Trajeto entre Santos e Paulínia reforça viabilidade técnica de modais elétricos na logística nacional
Redação TranspoData
Foto Syngenta, Divulgação
Pela primeira vez no Brasil, um caminhão 100% elétrico percorreu mais de 250 quilômetros transportando 27 toneladas de carga, entre o Porto de Santos e a cidade de Paulínia (SP). A operação marcou um avanço simbólico na tentativa de reduzir as emissões do setor logístico.
O trajeto incluiu a subida da Serra da Anchieta, considerada um dos pontos mais desafiadores para veículos pesados. O caminhão, modelo Electric Tractor SE 437, da fabricante Sany Irmen, foi utilizado em uma operação conjunta entre a Syngenta e a transportadora Gelog, parceira da companhia há mais de 20 anos.
Embora o mercado de veículos elétricos tenha registrado crescimento de 89% no primeiro semestre de 2025, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, a maior parte das vendas ainda está concentrada em modelos leves e médios. A utilização de um caminhão articulado em rota de alta complexidade é vista como um passo inédito para a chamada logística verde no Brasil, segmento que deve movimentar US$ 61 bilhões até 2030, de acordo com a consultoria Grand View Research. “A experiência reforça nossa ambição de tornar a logística mais sustentável, unindo tecnologia, eficiência e responsabilidade ambiental”, afirmou Alessandra Gamero, diretora de logística integrada da Syngenta.
Para Ronaldo Vaciloto, gerente de transporte da Syngenta, o teste mostrou que performance e descarbonização podem caminhar juntas mesmo em trechos complexos. “O Brasil tem ainda a vantagem de contar com uma matriz elétrica majoritariamente renovável, o que amplia o impacto positivo desse tipo de operação”, disse.
O transporte também está alinhado às metas globais de ESG da Syngenta, que prevê reduzir em 38% as emissões de CO2 até 2030. A Gelog, responsável pela aquisição do veículo, vê a iniciativa como parte de um processo de transformação do setor. “Investir em soluções inovadoras é essencial para acelerar a descarbonização do transporte de cargas no país”, afirmou Adriano Fajardo, diretor da empresa de logística.
O mercado de caminhões elétricos no Brasil deve crescer 25,6% ao ano entre 2025 e 2031, segundo levantamento da Fenatac/Gigantes Elétricos. Especialistas apontam que operações pioneiras, como a de Santos a Paulínia, funcionam como vitrine para a adoção em larga escala da tecnologia, que pode gerar redução de até 76,5% nos custos operacionais em comparação aos modelos a diesel.