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De custo oculto a ativo estratégico – As lições da gestão eficiente para o sucesso da sua frota

Descubra como a gestão inteligente dos pneus pode transformar a rentabilidade, a segurança e a sustentabilidade no transporte rodoviário, com insights práticos e exemplos inspiradores para a sua empresa

Redação TranspoData

Imagem, Divulgação

No universo do transporte rodoviário de cargas, onde cada quilômetro rodado é um desafio e cada centavo conta, um componente muitas vezes subestimado detém um poder imenso sobre a saúde financeira e operacional de uma frota: o pneu. Longe de ser apenas um item de consumo, o pneu é um dos insumos mais caros e, paradoxalmente, um dos maiores potenciais de economia e otimização quando gerenciado com maestria.

A gestão de pneus transcende a simples manutenção; é uma disciplina estratégica que, quando dominada, pode diferenciar as empresas de sucesso. Neste conteúdo especial, vamos desvendar os segredos da gestão eficiente de pneus, transformando o que muitos veem como um custo inevitável em um ativo estratégico que impulsiona a lucratividade, a segurança e a sustentabilidade do seu negócio.

Pneus: Onde o dinheiro rola (e pode escorrer!)

É um fato: os pneus representam uma fatia significativa dos custos operacionais de uma transportadora, podendo chegar a 20% ou mais das despesas totais. Essa proporção, por si só, já justificaria uma atenção redobrada. No entanto, a importância da gestão de pneus vai muito além da planilha de custos:

  • Impacto direto na rentabilidade: Pneus mal gerenciados significam maior consumo de combustível, menor vida útil, mais paradas não programadas e, consequentemente, menos viagens e menor faturamento. Uma gestão otimizada, por outro lado, prolonga a vida útil, reduz o consumo de combustível e minimiza os custos de manutenção.
  • Segurança operacional: Pneus em condições inadequadas são um risco iminente. Acidentes causados por estouros, perda de aderência ou desgaste excessivo não apenas geram prejuízos materiais e humanos, mas também danos irreparáveis à reputação da empresa. A gestão correta é um pilar da segurança no trânsito.
  • Sustentabilidade ambiental: Pneus com vida útil prolongada e carcaças aptas à recapagem reduzem a demanda por novos produtos e a geração de resíduos, contribuindo para uma operação mais verde e responsável. A sustentabilidade, hoje, é um diferencial competitivo e uma exigência do mercado.
  • Eficiência da frota: Pneus calibrados corretamente, alinhados e balanceados garantem o desempenho ideal do veículo, otimizam a tração, a frenagem e a dirigibilidade, resultando em viagens mais rápidas, seguras e eficientes.

A arte da gestão correta: Calibragem, alinhamento e controle de desgaste

A gestão de pneus é um processo contínuo que exige disciplina e atenção aos detalhes. Não se trata de uma ação isolada, mas de um conjunto de práticas interligadas que garantem o máximo aproveitamento de cada pneu. As bases dessa gestão são:

  1. Calibragem correta: Este é, talvez, o fator mais crítico e, ironicamente, o mais negligenciado. A pressão inadequada dos pneus – seja ela excessiva ou insuficiente – é a principal causa de desgaste irregular, superaquecimento, maior consumo de combustível e risco de acidentes. Cada veículo e tipo de carga possui uma pressão recomendada pelo fabricante, que deve ser rigorosamente seguida e verificada com frequência, preferencialmente a frio e antes de cada jornada. A utilização de sistemas de monitoramento de pressão de pneus (TPMS) pode ser um investimento que se paga rapidamente.
  2. Alinhamento constante: O alinhamento da direção e dos eixos do veículo garante que os pneus estejam em contato uniforme com o solo. Desalinhamentos causam desgaste prematuro e irregular, comprometendo a estabilidade e a segurança. O alinhamento deve ser verificado periodicamente, após impactos significativos (buracos, guias) ou sempre que houver troca de componentes da suspensão ou direção.
  3. Balanceamento regular: O balanceamento das rodas e pneus evita vibrações no volante e na carroceria, que além de desconfortáveis, provocam desgaste irregular e precoce dos pneus e componentes da suspensão. Deve ser feito sempre que o pneu for montado ou desmontado da roda, ou quando houver sinais de vibração.
  4. Controle de desgaste por eixo e rodízio: O desgaste dos pneus varia conforme a posição no veículo (direcional, tração, livre) e o tipo de operação. Um programa de rodízio de pneus, baseado em um controle rigoroso do desgaste (medindo a profundidade dos sulcos em diferentes pontos), permite uniformizar o desgaste, prolongar a vida útil do conjunto e identificar problemas mecânicos no veículo. A inspeção visual diária é fundamental para identificar cortes, bolhas ou objetos encravados.
  5. Controle de temperatura: O superaquecimento dos pneus é um inimigo silencioso, causado por baixa pressão, sobrecarga ou frenagens excessivas. Ele degrada a estrutura interna do pneu e da carcaça, reduzindo drasticamente sua vida útil e aumentando o risco de estouros. O monitoramento da temperatura, aliado à calibragem correta, é vital.

Como Fazer para durar mais? Além do básico, a estratégia!

Para maximizar a vida útil dos pneus, é preciso ir além das práticas básicas e adotar uma abordagem estratégica:

  • Escolha do pneu certo: Utilizar o pneu adequado para o tipo de veículo, carga e terreno é o primeiro passo. Pneus para rodovias pavimentadas são diferentes de pneus para uso misto (terra/asfalto) ou fora de estrada. A escolha correta impacta diretamente o desempenho e a durabilidade.
  • Condução consciente: A forma como o motorista conduz o veículo tem um impacto gigantesco na vida útil dos pneus. Acelerações e frenagens bruscas, curvas em alta velocidade e impactos em buracos ou obstáculos são inimigos da durabilidade. Treinamento e conscientização dos motoristas são investimentos que retornam.
  • Controle de carga: A sobrecarga é um dos maiores vilões dos pneus. Ela deforma a estrutura, causa superaquecimento e acelera o desgaste. Respeitar os limites de carga do veículo e dos pneus é inegociável para a segurança e a durabilidade.
  • Armazenamento adequado: Pneus sobressalentes ou fora de uso devem ser armazenados em locais frescos, secos, protegidos da luz solar direta e de produtos químicos, para evitar a degradação da borracha.
  • Manutenção preventiva do veículo: Problemas na suspensão, direção, freios ou rolamentos podem causar desgaste irregular dos pneus. A manutenção preventiva de todo o conjunto mecânico do veículo é essencial para a saúde dos pneus.

Tipos de pneus e recapagem: Multiplicando a vida útil

Entender os diferentes tipos de pneus e as possibilidades de recapagem é fundamental para otimizar o investimento:

Tipos de Pneus (por construção e posição):

  • Pneus Radiais: A maioria dos pneus de caminhão modernos. Possuem lonas de carcaça dispostas radialmente em relação ao centro da banda de rodagem, o que confere maior flexibilidade lateral, menor resistência ao rolamento, maior vida útil e melhor capacidade de recapagem.
  • Pneus Diagonais (ou Bias): Mais antigos, com lonas cruzadas. Menos comuns em caminhões modernos devido à maior resistência ao rolamento e menor vida útil, mas ainda usados em algumas aplicações específicas.

Tipos de Pneus (por posição no veículo):

  • Pneus Direcionais (Steer): Projetados para os eixos dianteiros, focados em dirigibilidade, estabilidade e escoamento de água. Possuem sulcos longitudinais.
  • Pneus de Tração (Drive): Para os eixos de tração, com blocos e sulcos mais robustos para garantir aderência e força. Essenciais para a movimentação do veículo.
  • Pneus Livres (Trailer/Free Rolling): Para eixos de reboques e semirreboques, focados em baixa resistência ao rolamento e durabilidade.
  • Pneus Misto (All-Position): Podem ser usados em qualquer posição, mas são mais comuns em frotas menores ou em eixos livres.

Tipos de recapagem

A recapagem é o processo de substituição da banda de rodagem desgastada por uma nova, aproveitando a carcaça do pneu. É uma prática sustentável e economicamente vantajosa, que pode estender a vida útil do pneu em até 70% do custo de um pneu novo. Existem dois métodos principais:

  • Recapagem a Frio (Pré-moldada): A banda de rodagem já vem pré-moldada com o desenho dos sulcos e é aplicada à carcaça com uma camada de borracha de ligação. O conjunto é vulcanizado em autoclaves a temperaturas mais baixas. É o método mais comum e indicado para pneus radiais, preservando melhor a carcaça.
  • Recapagem a Quente (Moldada): A borracha é aplicada na carcaça e o desenho dos sulcos é moldado durante o processo de vulcanização em prensas a altas temperaturas. Mais comum em pneus diagonais ou em aplicações específicas.

Vida útil do pneu e da carcaça: Maximizando o investimento

A vida útil de um pneu de caminhão pode variar enormemente, dependendo de fatores como tipo de pneu, condições da estrada, carga, manutenção e estilo de condução. Em média, um pneu novo pode rodar entre 80.000 e 150.000 km. No entanto, com uma gestão eficiente e a recapagem, a vida útil total de um pneu (considerando a carcaça) pode chegar a 500.000 km ou mais.

  • Vida útil do pneu: Refere-se ao período em que a banda de rodagem original do pneu pode ser utilizada até atingir o limite legal de desgaste (Tread Wear Indicator – TWI) ou apresentar danos que inviabilizem seu uso seguro.
  • Vida útil da carcaça: A carcaça é a estrutura interna do pneu, responsável por sua resistência e capacidade de suportar carga. É o componente mais valioso do pneu e o que permite múltiplas recapagens. Uma carcaça de boa qualidade, bem cuidada e sem danos estruturais, pode ser recapada de 2 a 3 vezes, e em alguns casos, até mais, dependendo do fabricante e da aplicação. A inspeção rigorosa da carcaça antes de cada recapagem é fundamental para garantir a segurança e a viabilidade do processo.

Exemplos inspiradores: Transportadoras que transformaram a gestão de pneus

O sucesso na gestão de pneus não é teoria; é prática. Muitas transportadoras brasileiras têm se destacado por implementar programas eficientes que geram resultados expressivos. Embora nomes específicos e dados detalhados de cada empresa sejam frequentemente confidenciais, os princípios por trás de seus sucessos são universais e inspiradores:

  • Adoção de tecnologia: Empresas líderes utilizam softwares de gestão de frotas que incluem módulos específicos para pneus. Esses sistemas permitem registrar cada pneu, controlar sua vida útil, agendar manutenções (calibragem, rodízio, alinhamento), monitorar o desempenho por eixo e por veículo, e gerar relatórios detalhados. Isso transforma a gestão de pneus de uma tarefa manual e reativa em um processo proativo e baseado em dados.
  • Treinamento de equipes: Investir no treinamento de motoristas e mecânicos é crucial. Motoristas bem treinados praticam a direção econômica, evitam sobrecargas e realizam inspeções diárias. Mecânicos capacitados garantem a correta montagem, calibragem, alinhamento e balanceamento, além de identificar problemas precocemente.
  • Parcerias estratégicas: Muitas transportadoras estabelecem parcerias de longo prazo com fabricantes de pneus e recapadoras de confiança. Essas parcerias garantem acesso a produtos de qualidade, serviços especializados e consultoria técnica, otimizando o desempenho e a vida útil dos pneus.
  • Cultura de manutenção preventiva: A gestão de pneus é integrada à cultura de manutenção preventiva da frota. Não se espera o problema acontecer; ele é antecipado. Isso inclui inspeções regulares, manutenção rigorosa dos veículos e atenção constante aos indicadores de desgaste.
  • Foco na carcaça: As empresas de sucesso veem a carcaça como o ativo mais valioso do pneu. Elas investem em pneus de qualidade superior desde o início, pois sabem que uma carcaça robusta e bem cuidada é a chave para múltiplas recapagens e, consequentemente, para a redução significativa dos custos a longo prazo.

A gestão eficiente de pneus é muito mais do que uma tarefa operacional; é uma estratégia de negócio que impacta diretamente a rentabilidade, a segurança e a sustentabilidade de qualquer transportadora. Ao adotar as práticas corretas, investir em tecnologia e capacitação, e ver o pneu como um ativo estratégico, as empresas podem não apenas reduzir custos, mas também impulsionar sua eficiência operacional e construir uma reputação de excelência no mercado.

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