Quedas de barreira, erosões na pista, buracos grandes, pontes caídas e pontes estreitas são os problemas mais graves apontados em publicações da Confederação Nacional do Transporte
Roberto Hunoff
Crédito: CNT, Divulgação, Banco de Dados
No ano passado foram registrados 2.610 pontos críticos nas rodovias brasileiras. São problemas na infraestrutura que interferem na fluidez dos veículos, oferecendo riscos à segurança dos usuários, aumentando, de forma significativa, a possibilidade de acidentes e gerando custos adicionais ao transporte. Esse quantitativo é 50% maior do que o identificado em 2021, quando foram apuradas 1.739 ocorrências. Os problemas se concentram, majoritariamente, em rodovias sob gestão pública.
A constatação faz parte da publicação Transporte Rodoviário – Os Pontos Críticos nas Rodovias Brasileiras, lançada pela Confederação Nacional do Transporte (CNT) nesta terça-feira (17/01). O estudo, que traz a série histórica dos pontos críticos identificados na Pesquisa CNT de Rodovias de 2012 a 2021, é complementado por uma edição do Radar CNT do Transporte, com a atualização dos dados relativos a 2022.
Os dados das publicações são disponibilizados também no Painel CNT dos Pontos Críticos, apresentação dinâmica interativa de informações acerca da localização, quantidade, tipo e densidade de pontos críticos registrados nas rodovias federais e estaduais do país, bem como suas condições de sinalização e fotos das ocorrências. Essas informações podem ser agrupadas por unidade da federação e por ano.
A série histórica apresentada nas publicações evidencia o panorama da degradação da malha rodoviária brasileira: em 2012, o usuário encontrava, em média, um ponto crítico a cada 372,4 quilômetros percorridos; em 2022, passou a se deparar com uma ocorrência a cada 44 quilômetros. Em relação à quantidade de pontos críticos no ano passado, Minas Gerais foi o estado que mais se destacou quanto a quedas de barreira (123) e erosões na pista (182). Já o Pará teve o maior registro de buracos grandes (291).
Em geral, as rodovias estaduais públicas destacaram-se negativamente quanto à densidade de pontos críticos. Em 2021, por exemplo, se sobressaíram as rodovias CE-183, PA-447 e MA-303, com, respectivamente, 4,83, 4,29 e 3,23 pontos críticos a cada 10 quilômetros pesquisados – todos com ocorrências de buracos grandes.
Além da série histórica, a CNT ainda apresenta, no estudo, as características e causas do surgimento dos pontos críticos, bem como as ações necessárias para solucioná-los, que contemplam medidas emergenciais a serem adotadas quando surge um ponto crítico e orientações gerais de como corrigi-lo. Para a resolução dos pontos críticos identificados em 2021, foi estimado o investimento de R$ 1,8 bilhão, com a maior parte destinada às intervenções em segmentos com buracos grandes. Para solucionar o quantitativo de 2022, o montante aumentou para R$ 5,2 bilhões, o que representa cerca de 28% de todo o recurso destinado ao então Ministério da Infraestrutura, estimado na Lei Orçamentária Anual de 2023.
A CNT defende que sejam empreendidos maiores esforços na priorização dos investimentos na resolução dos pontos críticos, diante de seus significativos impactos na fluidez do trânsito e na segurança dos usuários. Na avaliação da entidade, gerir e monitorar as rodovias, o que vai além da conservação da infraestrutura, traz reflexos positivos para a sociedade, pois o investimento na prevenção e ou na correção imediata de um problema, em geral, é menor do que os custos gerados por ele para a sociedade.