O agronegócio é definido por Norberto Fabris, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Rodoviários (ANFIR), como a maior fonte de receita para as empresas do setor no segmento de veículos rebocados. Ele estima em 50% a participação da atividade no total de vendas de reboques e semirreboques, que formam a linha de pesados. Nos produtos leves, de carroceria sobre chassi, a aplicação é menor, mas nem por isso deixa de ser significativa, pois faz chegar aos centros consumidores os principais produtos alimentícios.

Os modelos graneleiro, carga geral, basculantes e canavieiro são os mais usados no transporte de grãos, principalmente para exportação, fertilizantes e cana de açúcar. Também tem boa penetração a família de tanques para o transporte de álcool. Outras alternativas são os implementos frigoríficos, florestal e carrega-tudo.

No desenvolvimento de novos produtos, as empresas têm priorizado equipamentos mais leves para ganhos em produtividade para o transportador, segurança da operação e do trânsito, facilidade de condução, nível de automação e conforto para o motorista, como na troca de rodas e no momento de desatrelar o implemento do caminhão. Fabris destaca que, na Fenatran de 2019, a maioria dos lançamentos trouxe novidades alinhadas com estes aspectos.

Expectativas frustradas

De acordo com o presidente da ANFIR, Norberto Fabris, o ano de 2019 foi de plena recuperação no segmento de veículos pesados e, no de leves, mais tímida, porém consistente. A expectativa para 2020 era de crescer 10%, o que foi inviabilizado pela crise provocada pelo novo coronavírus. “Tudo parou e agora só temos incertezas, por enquanto”, lamentou. Para o CEO da Librelato, José Carlos Sprícigo, o momento atual trará consequências duras, mas vislumbra, já no curto prazo, recuperação forte de mercado.

A expectativa da diretoria da Randon Implementos para 2020 era que o agronegócio cedesse espaço para a recuperação de segmentos ainda adormecidos no país, como construção, mineração e a indústria. Entretanto, mesmo antes do advento da Covid-19, percebeu que o agronegócio dominaria o ano, com potencial de crescimento, comprovado com a recente divulgação da safra recorde do país, da movimentação intensa de grãos e da rentabilidade trazida pela elevação cambial. Para o conglomerado, os principais desafios do agronegócio estão ligados com a manutenção do patamar alcançado mundialmente, precisando superar o cenário de crise advindo do coronavírus, definido como um passo largo na desestabilização já existente, num cenário de desaceleração da economia mundial que já se apresentava e da disputa comercial entre Estados Unidos e China.

Introdução de diferenciais

Em torno de 53% da receita da Librelato tem origem na venda de implementos para o agronegócio. O CEO da empresa, José Carlos Sprícigo, assinala que ao longo dos últimos o ganho de importância da atividade é visível não apenas no transporte, mas em toda a economia nacional. “O setor é responsável por mais de 43% das exportações do Brasil e mais de 20% do total do PIB do país”, reforça. No portfólio de soluções da Librelato, os produtos de maior aplicação no agronegócio são os semirreboques basculantes e graneleiros nas configurações rodotrem e bitrenzão, dentre outros vários tamanhos, e os modelos florestal e canavieiro.

Embora tenha feito vários lançamentos na Fenatran de 2019, como a tecnologia PRÓ-NIO, a Librelato tem projetos em andamento, que devem ser apresentados no segundo semestre deste ano. “Acreditamos que temos condições de avançar com soluções para o setor”, sustenta. Segundo Sprícigo, os protótipos estão rodando desde o segundo semestre de 2019, em vários tipos de terrenos, especialmente em condições severas em diferentes regiões.

Resultado de trabalho de pesquisa e desenvolvimento conjunto entre as engenharias da Librelato, SSAB E CBMM, a tecnologia PRÓ-NIO tem foco na linha graneleira. O principal benefício, de acordo com Sprícigo, é de aumentar a carga líquida transportada a partir da redução da tara do implemento. “São 780 quilos a mais de capacidade de carga a partir desta nova tecnologia. Utilizamos aços estruturais de alta resistência contendo nióbio em sua composição, o que torna a liga mais resistente em relação aos aços comuns. Essa condição é essencial para o desenvolvimento de implementos mais robustos e leves, permitindo, como decorrência, maior rentabilidade ao transportador”, afirma.

Outra novidade é o semirreboque basculante Premium 2.0, com engate por quinta roda. De acordo com a empresa, ao utilizar aço de ultra resistência na construção da caixa de carga, altamente resistente a abrasão e impactos, a vida útil é de até três vezes maior em comparação ao aço tradicional. Também foi ampliado de 28 para 40 graus o ângulo de basculamento do semirreboque dianteiro em relação aos modelos disponíveis no mercado. “A limitação no ângulo de basculamento era determinante para uma maior aceitação do produto no mercado, pois inviabilizava o escoamento de alguns materiais específicos. Agora, é possível fazer a descarga de qualquer tipo de produto”, acrescenta o CEO.

Sprícigo cita que a Librelato é uma das poucas empresas do setor de implementos do Brasil a utilizar em rodotrens o acoplamento do dolly por meio de quinta roda. Diferente do sistema com engate esférico, o mecanismo dispensa a necessidade de uma segunda pessoa, além do motorista, para engate e desengate da composição nas operações de transporte. Também estabelece a distribuição uniforme de pesos e forças radiais, que incidem sobre uma superfície plana e não apenas sobre o pino esférico. A solução passou a equipar graneleiros e basculantes da marca desde o ano passado e, em apenas três meses, representava de 80% a 90% das vendas desse modelo.

Para a área florestal, a marca desenvolveu uma nova linha de fueiros, a Wood King. Com capacidades de seis, nove e 12 toneladas, usa aço de alta resistência, que aumenta a robustez e contribui na redução de peso. O desenvolvimento permitiu até 30% de redução de tara em relação aos fueiros anteriores da marca. “Em uma configuração de quatro fueiros por semirreboque e, considerando uma composição de tritrem, obtivemos ganho em torno de uma tonelada”, observa o executivo.

Portfólio renovado

 A Randon Implementos tem no agronegócio em torno de 60% do seu volume de negócios. Em ordem de relação e interdependência com o agronegócio estão as famílias de implementos graneleiros, basculantes, frigoríficos, canavieiros, florestais e carrega-tudo. Soma-se o setor ferroviário, basicamente influenciado pelo agronegócio.

A companhia renovou completamente o portfólio das famílias de implementos, atingindo índices superiores a 80% na receita de produtos provenientes de lançamentos dos últimos cinco anos. Dentre as principais soluções adotadas foram a redução de tara dos equipamentos e nos custos de operação, facilidade de manutenção e ampliação de durabilidade e vida útil dos produtos.

Para 2020, a Randon tem dois produtos em destaque para o setor do agronegócio, ambos lançados na Fenatran e que brevemente estarão no mercado. Na família de graneleiros, as novidades estão no chassi e na caixa de carga. Um dos principais ganhos foi a redução de aproximadamente 500 kg de peso.

Na configuração standard, foram introduzidas melhorias solicitadas pelos clientes. A caixa de carga passou por design review, que resultou numa frontal plana, novo sistema de fechamento e abertura do tombador traseiro e alteração da distância entre os tira-finos. No chassi foi ampliada a resistência e vida útil da estrutura, com reposicionamento de opcionais e acessórios, como caixa de rancho e protetores laterais. O para-choque escamoteável tem perfil tubular sem solda, mais leve, ergonômico e silencioso, atendendo às exigências da legislação, com uma geometria que protege o adesivo refletivo.

Outro diferencial é a terceira geração do painel Ecoplate, lançado em 2015 e que já está presente em mais de 70 mil semirreboques e venda de 1,5 milhão de unidades. O conceito combina vantagens das duas versões anteriores para propor redução de peso: estrutura em alumínio nas tampas do painel lateral da caixa de carga, revestimento com menor espessura e resistência elevada e assoalho em alumínio. Conta, ainda, com novo sistema de vedação, que confere melhor operacionalidade de abertura e fechamento e maior durabilidade.

O novo dolly modular vem com novo design, cambão rebaixado, estrutura tubular que evita o acúmulo de grãos na descarga e traz um conceito inovador na montagem do chassi. O projeto permite a utilização do mesmo chassi em todas as famílias de produto. Mudando o cambão, a modularidade atende aos diversos comprimentos de combinações e modelos de rodotrem, que se unem por engate esférico ou pino-rei.

O pino-rei vem combinado a outra novidade no portfólio da Randon. Agora, a empresa oferece conjuntos rodotrem com acoplamento por quinta roda entre o semirreboque dianteiro e o cambão do dolly. A quinta roda Jost com placas poliméricas alia menor impacto ao meio ambiente, maior durabilidade ao produto e facilidade na manutenção. Como resultado, o novo dolly permite 250 quilos a mais de carga líquida transportada.

Expectativas promissoras

 Os implementos destinados ao agronegócio são o principal mercado de atuação da Noma, fabricante do Paraná, representando mais de 50% do faturamento total. De acordo com Viviane Tomaz, gerente de marketing da marca, o mercado tem se mostrado crescente. “O agronegócio continua ativo e trabalhando fortemente mesmo em meio às paralisações provocadas pela pandemia. Temos boas expectativas para os próximos meses nas famílias voltadas ao transporte de grãos”, afirma.
As linhas graneleiro e basculante são os produtos de maior presença no segmento. Em 2019, a empresa lançou a Geração Titanium, concebida para oferecer um produto mais leve e resistente, permitindo ao transportador ter o equipamento mais tempo rodando. Embora a geração tenha se consolidado com resultados efetivos em campo, a empresa já trabalha em novidades. “A busca por inovação é contínua. Por isso, permanecemos em busca de um produto cada vez mais leve, resistente e de maior disponibilidade para a operação”, confirma.

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