União de operação ferroviária em contêineres à cabotagem fomenta o comércio entre as regiões
Roberto Hunoff
Foto Divulgação
Os estados da Região Nordeste vêm sendo conectados ao Centro-Oeste, especialmente Mato Grosso, por operações multimodais que envolvem a movimentação de cargas por trens, navios e caminhões. Contêineres carregados com produtos como sal, agroquímicos, vidros, baterias para veículos e outros saem de indústrias no Nordeste e chegam até o terminal de Rondonópolis (MT) após percorrerem trechos curtos pela rodovia, longas distâncias em navios e trajetos médios pela ferrovia, aproveitando da melhor forma a vocação de cada modal.
A movimentação de cargas pela Brado com essa combinação triplicou entre 2021 e 2022, saltando de 180 para 740 contêineres transportados. O resultado demonstra a competitividade da solução do ponto de vista logístico. “A geografia e distribuição da população no Brasil favorecem a combinação desses modais. Os navios percorrem o litoral, que tem maior concentração de indústrias, enquanto os trens e caminhões distribuem a carga para o interior”, explica Pedro Takahashi, especialista de inteligência de mercado da empresa. “Além de mais econômicas, a ferrovia e a cabotagem são formas mais eficientes, seguras e sustentáveis de movimentar grandes volumes”, completa.
A Brado acompanha a dinâmica do mercado, oferecendo aos clientes soluções exclusivas e adaptadas a cada negócio. “Cada carga tem suas particularidades e desenvolvemos as melhores soluções para atendê-las”, afirma Takahashi.
As cargas produzidas nas principais regiões industrializadas do Nordeste normalmente são transportadas em contêineres de 40 pés e saem principalmente dos portos de Pecém (CE), Suape (PE) e Salvador (BA). Os navios percorrem a costa brasileira até o Porto de Santos (SP).
De Santos, novamente em caminhões, os contêineres seguem até Cubatão (SP), onde são transferidos para o trem. Percorrem 1.544 quilômetros pela ferrovia e chegam ao terminal da Brado, em Rondonópolis (MT). Na última etapa, as cargas são distribuídas por caminhões para as cidades da Região Centro-Oeste.
Logística reversa
No caminho inverso, a operação leva insumos do Mato Grosso para o Nordeste, realimentando o processo de industrialização. “Esse aproveitamento da rota oposta otimiza os ativos e torna a solução mais eficiente”, afirma o gerente comercial Thiago Estevam.
Conforme o executivo, a intenção da empresa é ampliar a gama de produtos e atender outros mercados. “Um exemplo é a pluma de algodão, que pode sair das algodoeiras de Mato Grosso para abastecer os estados da Região Nordeste. Além de mais competitiva, essa operação garante a regularidade da entrega, considerando a constância dos transportes marítimo e ferroviário”, afirma.
A navegação entre os portos brasileiros está crescendo em ritmo acelerado. Dados da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) mostram aumento de 150% de 2012 a 2022, pulando de 7,1 para 18,1 milhões de toneladas transportadas nos mais de 8 mil quilômetros da costa brasileira. Nesse período foram adquiridas 20 embarcações, com um investimento de RS 3,5 bilhões, conforme a Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem.
Em geral, a operação multimodal começa na área portuária, de onde o caminhão sai com o contêiner vazio e vai até a planta do cliente, seja produtor ou indústria. O produto é então carregado e o caminhão volta ao porto para a transferência do contêiner ao navio. Em outros casos, a carga é levada da planta do cliente em caminhões comuns e a transferência para o contêiner é feita na região portuária. A Brado tem estrutura própria composta por 20 locomotivas, mais de 5 mil contêineres e 2,2 mil vagões, equipamentos, armazéns e terminais, complementadas por meio de parcerias estratégicas nos principais centros de consumo do país.