Estradas precárias geram desperdício de 1,1 bilhão de litros de diesel

Nova pesquisa da CNT aponta estabilidade nos indicadores, mas em patamares negativos

Roberto Hunoff

Fotos Banco de Imagens, Divulgação

Acesse aqui a íntegra da Pesquisa CNT de Rodovias 2023

O transporte rodoviário, responsável pelo deslocamento de 65% das cargas e de 95% dos passageiros no país, se movimenta sobre rodovias cuja qualidade do estado geral, quanto à conservação, está com 67,5% da sua extensão classificada como regular, ruim ou péssimo e 32,5% como ótimo ou bom. Os índices demonstram relativa estabilidade no estado geral da malha rodoviária brasileira em comparação com os resultados do ano passado, que apresentavam, respectivamente, 66% e 34% para os mesmos níveis de classificação.

A constatação faz parte dos resultados da 26ª edição da Pesquisa CNT de Rodovias, divulgada pela CNT e pelo SEST SENAT. Trata-se do maior estudo sobre infraestrutura rodoviária no Brasil. O levantamento deste ano avaliou 111.502 quilômetros de rodovias pavimentadas, o que corresponde a 67.659 quilômetros da malha federal e a 43.843 quilômetros dos principais trechos estaduais.

A classificação do estado geral compreende três principais características da malha rodoviária: pavimento, sinalização e geometria da via. Levam-se em conta variáveis como condições do pavimento, das placas, do acostamento, de curvas e de pontes. Em 2023, a avaliação regular, ruim e péssimo dessas características foi de 56,8% pavimento; 63,4%, sinalização; e 66%, geometria da via, índices também próximos aos dos registrados no ano passado: 55,5%, 60,7%, 63,9%, respectivamente.

A realidade que o estudo expõe reforça o que a CNT vem defendendo há anos: a necessidade de continuar mantendo investimentos perenes e que viabilizem a reconstrução, a restauração e a manutenção das rodovias. “Essas são ações que a agenda da entidade enfatiza e amplia institucionalmente, no âmbito do poder público, especialmente no Executivo e no Legislativo”, ressaltou o presidente do Sistema Transporte, Vander Costa, durante o lançamento do estudo.

Primeiros resultados

 O esforço empreendido pela CNT, no sentido de conseguir maior atenção com relação à infraestrutura rodoviária, começa a surtir efeito. Em 2023, a pesquisa estimou que o aumento do custo operacional do transporte rodoviário de cargas, em decorrência da má conservação do pavimento das rodovias no Brasil, foi de 32,7%. O percentual ficou levemente abaixo do registrado no ano passado: 33,1%.

Porém, os investimentos em infraestruturas, no PLOA 2024 (projeto de Lei Orçamentária Anual), sofreram redução de 4,5% no volume de recursos para o setor em relação ao autorizado no orçamento para infraestrutura de transporte em 2023. Diante desse cenário, a CNT trabalha para viabilizar aumento na dotação por meio de emendas para intervenções prioritárias em 2024, em consonância com as prioridades do transporte e da logística do país.

Desperdício de combustível

 A pesquisa mostra que a falta de qualidade da pavimentação das rodovias impacta o preço do frete e, consequentemente, dos produtos para o consumidor final. Sem rodovias de qualidade, o consumo de combustível fóssil e a emissão de gases também aumentam. Esses prejuízos são calculados no âmbito da sustentabilidade, por meio do desperdício de óleo diesel.

De acordo com os resultados relacionados à avaliação da qualidade do pavimento, a entidade estima que, neste ano, 1,139 bilhão de litros de diesel será consumido de forma desnecessária pela modalidade rodoviária do transporte nacional. A queima dessa quantidade de combustível fóssil resultará na emissão de 3,01 milhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera (MtCO2e).

Condições piores nas vias públicas

Ao analisar o resultado da pesquisa quanto ao estado geral das rodovias por tipo de gestão pública e privada, as públicas, que representam 76,6% da extensão pesquisada neste ano, apresentam índices maiores de avaliações negativas: regular, ruim e péssimo. Essas más condições correspondem a 77,1%.

Nas rodovias concessionadas, que representam 23,4% da extensão pesquisada em 2023, os altos percentuais para o estado geral remetem a uma situação oposta, de bons resultados. De acordo com a pesquisa, 64,1% da extensão da malha concedida, avaliada pelo levantamento nessa característica, foram classificados como bom e ótimo. O Novo PAC prevê R$ 185,8 bilhões em investimentos para o modo rodoviário, dos quais R$ 112,8 bilhões são da iniciativa privada (60,7%) e R$ 73 bilhões do governo federal (39,3%).

Pontos críticos

 Uma das apurações resultantes do levantamento é a dos principais pontos críticos registrados nas rodovias do país: quedas de barreiras, erosões nas pistas, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas. São problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando significativamente a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte.

A pesquisa aponta dados acerca da localização, da quantidade, do tipo e da densidade de pontos críticos registrados nas rodovias federais e estaduais, bem como das condições de sinalização, além de serem disponibilizadas fotos das ocorrências. Essas informações podem ser agrupadas por unidade da Federação e por ano.

Intervenções prioritárias

 – Recuperação, manutenção e reconstrução de trechos avaliados

– Eliminação de 2.684 pontos críticos, sendo 207 quedas de barreiras, cinco pontes caídas, 504 erosões nas pistas, 1.803 unidades de coleta com buracos grandes, 67 pontes estreitas e 62 outros tipos de pontos críticos que possam atrapalhar a fluidez da via.

Compartilhe este post:

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp
Telegram
Email

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *