Com quase 10 mil caminhões vendidos em dezembro do ano passado, podemos afirmar, no balanço geral, que 2020 não foi um ano tão ruim para o setor como todos esperavam. A queda foi de apenas 11,5% em relação às vendas de 2019. E a recuperação chegou mais acelerada do que o previsto.

Soma-se a isso que janeiro deste ano começou na mesma tocada acelerada. Foram emplacados 7,5 mil caminhões neste primeiro mês do ano contra 7,3 mil em janeiro do ano passado (quando só se ouvia falar de Covid-19 causando problemas em Wuhan, na China).
O mercado de caminhões vem sim crescendo e o ritmo só não é mais acelerado porque as montadoras não estão dando conta da demanda. Há problema de falta de peças, componentes e insumos em geral. E como a pandemia ainda não foi debelada (isso vai levar ainda alguns meses deste ano) a produção segue em ritmo lento para preservar a saúde de todos os trabalhadores.

Tudo agora vai depender de ação e iniciativa do governo federal no sentido de acelerar o processo de imunização por meio de vacinas. Como de hábito, estamos preocupantemente atrasados quando comparamos nosso ritmo de vacinação com o dos países desenvolvidos. Mas o lado positivo dessa história é retratado em números de vendas de caminhões desde julho do ano passado: na média, 9 mil caminhões por mês.
Na matéria de capa desta edição, por exemplo, mostramos que, a despeito dos percalços do ano passado, grandes vendas foram realizadas pelas montadoras. Os frotistas foram às compras porque precisam diminuir a idade média dos caminhões na ativa sob pena de perder contratos e amargar prejuízos.

Há, também, a preocupação com a nova legislação ambiental que o governo promete colocar em vigor no início do próximo ano quando os caminhões terão que sair de fábrica com motorização respeitando as normas de emissão hoje válidas na Europa, a Euro 6.
Inescapavelmente esse upgrade técnico vai exigir reajustes pesados nos preços. Podemos esperar valores 20% superiores aos praticados hoje. Neste ano, com pressão da demanda e nova tentativa de driblar os pesados reajustes de 2021, vai ter nova corrida às compras. A diferença é que, possivelmente, pelo andar da carruagem, as montadoras não consigam responder a essa pressão como conseguiram em 2011, ano que antecedeu a Euro 5 no Brasil.

Os próximos meses serão de fortes emoções neste nosso setor. Para dar mais adrenalina, entra em cena, neste momento, outra tendência que pode ser um divisor de águas no negócio de transporte rodoviário de carga: a locação de caminhões. Não é por acaso que a maior venda realizada no ano passado, aliás, um negócio que bateu recorde histórico, tenha sido exatamente para uma empresa que vai atuar exclusivamente neste nicho no País.

Rinaldo Machado
Diretor Geral da TranspoData

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