Oscilações econômicas, aumento dos custos operacionais e procura e retenção de mão de obra qualificada seguem preocupando gestores
Redação TranspoData
Foto Canvas, Divulgação
Os setores de transporte de cargas e logística registraram aumento expressivo nas atividades em 2024, acompanhado do crescimento na geração de empregos. Segundo o Observatório Nacional de Transporte e Logística, essa evolução foi observada em todos os modais: aquaviário, ferroviário, aéreo e rodoviário.
O transporte rodoviário de cargas, responsável por cerca de 64% da movimentação de mercadorias no Brasil, apresentou números expressivos em algumas categorias. Destaque para o transporte de combustíveis e derivados, que teve alta de 10,23% na movimentação até agosto em comparação com 2023. Já o transporte de grãos, como soja, milho e farelo, registrou queda de 2,29% na variação anual.
Apesar do registro significativo, as oscilações econômicas, o aumento dos custos operacionais e a procura e retenção de mão de obra qualificada também estiveram presentes, refletindo os desafios na dinâmica regional, exigindo das empresas maior capacidade de adaptação e inovação. À medida que o ano se inicia, empresários do setor avaliam os aprendizados obtidos e traçam as expectativas para 2025 em suas regiões de atuação.
Mercado de trabalho
No último ano, o setor do transporte rodoviário de cargas registrou crescimento de 12,4% na geração de empregos, no primeiro semestre, destacando o estado de São Paulo, responsável por 26% dessas admissões, segundo o Painel de Cargos e Salários do Instituto Paulista de Transporte de Cargas. Para Gislaine Zorzin, diretora administrativa da Zorzin Logística, investir no desenvolvimento de talentos de forma sustentável é um passo indispensável para o crescimento contínuo de vagas no setor e, consequentemente, no interesse desses profissionais. “Desenvolver talentos significa investir em pessoas com uma visão de longo prazo, proporcionando oportunidades de crescimento profissional e pessoal. Isso inclui treinamentos técnicos, mas também preparar os colaboradores para os desafios futuros, equilibrando esse desenvolvimento com o bem-estar e a qualidade de vida”, afirma.
A empresária também reforça que, para 2025, o foco deve ser em competências essenciais para acompanhar a evolução do transporte rodoviário de cargas. “Os profissionais precisarão dominar habilidades como adaptação à tecnologia, resolução de problemas e conhecimento sobre práticas sustentáveis. A inteligência emocional e trabalho colaborativo serão indispensáveis para enfrentar as mudanças que o setor atravessa”, destaca.
Cautela nos investimentos
No Centro-Oeste, região estratégica para o escoamento de produtos, a Mahnic Operadora Logística teve um ano desafiador, como destaca a COO Ludymila Mahnic. “Foi um ano de altos e baixos, tivemos uma alta rotatividade de motoristas e dificuldades com a mão de obra administrativa, que nos obrigou a redobrar esforços para manter a excelência no atendimento aos clientes”, explica. Apesar disso, a empresa conseguiu manter o faturamento estável, graças ao aumento nas horas trabalhadas e à diversificação de operações.
A área de armazenagem também se destacou como um ponto de equilíbrio. “A armazenagem superou o transporte em 2024, o que foi essencial. Nos meses em que a movimentação de cargas diminuiu, a procura por armazenagem aumentou, ajudando a manter os resultados positivos”, complementa.
Com relação às perspectivas para o ano de 2025, Ludymila aponta para os segmentos de bebidas e alimentos como os mais promissores. “Esses setores são os grandes volumes transportados no Brasil e continuam sendo estratégicos para nós”, avalia. A Mahnic Operadora Logística também planeja investimentos significativos em novos veículos e na ampliação de armazéns. “Estamos analisando o mercado com cuidado e pretendemos iniciar as aquisições entre fevereiro e março de 2025”, explica.
Parceria entre o público e o privado
O transporte rodoviário de grãos não obteve bons resultados em 2024, o que gerou um impacto significativo nos serviços das transportadoras da Região Sul. Diante disso, tiveram de buscar alternativas para enfrentar esses desafios. A TKE Logística deu ênfase ao transporte de siderurgia, bens de consumo e a indústria da transformação, áreas de atuação da companhia, além do setor alimentício. “O último ano foi desafiador. Tivemos dificuldades para alavancar os negócios, principalmente devido às incertezas econômicas, condições climáticas que prejudicaram o desenvolvimento do agronegócio e à infraestrutura das rodovias, entre outras questões”, observa o gerente administrativo Franco Gonçalves.
Em relação às projeções para os próximos meses, o setor vê com otimismo algumas mudanças que surgem para este ano. Com a maior integração da tecnologia nos processos organizacionais e operacionais, a expectativa é de aumento na agilidade e rapidez na construção de novas oportunidades para o segmento. Para Gonçalves, as lideranças governamentais e do setor de transporte precisam manter uma comunicação constante para alinhar as melhores estratégias que fortaleçam a atividade. “Acredito que só teremos maior efetividade na execução dos serviços e fretes se os órgãos responsáveis pela gestão do transporte estiverem em conformidade. Caso isso aconteça de forma mais eficaz, teremos um ano melhor do que os anteriores”, reforça.