Avaliação de lideranças é que mercado começa a ser adequar aos novos valores decorrentes da tecnologia Euro 6
Roberto Hunoff
Foto Divulgação, Banco de Imagens
Ainda que julho tenha apresentado alta de 5% sobre junho nas vendas de caminhões, o mercado segue em baixa quando comparado com o ano passado. De acordo com a Fenabrave, foram licenciadas 8.109 unidades, recuo de 28,4% sobre julho de 2022 e de 14,8% no acumulado de sete meses. De janeiro a julho, o mercado absorveu 58.460 caminhões.
Na avaliação do presidente da entidade, Andreta Jr., o mercado, aos poucos, começa a se adequar à introdução do Euro 6. “Os fabricantes e os compradores dos veículos estão se ajustando à nova realidade de valores que a tecnologia implica, mas pode-se afirmar que o Euro 6 já começa a se consolidar no país, especialmente, por conta de um cenário um pouco melhor para o crédito no segmento”, analisa.
Ele lembra já ser possível encontrar financiamentos com a TFB (taxa fixa do BNDES) com juros entre 1,18% e 1,21% ao mês. Também enfatiza que alguns transportadores, ainda que de forma incipiente, começam a utilizar os recursos das medidas provisórias para renovação das frotas.
O segmento de ônibus, por sua vez, que vinha em curva ascendente, deu uma freada. As 1.763 unidades emplacadas em julho representaram recuo de 15,7% sobre junho, mas elevação de 14,2% em relação ao sétimo mês de 2022. O acumulado é de 15.182 chassis emplacados, acréscimo de 41% sobre igual período do ano passado.
Para o presidente da Fenabrave, a forte oscilação de julho não muda o cenário de recuperação no ano. “Por se tratar de um segmento de volumes mais baixos, pequenas diferenças, em unidades, aparecem como grandes saltos ou quedas percentuais. Enxergamos o mercado de ônibus em um processo contínuo de recuperação, tanto que ele está positivo no ano. Os programas governamentais de transporte público, como o Caminho da Escola, colaboram para a recuperação deste mercado e prometem colaborar para a retomada do segmento”, projeta.
A estabilidade tem sido marca registrada da indústria de implementos rodoviários neste ano. O setor entregou 7.316 unidades em julho, alta de 0,18% sobre igual mês de 2022, e recuo de 0,10% em relação a junho. No acumulado do ano são 49.412 emplacamentos, incremento de 3,9%. “Como a mudança de tecnologia para o Euro 6 atingiu apenas caminhões, os emplacamentos de implementos rodoviários têm seguido o fluxo natural de renovação de equipamentos e frota dos transportadores”, analisa Andreta Jr.
Os descontos tributários patrocinados pelo governo mantiveram as vendas aquecidas para automóveis e comerciais leves, com o registro de volume recorde de emplacamentos no ano. Os modelos comerciais acumulam, em sete meses, alta de 19%, com total de 240.042 unidades vendidas. Julho, com 38.969 registros, avançou 3,4% sobre junho e 16,1% em relação ao sétimo mês de 2022.
Os automóveis somaram 176.742 unidades vendidas, altas de 30,4% sobre julho do ano passado e 24,5% em relação a junho. Em sete meses, são 910.171 emplacamentos, alta de 11,2%. “O sucesso das medidas provisórias é inquestionável para estes segmentos, principalmente para os veículos flex aspirados de entrada, que formaram a grande maioria das negociações, dando acesso a um consumidor que não alcançava um veículo zero quilômetro. A partir de agora é preciso encontrar formas para manter este mercado aquecido, e o crédito é um dos principais desafios”, estima o dirigente.
O mercado de motos se mantém aquecido, muito pelo fato de o veículo ter se consolidado como uma grande ferramenta de mobilidade e instrumento de trabalho. O setor entregou, em julho, 123.051 unidades, alta de 14,3% sobre igual mês de 2022, mas recuo de 12,3% em relação a junho. Em sete foram vendidas 902.781 motos, incremento de 21,3%. “O grande desafio, principalmente, para motos de até 250 cilindradas, é a seletividade do crédito, que acabou afetando os resultados do mês de julho. Caso tivéssemos um cenário de maior oferta de crédito para financiamentos, teríamos dados positivos e perspectivas ainda melhores para o ano”, afirma o presidente.
Apesar da alta nas vendas em junho sobre maio, o mercado de equipamentos e máquinas agrícolas segue em retração acumulada no primeiro semestre. “Os valores das commodities, especialmente, as cotadas em dólar, caíram recentemente, o que diminui o ritmo dos novos negócios. Apesar de os fabricantes terem ajustado o preço dos equipamentos para baixo, os novos negócios ainda estão abaixo das expectativas. Como o Plano Safra foi lançado apenas na última semana de junho, ainda não foi possível captar a reação dos produtores”, afirma.
Na soma de todos os segmentos automotivos, julho registrou 367.192 unidades emplacadas, acréscimo de 5,4% sobre junho e de 19,3% sobre o sétimo mês de 2022. No acumulado do ano, a elevação chegou a quase 15%, totalizando mais de 2,2 milhões de emplacamentos. “Se avaliarmos apenas o acumulado de automóveis e comerciais leves, veremos que este foi o melhor volume desde 2019, antes da pandemia”, destacou Andreta Jr.