Novo presidente da Scania chega disposto a esquentar a briga no segmento de pesados e com a missão de reposicionar modelos R na liderança do mercado  

Por Mauro Cassane

Com Volvo e DAF na liderança do mercado de pesados neste ano, sinal de alerta acendeu na Scania. A montadora sueca, que há anos havia se acostumado na posição de líder do segmento de pesados, amarga, no acumulado deste ano, a quinta posição em vendas de caminhões pesados com o modelo R 450 (tradicionalmente o mais vendido da marca) somando apenas 794 unidades de janeiro a abril.

O FH 540, da Volvo, (o mais vendido da categoria) no mesmo período acumula 1.967 unidades e, na segunda colocação vem o DAF XF 530 com 1.105 unidades vendidas nos quatro primeiros meses deste ano. Para aumentar a preocupação dos suecos da Scania, na terceira posição das vendas de pesados vem novamente a Volvo, com o modelo FH 460 com 964 unidades vendidas e, em quarto lugar, outra vez a DAF, com o modelo XF 480 com 947 modelos emplacados desde o começo deste ano.

Para tentar mudar este quadro desfavorável, e inédito na história da Scania no País, a montadora sueca chamou o italiano Simone Montagna que está na empresa desde 2001 e conhece muito bem o mercado russo que, em muitos aspectos, especialmente a instabilidade econômica, muito se parece com o brasileiro. Montagna chegou em janeiro e sua primeira medida foi reunir a equipe comercial para preparar o contra-ataque.

O primeiro movimento de Montagna foi anunciado sexta-feira, 26: o lançamento da gama “Plus” que são os modelos R 450 e 540 cv que se posicionam no meio termo entre os modelos mais econômicos e os mais “premium”, conhecidos como Linha Super. A ideia basicamente é, com esses produtos mais vendidos e com preços mais equalizados, conseguir uma reação mais forte nas vendas e reposicionar os pesadões Scania entre os mais vendidos do Brasil. “Com esses modelos temos opções mais alinhadas com a realidade do mercado nacional e, certamente, serão produtos altamente competitivos”, admite Montagna.

A Scania diz, inclusive, que lidera as vendas de caminhões pesados Euro 6 de 440 cv a 560 cv. Mas essa conta não é computada pela Fenabrave que considera apenas veículos emplacados. É possível, naturalmente, que Volvo e DAF tenham vendido, ainda neste ano, caminhões pesados Euro 5 produzidos no ano passado. Mas os relatórios da Fenabrave não fazem essa divisão. O fato é que ver pesados FH e XF nas quatro primeiras posições entre os mais vendidos no acumulado deste ano não foi nada agradável para os executivos da Scania agora sob a batuta de Montagna.

O executivo, que fala português muito bem, nasceu em Milão (Itália), em 1973. Completou 50 anos em março. Graduado em administração de negócios, Montagna também conhece bem o mercado nacional: esteve no Brasil entre 2006 e 2016 como diretor financeiro do Scania Banco. “Os quase 10 anos de experiência anterior no Brasil me proporcionaram conhecer clientes de todas as regiões e de diferentes perfis. Fator que vem me ajudando no dia a dia a entender ainda mais as necessidades dos clientes, e o quanto podemos evoluir e viabilizar os negócios em parceria”.

Montagna sabe o quanto este ano será desafiador para a marca: “em função dos juros altos com dificuldades de crédito o mercado de caminhões, no geral, deve cair entre 10 e 11% neste ano. O importante, agora, para o italiano, a despeito da queda das vendas no geral, é lutar para recolocar os modelos R 450 e 540 entre os mais vendidos do País. A primeira cartada já deu: o lançamento desses modelos agora batizados como “Gama Plus”.

 

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