Retorno da cobrança do PIS e da COFINS sobre o diesel repercutirá em novos aumentos no preço do combustível até o final do ano
Redação TranspoData
Foto Pixabay, Divulgação
Após a atividade econômica do Brasil crescer 1,8% no primeiro trimestre de 2023, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou o crescimento de 0,9% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre, a oitava alta consecutiva. Os números mostram forte expansão no setor da agropecuária, mas também desempenho positivo em outros setores, como o de serviços (0,6%), que sozinho representa cerca de 70% do PIB, mesmo após turbulência, além da indústria (0,9%).
De acordo com Raquel Serini, economista e coordenadora de projetos do Instituto Paulista do Transporte de Carga (IPTC), apesar de o PIB também acompanhar essa tendência de alta para 2024, elevando as expectativas dos analistas, outros indicadores do mercado apresentam instabilidade, como investimentos estrangeiros, câmbio e balança comercial. O primeiro semestre de 2023 foi desafiador às principais economias mundiais. Contudo, de maneira geral, o cenário atual sinaliza uma alteração nas perspectivas econômicas brasileiras no sentido de maior crescimento e com menores taxas de inflação.
No entanto, isso não deve perdurar até o final do ano, já que a estimativa do mercado é de elevação da inflação para 2024. “Quanto maior a inflação, menor é o poder de compra das famílias, principalmente das que recebem salários menores, pois os preços dos produtos aumentam sem que o salário acompanhe esse crescimento”, analisa a economista.
Houve nos últimos tempos uma alta de oscilações na precificação, principalmente de combustíveis, e analistas atentam-se aos desafios impostos a setores de atividade-meio. Um dos ramos que tem sentido maior impacto é o de transporte rodoviário de cargas, pois as oscilações nos preços dos diesel têm disparado nos últimos dias. “Mesmo o setor se mostrando muito resiliente frente às adversidades, acredito que as questões de conjuntura econômica são importantes, mas não tão relevantes quanto as que o setor enfrenta nos âmbitos político e regulatório, os quais movimentaram o mercado recentemente. É um somatório ruim de acontecimentos para o segmento, mas de qualquer forma devem se ajustar com o tempo, adequando a gestão, o planejamento e os custos para superar mais essa fase desafiadora”, enfatiza.
Nos últimos 20 meses, o diesel se comportou de maneira muito instável e cíclica devido à nova política de preços e à saúde financeira da Petrobras. O combustível é insumo essencial para exercer a atividade no transporte e o operador precisaria de maior previsibilidade nos preços do diesel para ser possível estabelecer um horizonte estratégico de investimentos em empresas. Em dezembro de 2020, os preços começaram a subir exponencialmente, atingindo o ápice em julho de 2022, quando foi comercializado nos postos a R$ 7,51 o litro, acumulando alta de 102,1%.
Desde agosto de 2022, o comportamento é de queda, mas que nem de longe supera os aumentos ao longo desse período. Em janeiro de 2023, por exemplo, o preço médio do diesel S10 foi de R$ 6,38 o litro, uma diferença de R$ 1,13 a menos comparado ao seu período de pico, e desde então veio caindo até maio de 2023.
Agora, o comportamento da curva vem se modificando, apresentando uma tendência de alta desde agosto de 2023, acumulando 10,4%. “Com a volta antecipada da tributação federal, por meio do PIS e da COFINS, sobre o diesel para compensar a redução nos valores de veículos zero-quilômetro via programa da União, o preço do combustível deve aumentar em R$ 0,1024 o litro. Significa que podemos esperar uma nova onda de aumentos até o final do ano, o que traz reflexos muitas vezes imediatos no caixa das empresas transportadoras”, alerta.