em uma rua de asfalto irregular. Apesar da diferença técnica, ambas mantêm o mesmo padrão de conforto elevado, o que reforça o cuidado da Foton em oferecer soluções distintas sem perder qualidade.
Sob o capô, não há diferença alguma entre ambas: as duas versões compartilham o motor Aucan 4F20, desenvolvido pela própria Foton, acoplado à transmissão automática ZF de oito velocidades. O conjunto é auxiliado por um motor elétrico Bosch de 48V, o que torna a Tunland uma picape híbrida diesel-elétrica. São 175 cavalos de potência e 445 Nm de torque, entregues de maneira suave e eficiente, com opção de tração integral ou 4×2 e gerenciamento eletrônico. A reduzida é outro item que merece destaque: neste modo a Tunland vira um verdadeiro trator e encara (ou ignora) rampas assombrosamente íngremes de terra. O resultado é um desempenho versátil, capaz de atender tanto ao uso urbano quanto às jornadas mais pesadas no campo sem abrir mão do conforto e sofisticação.
Outro ponto que chama atenção são as dimensões. A Tunland é cerca de 20% maior que suas concorrentes médias, com medidas generosas que se refletem em espaço interno e em uma caçamba de respeito. A versão V9 mede 5.617 mm de comprimento, 2.090 mm de largura, 1.955 mm de altura e 3.355 mm de entre-eixos, enquanto a V7 mantém praticamente as mesmas dimensões, mas com 1.910 mm de altura. A capacidade de carga é de 1.050 kg na V7 e de 1.000 kg na V9, ambas com caçamba de 1.379 litros.
No campo tecnológico, a V9 se destaca por oferecer um pacote mais sofisticado de recursos de assistência ao motorista, como piloto automático adaptativo, assistente de centralização de faixa e reconhecimento de sinais de trânsito. Mas a V7 não fica atrás: ainda que ligeiramente mais simples, traz sistemas de segurança avançados como alerta de permanência em faixa, detector de fadiga e câmera 360°.
Quanto ao preço, a diferença entre as duas versões é relativamente pequena para o segmento, apenas 20 mil reais: R$ 289.900 na V7 e R$ 309.900 na V9. Considerando o porte, o nível de equipamentos, a motorização híbrida que garante até isenção de rodízio e a garantia de 10 anos oferecida pela marca, o custo-benefício se torna um argumento forte a favor da Tunland.
Resumindo: as Tunland mostram que a Foton acertou a mão ao entregar uma picape que alia dois atributos muito desejados pelos brasileiros: alto conforto e robustez acima da média. Até pouco tempo atrás parecia impossível equilibrar esses dois quesitos em uma picape média. Agora, com as Tunland V7 e V9, essa equação finalmente foi resolvida.